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Luciano Pires -

Todo mundo no mesmo barco, debaixo de uma tempestade como poucas vezes vimos, cara! Se cada um remar para um lado, vamos afundar juntos. Mas tem gente que insiste em usar o remo para bater na cabeça do outro remador. Eu me pergunto onde vamos chegar…se é que vamos chegar.

Posso entrar?

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite. Este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires.

Este programa chega até você com o apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera que, como sempre, estão aí, a um clique de distância. facebook.com/itaucultural e facebook.com/auditorioibirapuera.

E quem vai levar o exemplar de meu livro ME ENGANA QUE EU GOSTO é o Vagner, de Curitiba

“Fala Luciano! Meu nome é Wagner, eu sou de Curitiba, eu sou fundador de uma empresa chamada Já entendi, a gente trabalha com educação pra base da pirâmide através de vídeo aulas. Eu acabei de escutar o teu podcast sobre amizades desfeitas por causa da política e que se aquilo foi desfeito realmente não era amizade e também uma coisa que chamou muito a atenção foi sobre as tuas amizades que foram desfeitas por outros motivos. Eu tinha um amigo meu que tem uma empresa e acabou chamando ele pra trabalhar no meu escritório, a gente teve uma amizade aí por um, dois anos, não foi muito tempo, mas foi bem intensa, a gente trabalhou muito, tentou se ajudar muito, só que ele tinha uma coisa que ele só queria se ajudar, ele não queria ajudar aos outros, mas queria que todo mundo em volta dele se ajudasse. E isso me incomodou por muito tempo mas eu fui levando, porque parecia que a amizade tinha outros propósitos. Até que ele tentou roubar um funcionário meu. Aí foi o equivalente ao teu sócio que mentia pra você. Eu me senti muito traído e falei não, não é esse tipo de amizade que eu quero, isso não é amizade, pra começar e a gente desfez essa amizade, unilateralmente no caso, eu desfiz ele tentou correr atrás, mas eu vi que não era a amizade que eu queria. Por outro lado, eu tenho um amigo meu que a gente discorda muito na política e ele sempre faz uns posts muito bons no Facebook e daí eu fui um dia na casa dele e eu não conhecia a irmã dele pessoalmente, só por troca de mensagens no Facebook, ali nos comentários dos posts dele e ela falou: ah! Você que é o Wagner? Aquele que discorda do meu irmão, mas sempre com educação? Eu acho que eu gostei muito dessa… desse título que ela me deu, é isso que eu tento fazer, eu gosto muito de ver os posts dele porque a gente sempre discorda, mas com muita educação e assim como eu uso o Café Brasil para ter um outro lado, ter uma visão mais clara sobre algumas coisas, eu também uso os posts dele pra ver um outro lado, ver algumas coisas que eu não enxergava. Abraço Luciano, parabéns pelo programa”.

Obrigado pelo comentário, caro Vagner. Fui dar uma olhada no jaentendi.com.br e adorei a proposta de vocês. Muito bem, a ideia de popularizar o conhecimento é a alma de qualquer intenção de fazer este país crescer. Parabéns. E essa de estimular o lado direito do cérebro então… Parece Café Brasil, cara! Bom, tá feito o jabá! E sem cobrar nada! Olha: jaentendi.com.br.

E hoje vamos nessa linha do ver o outro lado, essa que o Vagner comentou.

Muito bem. O Vagner receberá um KIT DKT, recheado de produtos PRUDENCE, como géis lubrificantes e preservativos masculino e feminino. PRUDENCE é a marca dos produtos que a DKT distribui como parte de sua missão para conter as doenças sexualmente transmissíveis e contribuir para o controle da natalidade.  O que a DKT faz é marketing social e você contribui quando usa produtos Prudence. facebook.com/dktbrasil.

Vamos lá então! Lalá, vem aqui. Eu vou fazer o bordão da Prudence aqui mas hoje é um dia especial. Hoje… eu não gosto de botar data no podcast pra ele não ficar velho, mas hoje é especial. Hoje é o dia 13 de maio de 2016. Há exatamente onze anos, no dia 13 de maio de 2005 que também era uma sexta feira 13, nascia o programa Café Brasil na Rádio Mundial, foi a primeira vez que ele foi ao ar.

Lalá: Era feito ao vivo, né.

Luciano – Era feito ao vivo na época, não tinha o Lalá ainda. Então eu botei aqui nesse pedacinho porque nós vamos falar aqui da Prudence e ela ajudou a gente de montão nesse período, desde que entrou como patrocinadora, então, grande parte do que a gente está conseguindo fazer é por ajuda dela e dos demais, né? Então vamos fazer aqui um especial como um parabéns, tá certo?

