LíderCast 142 – Marcelo Pimenta
Luciano Pires -Luciano Pires: Muito bem, mais um LíderCast. Esse aqui vai ser uma delícia, porque é um companheiro epicêntrico. Quem acompanha o meu trabalho sabe que eu, todo ano, estou presente lá no Epicentro, que é o grande evento do Ricardo Jordão, que eu não tenho medo de dizer que para mim é o evento mais legal que eu participo todo ano no Brasil. Não só pelo fato da forma como ele é organizado, cheio de voluntários, mas o local onde ele é realizado, em Campos do Jordão, eu acho que no auditório mais bonito que eu já vi na minha vida. E com um clima de camaradagem, de amizade, de tesão e de paixão, que eu não encontro em lugar nenhum. E lá a gente encontra pessoas especiais e algumas a gente tem que chamar para conversar aqui. Esse aqui é mais um deles. Tem três perguntas aqui que são as fundamentais e são as únicas que você não pode chutar. Essas três tem que ser real, é o que é. É o seu nome, a sua idade e o que você faz?
Marcelo Pimenta: Meu nome é Marcelo Pimenta. A minha idade, eu nasci em 1971 e eu vou fazer aniversário daqui uns dias, eu acho que eu tenho 47 ou 48 anos. É por aí. E o que eu faço? Recentemente eu andei pensando uma forma de me apresentar numa entrevista como essa. E eu venho descomplicando a inovação.
Luciano Pires: Você é um descomplicador de inovação?
Marcelo Pimenta: É. É que a verdade é que lá no Epicentro, que você falou, que eu tenho orgulho de ajudar também a fazer um grande evento. A gente vê como a vida da gente, ela vai passando por fases. Então, eu comecei como editor de áudio numa rádio de universidade. Depois eu fui assessor de imprensa. Depois eu fui repórter de televisão. Depois eu fui assessor assim, de comunicação, fechava jornal, revistas e coisa assim. Aí fui para a RBS. Na RBS eu conheci o mundo da televisão, fiz transmissão do carnaval ao vivo em Porto Alegre, mais de 200 profissionais, junto com a Alice Urbim.
Luciano Pires: Cara, acabou a entrevista.
Marcelo Pimenta: Por quê?
Luciano Pires: Você já contou a vida toda, cara.
Marcelo Pimenta: Não…
Luciano Pires: Deixa eu ir devagar aqui. Vem cá, deixa eu pegar você aqui. Você nasceu onde?
Marcelo Pimenta: Eu nasci em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Luciano Pires: Santa Maria, cara. Eu vou muito para o Rio Grande do Sul. Eu trabalhei durante muito tempo numa empresa gaúcha, que era a Albarus. Viajei para lá de montão. Depois que eu virei palestrante, então vira e mexe eu estou lá nas cidades da região.
Marcelo Pimenta: Foi onde eu te conheci, ainda na Albarus, tu era gerente de marketing e eu já tinha a Conectt, que era uma empresa que eu tinha criado, depois daquela história que ficou sem continuidade. Eu fui para Porto Alegre e criei uma empresa logo que a internet surgiu. Logo que a internet surgiu, eu tive a oportunidade de ter contato com a internet. Eu tenho um e-mail de 92: mpimenta@xibase.org.br.
Luciano Pires: Você precisa guardar isso aí, porque isso aí, daqui a pouco vai valer dinheiro isso aí, cara. Vai poder botar num museu o teu e-mail.
Marcelo Pimenta: Daí depois, eu consegui então criar uma empresa e a gente prospectava lá a Dana para fazer site na época e coisa assim. E foi onde eu te conheci.
Luciano Pires: Mas vamos lá, deixa eu pegar você e conseguir fazer o andamento aqui. Você nasceu então, em Santa Maria. Família grande, família pequena?
Marcelo Pimenta: Família grande, relativamente grande.
Luciano Pires: Tem irmãos?
Marcelo Pimenta: Tenho os meus irmãos sim. Tenho mais quatro irmãos. Um irmão e três irmãs. Meus pais são funcionários públicos. A minha mãe é professora. O meu pai trabalhava no DAER no Rio Grande do Sul, lá no Instituto de Rodagem. E eu sempre gostei muito de estudar, sempre. Eu era o filho mais novo. Mas sempre fiquei muito em torno da minha mãe no colégio. Ela como professora. Eu como orador de turma. Sabe essa coisa assim? De líder de turma, essas coisas.
Luciano Pires: Como era o teu apelido quando era criança?
Marcelo Pimenta: O meu apelido? Eu acho que era… não me lembro do meu apelido. Eu acho que… a minha família me chama de Celo, na verdade.
Luciano Pires: Celo?
Marcelo Pimenta: É. Celo. É porque é de Marcelo.
Luciano Pires: E aí você usa Menta, que é de Pimenta.
Marcelo Pimenta: É. Porque o Menta veio na história da internet, por exemplo. Porque na internet o Menta90 é um dos nicknames que eu tenho, dessa época aí, que tu diz que vai valer dinheiro. Eu sempre gostei de ler. Eu li um livro logo quando a gente fundou a Conectt, que é essa empresa lá de Porto Alegre. Eu li um livro, que ele dizia assim, qual a importância que vai ter tu botar um nome no Google que apareça em primeiro. Certo? E às vezes, tu não consegue, tipo, com Marcelo Pimenta, mas com Menta90, eu consegui. Então eu tenho Menta90 em várias redes aí, que eu tenho esse nickname.
Luciano Pires: Por que 90?
Marcelo Pimenta: Por conta da época, era na década de 90, entendeu? Que nem tu bota hoje na senha, LíderCast2019, tu põe na senha do wifi e aí então, o 90 ficou datado dessa época. Mas hoje eu tenho trabalhado mais, na verdade, meu nome, nessa história de branding e tudo, de que o Marcelo Pimenta é importante que a gente reforce mais.
Luciano Pires: O que o Celinho queria ser quando crescesse, cara?
Marcelo Pimenta: Cara, olha só, essa história, medicina. Eu sempre tive a medicina. Porque tem essa coisa assim, de ser classe média, aquela coisa de tu ter. eu me lembro assim daquela coisa, quando tinha visita, entende? Na minha família, nunca passamos fome, graças a Deus. Mas tipo assim, bife a milanesa. Tinha visita. Tu pegava um. Tu ia pegar o segundo, tinha um cutucão na perna, tipo assim: para, espera a visita se servir. Sabe assim? Então, assim, que eu nunca tive assim. Os meus vizinhos, por exemplo, eram professores da universidade. Meus pais, a minha mãe era formada. O meu pai não. Então eu via que eles, por exemplo, iam para a praia, eles iam para Capão da Canoa, alugavam uma casa e iam. Nós não íamos. A gente ficava lá, entendeu? Tinha umas boas férias e tudo. A gente domingo ia tomar banho no rio, fazia. Era legal. Mas assim, sempre foi muito marcada essa coisa de restrições.
Luciano Pires: Aquelas coisas deliciosas, inesquecíveis que a gente fazia quando não tinha dinheiro.
Marcelo Pimenta: É. Exato. Exatamente.
Luciano Pires: Quando você não tem grana nenhuma, você inventava coisas maravilhosas, que ficam gravadas.
Marcelo Pimenta: Esses dias eu fui viajar agora, com a minha mãe, no Natal. Ela queria ir para o Uruguai, eu aluguei uma casa, a gente foi de carro, cachorro, enfim, foi toda uma função. E ela fez uns bolos. E eu disse: mãe, olha só… e a gente lembra disso de domingo. Porque uma das coisas, se a gente não fosse tomar banho de rio, a gente ia para o Jockey Club. Lá em Santa Maria tem um prado, que chamava. Era uma fazenda em que os cavalos corriam. O meu pai gostava dessa história. Mas eu gostava era de brincar lá em cima, porque tinha um cinamomo, carro grande tipo um Dojão. E aí a gente ficava brincando. Daí tinha a hora do pastel, a hora do não sei que, a hora da melancia, entendeu? Era tudo já datado durante o domingo assim. Que horas será que vai abrir a melancia? Então essas coisas acabavam acontecendo. Mas eu sempre tive vontade de ter um pouco mais.
Luciano Pires: Então, medicina. Teve alguém que você viu? Você assistiu uma série? Como foi?
Marcelo Pimenta: Não. Hoje eu entendo que a medicina… porque esse processo de autoconhecimento, tu vai… a medicina para mim, duas coisas. Primeiro: tinha a ver eu acho, com bem social assim, no sentido sabe, de entender que era uma profissão que tipo, ajuda os outros, entende assim? Eu acho que tinha isso. Tinha um pouco dessa história de ser uma coisa que é para quem gosta de estudar, sabe assim, do tipo. Porque eu sempre assim, gostando de fazer as coisas bem-feitas, sabe? De ganhar nota, parabéns no trabalho da escola, porque ele tinha ficado acima do esperado, sabe? E tipo assim. E tinha também eu acho, a coisa da medicina, a história da grana. Porque todos os médicos de Santa Maria tinham um puta carro, eram os melhores lá do clube, eram os caras que mais tinham grana, eram os médicos. Então, eu acho que assim, a medicina. Mas daí, dessa história, que eu não sei te explicar, que é assim: eu saí de casa para me inscrever em medicina. E eu me inscrevi em comunicação social, em jornalismo. E eu não sei te dizer exatamente o que aconteceu nesse caminho, entendeu? Mas eu me lembro bem que quando eu voltei para casa, o meu pai me perguntou: e aí, te inscreveu. Inscreveu. E aí, foi para medicina? Eu disse: não, não, foi para comunicação social, para jornalismo. E eu lembro que ele estava lendo o Correio do Povo, na época. E ele baixou assim, me olhou e disse assim: mas tu está pensando em trabalhar na Razão? Ele perguntou. Que era o jornal da cidade. E eu disse: não. Eu não estava pensando. Eu estava pensando realmente de ser correspondente internacional. Era essa a minha cabeça quando eu me inscrevi ali no jornalismo. No dia lá, era essa que estava. Eu digo: não. Nunca imaginei realmente trabalhar na Razão. E aí ele voltou a ler e disse: então tá bom. Então ele ficou tranquilo, assim, eu acho que ele tinha medo só era da mediocridade de ficar trabalhando a vida toda na Razão. E foi uma ótima escolha, eu adorei ter escolhido jornalismo.