Lalá – Certo

Luciano – Então você capricha. Faz com voz de macho, voz de homem ai… Vamos lá

Na hora do amor, use

Lalá – Prudence.

E então… depois que passamos dos 40, o tempo voa numa velocidade inacreditável, não é? Tempo é o único recurso que não pode ser renovado e portanto, o mais valioso, mas a gente só percebe isso quando ele falta, especialmente depois que passamos dos 40.

Você que está me ouvindo aí e tem 25 anos de idade provavelmente não dará valor ao que eu acabei de dizer… mas se tem seus 50 saberá muito bem do que é que estou falando.

Eu, por exemplo, nunca consegui passar horas praticando qualquer atividade que sirva para “passar o tempo”. Já me acusaram de CDF, de só pensar em trabalho, de não curtir o lazer, mas não é assim. Não tenho nenhum problema em curtir o lazer lendo um bom livro, assistindo um bom filme, uma peça de teatro, jantando com amigos interessantes ou numa praia. Mas, a questão é outra.

O que sempre compreendi é que o tempo é valioso demais para ser trocado por qualquer coisa. Se vou fazer uma troca, tem que valer a pena. Por isso, quando vou escrever um texto, gravar um podcast ou montar uma palestra, a primeira coisa que me vem à cabeça é: será que minha obra valerá o tempo que a pessoa dedicará para consumi-la? A palestra valerá os 30, 60 ou 90 minutos que a pessoa dedicará para ela? O texto valerá os 5 minutos de leitura, hein? O Podcast valerá os 25 minutos de audição?

Esse é meu mote: farei com que seu tempo valha a pena?

Desenvolvi essa ideia na minha palestra GENTE NUTRITIVA (que você encontra no lucianopires.com.br). Tente se lembrar das pessoas que chegam para conversar com você, eu acho até que eu já usei isso aqui no programa olha, pessoas que chegam pra você, te dão prazer, têm o dom de nutrir com simpatia, te trazem conhecimento, bom humor. Você conhece gente assim, hein? Pensa nela.

Agora que você lembrou dessa pessoa, eu quero que você pense naquela outra pessoa  que, quando chega, você preferia estar trocando o pneu do carro numa rua escura, na chuva. Aquela pessoa chatérrima, desinteressante, que tem o dom de sugar sua energia. Você conhece gente assim? Pois é!

Sabe qual é a diferença entre uma e a outra, hein? É a convicção que você tem de que aquelas primeiras, as pessoas nutritivas, não estão desperdiçando seu tempo. Pelo contrário. Com elas você ganha alguma coisa, você faz uma troca justa, enquanto que  aquelas outras , joga fora minutos preciosos de sua vida. Minutos que você nunca mais terá de volta.

A melhor coisa que você pode fazer é substituir a palavra “tempo” pela palavra “vida”. Experimente! Fala assim ó, “me falta vida” em vez de “me falta tempo”. “Passavida” em vez de “passatempo”. “Me dê uns minutos da sua vida”, em vez de me dê uns minutos do seu tempo. Não é ruim, hein?

Pois é, tempo é vida!

E é essa consciência que faz com que a gente reflita muito antes de decidir gastar nosso tempo, ou o tempo dos outros.

É nesse contexto então que quero vir para estes dias tumultuados, de intensos debates, onde nos vemos de repente envolvidos em discussões fortes que muitas vezes terminam por consumir o nosso tempo sem qualquer resultado prático. Saber fugir desses mata-vidas é uma necessidade para quem quer fazer com que sua vida valha a pena. E é isso que quero discutir hoje.

Tempo é vida. O que é que você está fazendo com sua vida, hein? E com a vida dos outros?

Oração ao tempo
Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Entro num acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo Tempo Tempo Tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo Tempo Tempo Tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo Tempo Tempo Tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo Tempo Tempo Tempo
Quando o tempo for propício
Tempo Tempo Tempo Tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo Tempo Tempo Tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo Tempo Tempo Tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo Tempo Tempo Tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo Tempo Tempo Tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo Tempo Tempo Tempo

Ah, essa é umas músicas mais lindas que eu conheço…tava com saudades de tocar aqui, viu? ORAÇÃO DO TEMPO, de e com Caetano Veloso…

Lembrei-me de um texto delicioso – pra variar – de Rubem Alves no qual ele faz um paralelo entre dois esportes aparentemente semelhantes: o tênis e o frescobol. Rubem diz assim:

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir…

….. com Prudence então…..