Luciano Pires: Mas você foi fazer fora de Santa Maria?
Marcelo Pimenta: Não.
Luciano Pires: Já tinha?
Marcelo Pimenta: Santa Maria, a primeira universidade federal feita no interior do Brasil. Muitas pessoas… eu estive em Istambul, num bar, uma festa, não sei que, brasileiro. Aquelas coisas a língua, que tu não sabe o que está falando nessa hora. Mas: ah não, brasileiro. Daí o cara tinha dito: meu primo estudou em Santa Maria. E acontece assim. Santa Maria é muito famosa já, se tornou mais ainda por causa da boate Kiss, infelizmente. Mas o fato de ter sido no governo dos militares, assim, a primeira universidade no processo de interiorização da educação, foi Santa Maria, UFSM. Então foi super… como eu te disse: era um bom aluno, passei no vestibular. Consegui. E aí tem uma coisa da RBS ter sido bem importante. Porque logo que eu comecei a trabalhar, eu comecei, fui estagiário na Rádio Universidade. E eu encontrei um cara que é bem importante na minha vida, que infelizmente já faleceu, chamado Sérgio Assis Brasil, que ele era diretor da Rádio Universidade e ele era ao mesmo tempo, gerente da RBS, entende? E eu entrei na rádio. E ele viu que eu era um cara que podia dar caldo. E eu comecei a ganhar espaço dentro da rádio. Em um mês e meio eu tinha um programa de rádio. Era num horário que não tinha praticamente audiência. Mas eu era estudante de jornalismo, era operador de áudio, bolsista e ele tinha me dado a Revista da Semana, que era uma coisa que eu tinha, um programa de rádio, eu tinha 19 anos.
Luciano Pires: Então, você já tinha se formado ou estava…
Marcelo Pimenta: Não, no primeiro semestre da universidade.
Luciano Pires: Quer dizer, você deu uma tremenda de uma, digamos, sorte, de estar estudando e ao mesmo tempo aplicando aquilo.
Marcelo Pimenta: Com certeza.
Luciano Pires: Que sorte.
Marcelo Pimenta: E aí a coisa foi evoluindo. E eu estive com ele, daí foi uma questão de tempo para eu aparecer na TV daí, com ele, porque ele era o diretor de coisa. Daí ele fazia uma coisa chamada Sul Encanto, existia lá na RBS, em que cada regional, então, tipo: Santa Maria, Caxias, Uruguaiana, não sei que, mandava o clipe de uma banda, certo? Ele, tu vê, essa coisa, ele viu e me convidou: tu não quer me ajudar a produzir o clipe da banda? Eu lembro que o meu papel era cortar umas frutas, que ele fazia essa coisa de animação, tipo sequência e tudo, que era para fazer umas brincadeiras, que era um clipe tipo de rock, anos 80, colorido, as pessoas com cabelo colorido e coisa. E eu fazia isso, eu ajudava, empregava luz, e carregava as coisas. E isso foi, foi, foi que eu comecei a trabalhar e a ter clientes. O Sindicato dos Bancários de Santa Maria, era uma organização que eu tinha proximidade. Eles tinham que fazer um jornal, ninguém sabia fazer jornal. Eu disse: não, pode deixar que eu… eu sempre disse assim: pode deixar, que eu sei fazer. Esse livro que eu te trouxe que é o Ferramentas Visuais para Estrategistas, essa coisa do: eu sei fazer. A gente vai entrando em cada coisa. Esse livro eu tive uma ideia de fazer ele, que são ferramentas visuais, ta-ra-ra. E a minha colega de aula, a Clarissa Bioquim, que eu tinha conhecido na aula. Ela disse: que legal, eu faço arte de livro. Vamos fazer esse livro então. Eu digo: que legal, vamos fazer. Daí a coisa evoluiu. Até que ela mora no Rio, ela tinha vindo fazer o curso aqui e ela disse assim: não Pimenta, vem cá. Vamos aqui em casa, vamos botar essas coisas agora no papel e tipo, fazer o livro acontecer. E ela perguntou assim: tu tem experiência no mercado editorial? Eu digo: claro. Imagina, eu tinha feito jornal do sindicato, eu tinha feito panfleto, eu tinha feito cartilha.
Luciano Pires: Que idade você tinha?
Marcelo Pimenta: Não, eu tinha… agora, faz 10, 15 anos atrás. Aí eu já tinha feito coisas para o SEBRAE, realmente, nacional e tudo. E ela me disse assim: que legal. Porque daí, aqui nessa pilha aqui do lado, ela tinha um monte de livro da Taschen, feitos, de arte, enorme. Os livros que ela fez quando morou na Holanda, em Paris. Os livros que ela tinha feito. Ela disse assim: porque essa aqui é minha experiência editorial. E eu disse: não, então tu desconsidera. Então, aquilo que eu achei que era… porque isso que eu acho que é legal, quer dizer, você falou da história das coisas que a gente não tem dinheiro. O horizonte, eu acho que uma das grandes lições aí dos últimos tempos é: quando você sobe num monte, você enxerga um outro horizonte. Então, por exemplo, naquele dia, foi por ingenuidade, não foi por má fé. Eu tinha realmente uma experiência, eu não estava, de alguma forma, mentindo nem nada. Eu tinha uma experiência. Mas era uma experiência, que, comparado àquele universo que eu tinha pela primeira vez, frente a frente, com uma pessoa que tinha feito os livros da Taschen, na Holanda, sabe? Porra, era outro…
Luciano Pires: Era outra história.
Marcelo Pimenta: Era outro nível.
Luciano Pires: Deixa eu ir lá para Santa Maria, você lá, pintando e bordando. É interessante isso, porque a gente acha que esses [inint 00:15:38] de produção, onde estão as grandes produtoras, produção de cultura, etc. e tal é coisa de capitais. Mas não é bem assim, viu? Tem muitos lugares do interior que tem as TVs do interior, que tem os jornais do interior. Eu venho de Bauru. Bauru teve uma TV, teve um canal de televisão lá nos anos 60, que era uma coisa louca, produzindo novela. Lá em Bauru, na cidade de Bauru. Muita gente que está na televisão até hoje começou lá. Então, havia lá um núcleo, que quando você olha isso, você fala: mas como assim, cara? Como é que você tem um núcleo desse sem ter acesso aos grandes roteiristas, aos grandes iluminadores? Não, era a turma da região fazendo acontecer. E você estava lá, fazendo acontecer ali, cuidando do teu espaço lá. Quando é que bateu em você uma ideia de que: isso aqui está pequeno demais para mim?
Marcelo Pimenta: A própria RBS aí foi importante. Porque o que aconteceu foi, eu daí, no final do curso, eu já tinha, trabalhava mais na RBS lá com o Sérgio. E eu fiz Caras Novas, que era um programa de trainee da RBS, que a Alice Urbim, que é uma outra pessoa que é legal de citar nessa minha história. Porque ela até hoje ainda é tipo, diretora de programação da RBS TV em Porto Alegre. Na época ela não era assim, era o Apple que era o cara e ela era da equipe, enfim. E era um programa de trainee. E aí eu passei no programa de trainee. Foi um teste muito bacana. Porque eles…
Luciano Pires: Esse programa era da RBS?
Marcelo Pimenta: Da RBS. Isso aí já era…
Luciano Pires: Do Rio Grande do Sul inteirinho?
Marcelo Pimenta: Já era Porto Alegre. Eu tinha que ir para Porto Alegre. Daí, olha como que é a vida. Tu vê, hoje essa história, tu fala do Epicentro, essa coisa de digital, etc. Durante o Caras Novas, daí eu aprendi a fazer tudo: gravar com câmera. Eu já era jornalista, mas daí, lá na RBS, eu tentava gravar, pegar áudio, editar, fazer não sei o quê. Eram exercícios incríveis. Tipo, a gente… era Olímpiadas, daí tinha o cara assim, tu recebia da Globo nacional uma fita de duas horas, dizendo: faz um clipe. Era coisa assim.
Luciano Pires: Era um programa para todo…
Marcelo Pimenta: Trainees. Nós éramos 12 só.
Luciano Pires: Você já tinha contato. Era gente da RBS esparramada pelo estado?
Marcelo Pimenta: Não. É. Era mais ou menos. Não. Era todos os alunos de jornalismo do último ano, do estado, aplicavam para o Caras Novas, não precisava ser da RBS. Era para qualquer estudante de último ano. Era um programa de trainee.
Luciano Pires: E esses 12 iam necessariamente trabalhar na RBS?