E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos…

Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão… O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem – cresce o amor… Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…

 

Sacou o que diz o mestre Rubem, hein? Ninguém ganha para que os dois ganhem. Pensando a respeito, eu refleti sobre as coisas que me colocam em estado de alerta ou até de negação nas discussões nas quais participo, especialmente aquelas políticas onde a temperatura sobe rapidamente, cara. E entendi algumas coisas legais que eu gostaria de saber se acontecem também com você. O que dificulta que eu entre em harmonia com meu interlocutor são algumas constatações, que vou elencar a seguir.

Ô Lalá, cria um clima aí, por favor….

Fico ressabiado quando percebo que a pessoa está tentando impor seus valores sobre os meus.  Fico ressabiado quando percebo que o interlocutor está tentando fazer com que eu me converta à sua ideologia pessoal, seus credos religiosos ou então, gostos pessoais.

Mudar valores é como mudar as fundações de uma casa, você não faz isso derrubando algumas paredes ou dando uma mão de tinta. Para mudar um valor é preciso uma profunda reflexão, um mergulho intenso dentro de minhas raízes e, especialmente, a certeza de que os valores que o interlocutor está me apresentando são de fato melhores que os meus. Isso jamais vai acontecer por meio de um post no Facebook ou uma conversa de bar. Demanda tempo cara, muito tempo, e acima de tudo respeito pelo interlocutor. É por isso que gritaria, compartilhamento de memes, mentiras não vão me levar a lugar algum, pelo contrário.

Fico ressabiado quando percebo que a pessoa está tentando me induzir a desgostar ou a gostar de seus gostos pessoais.  Sabe aquele “ouvi dizer que o fulano isso ou aquilo?”. A menos que as evidências sejam mais que uma simples fofoca ou então um “ouvi dizer”, não darei atenção ao interlocutor. Muito menos, razão.

Fico ressabiado quando percebo que o que a pessoa está tentando é obter alguma vantagem estratégica ou então uma vantagem prática sobre mim. Quando percebo que estou sendo manipulado para sentir algum tipo de emoção que me leve a fazer o que a pessoa quer e não aquilo que eu quero.

Fico ressabiado quando percebo que a pessoa está tentando fazer com que eu não consiga atingir o meu objetivo, pois isso me colocaria de alguma forma em vantagem sobre ela. Ou então a obrigaria a abrir mão de algum conforto para que eu pudesse atingir o meu objetivo. Pode ser por inveja, por temor ou então  preguiça, muitas vezes nos vemos diante de pessoas que não aceitam que alguém possa ganhar aquilo que ela considera uma vantagem. E para que isso não aconteça, trabalha para impedir o sucesso alheio.

Anos atrás eu estava no trânsito, dirigindo meu carro a caminho de uma reunião e ao meu lado estava meu chefe, então vice presidente da empresa. Num momento, em meio ao trânsito intenso, as faixas de rolamento foram convergindo e um carro na minha lateral se adiantou para entrar em minha frente. Eu reduzi a marcha para que ele entrasse e meu chefe ficou indignado:

– Acelera, acelera, tchê! Ou o cara vai entrar!

E eu virei pra meu chefe e disse: e o que é que tem?

E ele só resmungou, mas pude ver que ficou indignado com a vantagem que o outro motorista obteve sobre nós.

Qual é a razão da indignação, hein? O desconforto de se sentir menor que o outro. Já aconteceu com você, hein?

Sempre que somos contrariados, quando nos negam o que queremos, nos sentimos de alguma forma machucados. E isso dói, viu. E todo mundo quer escapar dessa dor. Em crianças, a gente até consegue entender. Sem maturidade para compreender e comunicar suas emoções, elas fazem o que sabem fazer: manifestam visualmente ou auditivamente seu desconforto, através do choro, da birra e do grito. Muito bem, eu entendo isso numa criança, já falei. Mas e quando é um marmanjo chorando, fugindo, ou entrando num enfrentamento que rapidamente escala do conflito para o confronto? Me parece claro que ele ou ela não tem maturidade para lidar com a dor, então regride à condição de criança. É certo que age de forma mais sofisticada, com mais reserva, mas no fim é a mesma coisa: uma criança que que escapar da dor mas não sabe expressar suas emoções. Mas se uma criança a gente pega no colo, dá o alívio com amor , ou então bota de castigo, com um adulto é mais complicado, viu?Adultos já aprenderam que a melhor defesa é o ataque, não é? E num contexto de confronto, abandonar o pensamento lógico, as regras de etiqueta e partir para a agressão é a consequência imediata.

Essa criança crescida terá certeza que tudo que você quer é machucá-la. Ela se sentirá desvalorizada, culpada, rejeitada, humilhada, acuada… E partirá para negar de todas as forma o seu direito, sua autoridade para julgá-la. Confronto, grito, xingamentos, a injeção de adrenalina nos dá a sensação de controle. Xinguei, portanto ganhei! Cuspi, portanto ganhei!