Marcelo Pimenta: Não, não.
Luciano Pires: Terminou…
Marcelo Pimenta: Não necessariamente. A gente foi convidado. Tanto que todos nós ficamos um pouco. Porque tuestá recheado tanto de gratidão como de oportunidade, de estar numa grande rede, que tinha um grande acesso. Eu fiquei daí com Campos Eletrônicos e depois, com a transmissão do carnaval.
Luciano Pires: Mas onde é que você está? Você está em Santa Maria?
Marcelo Pimenta: Eu fui para Porto Alegre. Porque quando começou o Caras Novas, a gente foi para Porto Alegre.
Luciano Pires: Que idade você tinha?
Marcelo Pimenta: Eu tinha 21 para 22 anos. Porque era uma coisa assim de… teve greve em Santa Maria, uma coisa. Mas foi 22 anos.
Luciano Pires: Com 22 anos de idade, pela primeira vez eu vou morar fora de casa, sem papai, sem mamãe.
Marcelo Pimenta: Exatamente.
Luciano Pires: Como é que foi o processo de tomada dessa decisão, cara?
Marcelo Pimenta: Foi bem natural, Luciano. Era uma coisa, que eu sempre tive essa coisa de conseguir. Se tu for ver, eu gravei o podcast dessa semana lá do Mentalidades sobre o livro do cérebro do Buda, que é a capacidade de tu… a realidade na tua percepção, daquilo que tu percebe, daquilo que daí tu constrói e aquilo que tu enxerga. E a tua realidade é aquilo e tu acaba alcançando. Então, por exemplo, essa história de morar em Porto Alegre, de estar fazendo, por exemplo, de eu ter aplicado para o Caras Novas, eu já estava lá. Eu já tinha apartamento. E assim, a minha irmã tinha tido um filho e estava difícil de ela… eu fiquei com o apartamento que era da minha irmã. Sabe, tudo assim, se encaixou. Tipo, a minha irmã se mudou em dezembro, não sabia o que fazer com o apartamento, em fevereiro eu tinha que ir. Então daí, acabei assumindo. Daí já tinha um emprego. Porque daí, como eu fazia um trabalho no Sindicato dos Bancários, e era um trabalho que também ganhava uma certa notoriedade, eu fui convidado para fazer o negócio lá da Federação dos Bancários. E eu fazia isso, Federação e a RBS junto. Olha como as coisas estão conectadas. Eu estava te dizendo: esse programa, Caras Novas, a gente conheceu o Jô Soares. Todo mundo da RBS que ia lá, por exemplo, para um programa de trainee, a gente era tratado… o Nicholas Negroponte foi lançar A Vida Digital. Eu conheci o Nicholas Negroponte dentro da RBS, naquele prédio da Érico Veríssimo. Sabe, tipo assim, uma coisa que pouquíssimas pessoas teriam acesso. E o fato disso, a Federação dos Bancários, quando eu cheguei lá, eles faziam um jornal. E esse jornal, ele era entregue, ele tinha todo um processo de produção, de rodar e de entregar e de distribuir, que quando ele chegava, ele estava sempre defasado. Então o jornal era um horror, porque todo mundo odiava o tal de jornal. Não tinha sentido. E eu fui convidado para assumir esse veículo. Na hora que eu vi, eu me dei conta, eu digo: isso aí não tem sentido. Aí eu descobri uma coisa. Eu descobri, não sei como, que a Embratel tinha uma coisa chamada – não me lembro como que era o nome – era uma distribuidora de fax. Entendeu? Descobri que assim: tu mandava um fax para a Embratel e a Embratel distribuía para todo o mundo, de manhã, e tinha. Eu acabei com o jornal, criei um informativo diário. Cara, as pessoas piraram, entendeu?
Luciano Pires: Por fax?
Marcelo Pimenta: Por fax.
Luciano Pires: Por fax.
Marcelo Pimenta: Chamava Fed em Fax. Aquilo ali deu uma… as pessoas xerocavam lá na ponta. Aquele veículo que era totalmente velho, era muito novo. Os caras se informavam por ali. Entendeu? Os caras não tinham outro veículo e coisa. E aí a coisa foi. Só que isso começou a dar muito trabalho, porque as pessoas queriam fazer outras coisas. E eu fui convidado para participar lá no Alternex desse projeto que o Ibase lá tinha trazido, um nodo, da internet para o Brasil, por conta da Eco92. E eu fui convidado lá para conhecer. Daí conheci o Nepo, o Nepomuceno, que é esse cara hoje, eu conheci em 92, dentro do Alternex, eu conheci. Daí a gente criou um nodo. Daí eu digo: porra, olha só, eu tenho um e-mail, mpimenta@xibase.org.br. Porra, que legal. E o que tu faz, tu manda e-mail para quem? Eu não sei para quem. Porque não tinha ninguém. Daí eu descobri o Roberto Villar, para ti ver como as coisas são. O Roberto Villar em Porto Alegre, usa internet. Como é o nome? rvilar@… mandei e-mail: Roberto, tu sabe? Tem uma coisa nova, e-mail. E eu posso falar contigo. Que legal. Realmente eu uso. O Roberto hoje é professor – meu amigo e tudo – de jornalismo, ligado à causa ambiental. Ele tem um programa na Rádio Gaúcha, que deve ter mais de 20 anos, sobre agroecologia. É um cara que eu gosto bastante.
Luciano Pires: Dá um break aqui, que você deu um insight interessante aí. Você estava contando essa história dessa primeira sensação do e-mail. Muita gente que está ouvindo a gente aqui não passou por isso. Já é moçada nova, que já nasceu com e-mail pronto e tudo mais. E a gente está falando de uma época que era o seguinte, cara, eu tinha uma época que eu conseguia manter contato frequente com 5, 10, 15 pessoas, para quem eu podia mandar uma cartinha. Eu escrevia cartinha, mandava. Ficava aquele tesão da hora que chegava, o carteiro batia, puta, que tesão, chegava para mim, uma carta, com o meu nome, cara. E a hora que eu pegava aquele negócio com o meu nome escrito, aí eu virava um cidadão. Eu existo. Abria a carta. Alguém sentou e escreveu num papel. Minha avó mandando uma carta para mim, escrita. Então, tinha um lance ali de você… eu acho que pela escassez daquilo tudo. Era um negócio fantástico. A transição disso para um aparelhinho que você digita um e-mail para um cara, aperta um botão, ele recebe e te responde na hora, é um choque cultural tão gigantesco, cara. Que eu acho que esse é um daqueles momentos que a humanidade vem vindo numa direção, ela toma um choque, ela vira. Tem um turn, tem um turnaround aí. Isso que você descreveu: me deram um nome. Deixa eu ver o que acontece aqui. Aperta um botão. Um cara recebe e te responde na hora.
Marcelo Pimenta: Mas olha só a loucura dessa coisa de ser empreendedor. Porque eu também não me via como empreendedor. Às vezes, tu não te enxerga como as coisas. E as pessoas te enxergam. Quando eu fui convidado para dar aula na ESPM, porque o Júlio me ligou. Ele disse assim – porque eu já tinha dado aula na ESPM e tudo, para voltar – ele disse assim: Menta, tu é o cara mais inovador que a gente conhece aqui, tu que tem que assumir a coisa. E eu nunca tinha dado aula de inovação. Eu era um cara de marca, de comunicação, que nem eu estava te contando a história. Foi o Júlio que percebeu que eu poderia ser professor de inovação. Daí que eu fui dar a minha primeira aula de inovação.
Luciano Pires: Que ano era isso?
Marcelo Pimenta: Isso agora, na ESPM, já faz uns 10 anos, deve ser. Mas aí, olha só…
Luciano Pires: Eu quero que você chegue…
Marcelo Pimenta: Eu quero te contar…
Luciano Pires: Eu quero que você chegue no momento em que o Rio Grande do Sul vai ficar pequeno.
Marcelo Pimenta: Legal. Mas deixa eu só te contar a história do empreendedor. Você fala dessa coisa de e-mail, que tu manda. Não era assim. Não era assim fácil, entende? A coisa, tinha que saber assim, como… daí o que aconteceu? Aquele arquivo que ia para o fax, eu queria disponibilizar e na ponta eles abriam e imprimiam. Não tinha anexo. Certo? Tu tinha que fazer upload, certo? Numa ferramenta que se chamava FTP. Existe até hoje, só que hoje ela é transparente, ninguém sabe que ela existe. Mas aí eu comecei. Só que na ponta, as pessoas não sabiam usar. Sabe o que eu fiz? Uma Santana Quantum que tinha parada lá, eu criei um projeto chamado Viajando pela Comunicação. E eu fui de sindicato em sindicato no Rio Grande do Sul, ensinar as pessoas a abrir o coisa, o FTP, a baixar o arquivo, a imprimir, entendeu? A fazer. Foi ótimo. Conheci todo o Rio Grande do Sul.