Bem vindo, bem vinda às redes sociais…

Tá aí então uma pista. Preciso fazer com que meu interlocutor não se sinta agredido, nem humilhado, nem ameaçado. Preciso fazer com que meus argumentos não lhe causem dor, que não transpareça a ele que estou tentando obter alguma vantagem pessoal que o obrigue a alguma desvantagem.  E a recíproca é verdadeira. Você precisa fazer com que pessoa que agride saiba como você se sente. O problema é que ao fazer isso, você aumenta sua vulnerabilidade. Se o interlocutor for um ogro ou uma ogra, ficará satisfeito por saber que conseguiu o que queria: machucar você…

É, é difícil manter a cabeça fria, segurar o ego, colocar a energia numa relação construtiva. E fazer isso numa sociedade gerida pela desconfiança, então, é uma tremenda dificuldade.

É claro que é absolutamente legítimo manter-se apegado a seus credos, quereres e valores quando a gente lida com outros indivíduos, mas manter a teimosia em detrimento de todas as outras considerações, não é razoável. Daí pra meter o remo na cabeça do outro, é um passo, cara…

Estou longe de pregar o auto sacrifício, o “dar a outra face”, a desistência de seus argumentos, uma espécie de altruísmo para não ferir as susceptibilidades de seu interlocutor. Não. Meu ponto é outro. É construir em vez de destruir. E faço isso por convicção, por entender que só assim é possível manter um relacionamento justo com seu interlocutor. Mais que isso, um relacionamento nutritivo, a partir do qual todos crescem.

Sacou? Do tênis, onde só um ganha, para o frescobol, onde todos ganham.

Fazendo valer cada segundo da vida de quem anda comigo.

 

O segundo sol
Nanco Reis

Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam se tratar
De um outro cometa

Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam se tratar
De um outro cometa

Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse e eu não pude
acreditar
Mas você pode ter certeza
De que o seu telefone irá tocar
Em sua nova casa que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão

Eu só queria te contar
Que eu fui la fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação

Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam se tratar
De um outro cometa

Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse e eu não pude
acreditar
Mas você pode ter certeza
De que o seu telefone irá tocar
Em sua nova casa que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão

Eu só queria te contar
Que eu fui la fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação

Seu telefone irá tocar
Em sua nova casa que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão

Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação

Explicação
Não tem explicação
Explicação, não
Não tem explicação
Explicação, não tem
Não tem, não tem explicação
Explicação
Não tem explicação
Não tem, não tem…

E é assim então, ao som de Nando Reis explicando e Cassia Eller cantando O SEGUNDO SOL, que este Café Brasil vai saindo assim… pensativo… de quantos sóis a gente precisa, hein?

Com o iluminado Lalá Moreira na técnica, a esfuziante Ciça Camargo na produção e eu, este viajante em busca de um mundo com muitos sóis, Luciano Pires, na direção e apresentação.

Estiveram conosco o ouvinte Vagner, Caetano Veloso, Nando Reis, Rubem Alves e Cassia Eller.

O Café Brasil só chega até você porque a Nakata, também resolveu investir nele.

E a Nakata, você sabe, é uma das mais importantes marcas de componentes de suspensão do Brasil, fabricando os tradicionais amortecedores HG. E tem uma página no Facebook repleta de informações interessantes para quem gosta de automóveis. Dê uma olhada lá, vale a pena: facebook.com/componentesnakata.

Tudo azul? Tudo Nakata!

Este é o Café Brasil. Que chega a você graças ao apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera. Cara! Esses dois estão com a gente há muito tempo e neste dia aqui, que a gente comemora onze anos, eu quero fazer um agradecimento especial, pela confiança, pela parceria e pelo reconhecimento de que a gente está também trabalhando pela cultura brasileira, cara! E tê-los aqui como patrocinadores sempre é um orgulho.

De onde veio este programa tem muito mais. Visite para ler artigos, para acessar o conteúdo deste podcast, para visitar a nossa lojinha no … portalcafebrasil.com.br.

Mande um comentário de voz pelo WhatApp no 11 96429 4746. E se você está fora do país  é o : 55 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o Canal Café Brasil.

OLha aqui, ó: E se você acha que vale a pena ouvir o Café Brasil e quer contribuir, vem pra Confraria cara. É um grupo que nós estamos montando, muito especial, de gente que está conversando, que está gerando conteúdo, que está recebendo conteúdo. E, pra chegar até nós, é muito fácil. Acesse o podcastcafebrasil.com.br e clique no link CONTRIBUA e vem pra Confraria.

E para terminar, Alexandre Dumas, o filho:

Nunca discuta, não convencerá ninguém. As opiniões são como os pregos; quanto mais se martelam, mais se enterram.