Luciano Pires: Cara, eu trabalhei durante 26 anos na Albarus. Você conheceu. E a gente também estava muito antenado com essa questão toda de tecnologia e tudo mais. E lá pelo começo dos anos 90, uma coisa assim, ficou muito claro para nós, que haveria um caminho muito legal para os catálogos da empresa. Catalogo era um negócio terrível, autopeças, tinha que imprimir todo ano. Ele ficava velho logo. Era um negócio horroroso, custava dinheiro de montão. Você não podia corrigir. Cara, um negócio pavoroso. Quando surgiu a capacidade de produção. Eu me lembro que o primeiro catálogo que eu fiz, eu fiz num PageMaker, num XT cara, que horror. Surgiu o catálogo. Agora o mundo mudou. Porque agora pode ser automático. Que maravilha, vamos criar o catálogo em CD. CD não, em disquete. O catálogo em disquete. Ao invés de mandar para o cara 20 catálogos, vou mandar um disquete e está resolvido o problema. Vamos investir no disquete. Até descobrir que os caras não tinham nem computador nas lojas de autopeças, cara.
Marcelo Pimenta: É isso aí.
Luciano Pires: E os caras tinham computador e não tinham leitor de disquete no computador. Ou não tinham leitor de CD. Era uma bagunça assim. E nós tivemos que fazer igual, criar um sistema tal, que agora eu vou visitar o cara, vou mostrar para ele o projeto inteiro. E se ele assumir comigo o compromisso, a gente entrega para ele o computador, o leitor. Ensina, para que ele possa adaptar essa tecnologia que interessa para nós. Ou seja, era um processo de desbravamento, cara, de…
Marcelo Pimenta: É que hoje, eu acho que essas coisas, elas são importantes, assim, porque quando eu tenho um curso, por exemplo, pega o meu curso de Design Thinking na ESPM hoje, que ele é EAD. É um curso que é o maior ibope, tipo tem 80, 90 alunos por turma, etc. Esse fato de eu saber que tem um cara que lá no Rio Grande do Sul, há 20 anos, eu viajei até Livramento para instalar, me deixa com uma condição melhor, de às vezes, eu ajudar um aluno aqui às vezes, que eu sei que está no Amapá e que não conseguiu ainda instalar o Blackboard, entende? E que tem que ter um pouquinho de paciência. E tu tem que mostrar. Liderança pelo exemplo, esse tipo de coisa. Que são coisas que acabam fazendo a diferença – eu acho – hoje em tudo. Porque o fato de a gente ter passado… eu sei que tu quer que eu conte logo de quando eu vim para São Paulo. Mas como eu fazia…
Luciano Pires: Não, não…
Marcelo Pimenta: Eu fazia… eu não gosto de falar muito de mim, da minha vida, assim. Então, tem várias coisas. Sabe uma outra revolução, por exemplo, que eu tive, que era assim? Lá em Santa Maria, a Razão, a dita cuja que o meu pai achou que eu ia trabalhar. Ela ainda era tudo linotipo, entendeu? Era tudo assim. Então, esses trabalhos…
Luciano Pires: Eu comecei a minha vida assim, trabalhando lá no linotipo.
Marcelo Pimenta: Esses trabalhos que eu fazia, editoriais, porque daí eu comecei a fazer jornal. Eu sabia fazer jornal. Eu aprendi. Eu tinha 20 anos e sabia fazer, tipo que nem tu falou: sabe distribuir para 10 mil pessoas? Eu sei. Eu sei fazer uma coisa. E aí tinha uma gráfica em Santa Cruz do Sul, que ela tinha o quê? Um PageMaker. Tu falou do PageMaker, eu me lembrei. Então eu fui para Porto Alegre. Eu morava em Santa Maria, mas eu tinha ido a Porto Alegre fazer um curso de PageMaker. Então eu sabia e eu mandava para Santa Cruz do Sul e aparecia um jornal incrível. Porque a Razão era só com os tipos, aquela coisa assim. Não, aparecia foto impressa, rotativa, de um dia para o outro. Na Razão tinha que demorar, não sei o quê. Que os caras tinham que fazer as caixas, etc., etc. Então, quer dizer, eu sempre tive essa história. Hoje, em retrospectiva, principalmente agora nessa nossa conversa, de conseguir entender como que a coisa… então vai lá e faz. Esse é o jeito.
Luciano Pires: Eu vou dar um toque aqui para você que é novinho, que não sabe da história ainda. Quando eu comecei a minha carreira, eu era revisor do Diário de Bauru, lá em Bauru, que era feito em linotipo. Eu não vou explicar o que é linotipo. Entra no Google aí que você vai ver a loucura que era. Era uma máquina que tinha lá, que produzia. Quando tinha que aparecer uma imagem, uma foto, tinha que fazer um clichê. Um clichê. E o clichê nada mais é do que uma imagem cavada numa chapa de metal. E essa imagem, você vai ver a imagem, ela é um negativo da imagem. Ela é cavoucada numa chapa de metal. A tinta passa por cima e imprime no papel. É um negócio absolutamente jurássico.
Marcelo Pimenta: É tipo imprimir na pedra, praticamente. É uma metáfora boa.
Luciano Pires: É jurássico. É jurássico. E a gente passou por tudo isso aí, quer dizer, nós fazemos parte de uma geração que daqui a alguns anos não vai ter mais ninguém aí. O que acontece, cara? Eu começo a minha vida no linotipo, do linotipo eu vou para o offset, do offset eu vou para o digital. Do digital eu já estou aqui na nuvem. O processo de produção, eu começo a fazer past up com cola de sapateiro e com letra sete e com a IBMezinha, com a bolinha da IBM. Então, a gente passa pelo processo tecnológico inteirinho, cara. Eu sou do tempo em que comprava LP. Do LP eu vou para o CD, do CD eu vou para o DVD, do DVD eu vou para o Blu-ray, do Blu-ray, eu vou para Netflix.
Marcelo Pimenta: Eu comprei agora na Eletrônica Santana – que não é jabá, mas é uma loja que eu gosto bastante, tanto na internet, que é do meu amigo Rubinho – uma vitrolinha, cara. Então, agora lá no meu escritório novo eu tenho uma vitrolinha, que é muito legal, que faz aí a coisa acontecer. Mas o que aconteceu? Essa história lá da Federação dos Bancários e de outras coisas, da internet, a própria RBS. Por exemplo, eu conseguia, a RBS foi minha cliente daí. Eu criei uma empresa chamada Conectt por quê? Porque tipo, eu queria fazer… eu tinha um programa chamado Campos Eletrônicos, certo? Na RBS. Que era sábado à tarde, eu trabalhava lá, eu e o Marcos Sarti. E aí o que eu dizia? Era para estudante universitário. Eu tinha ido. Já conhecia internet. Eu já sabia fazer página. Eu já sabia fazer página. Eu disse: porra, RBS, o programa tem que ter uma página. Entende? E aí eu comecei a ver que a RBS… imagina nessa época, o cara de TI cuidava de câmera, cuidava de teleprompter. Era isso que estava na… não adianta para ele o que era internet. O cara não estava na internet. Aí eu comecei a ver então, que tinha oportunidade de criar uma empresa. E lá na Federação dos Bancários e outras coisas, os caras estavam me pedindo cada vez mais coisas e eu não tinha mais como atender. E aí eu criei a Conectt, que é uma empresa, que o CNPJ existe até hoje. Hoje ela trabalha com uma outra marca.
Luciano Pires: Você trabalhava na RBS?
Marcelo Pimenta: É. Eu era essas coisas, já PJ na época. Mas trabalhava.
Luciano Pires: Isso que eu ia dizer: você não era CLT?
Marcelo Pimenta: Não.
Luciano Pires: Você era PJ, você era contratado por eles?
Marcelo Pimenta: Isso.
Luciano Pires: Você já estava independente disso aí.
Marcelo Pimenta: Eu era uma empresa, Marcelo Severo Pimenta ME.
Luciano Pires: Eu sozinho?
Marcelo Pimenta: É.
Luciano Pires: A empresa do eu sozinho. Quando você vai criar a Conectt já não é mais eu sozinho?
Marcelo Pimenta: Isso. Eu e o André Boger. Porque o André era já um cara… o André também era muito inovador. O André era representante da Amiga. Amiga House, saca Amiga? Aqueles computadores brancos, que era um tipo. Lembra? Fazia horas que eu não lembrava que a Amiga existiu. E o André trabalhava lá na Federação dos Bancários, dando a coisa de rede. Então dava internet e coisa. Aí eu comecei a conversar com o André. Porque tudo eu pedia para o André: André, nós precisamos fazer não sei o quê. André, eu preciso botar uma página na internet. O André: mas eu não sei fazer. Não, mas tu é o cara de TI. Então nós começamos. Ele era fornecedor lá, eu era fornecedor lá também. E aí a gente começou e aí a gente viu, se deu bem. É amigo até hoje, somos sócios. E a gente criou então uma empresa que fazia páginas. Fizemos a primeira página da RBS, da Massey Ferguson. Nós queríamos fazer da Dana. Não sei porque não fez.
Luciano Pires: Eu acho que Dana nem sabia o que era isso na época.
Marcelo Pimenta: Nessa época, mais ou menos, começamos a fazer. E aí coisa veio expandir para São Paulo. E aí eu.
Luciano Pires: Então, para. Um pouquinho antes. Um pouquinho antes. Eu quero saber essa tua transição do Lone Ranger, do lobo solitário, do eu sozinho, que pinto e bordo, para alguém que agora está conduzindo uma empresa onde não pode mais tomar decisão sozinho, onde tem gente que depende de você. Onde se você quebrar, a tua secretária vai quebrar junto e a família dela vai junto. Como é que foi? Onde você foi treinado para isso? Como é que foi encarar essa outra realidade, cara? Que não tem nada a ver com a tu capacidade criativa, de inventar história? Agora é pé no chão, contador, conta para pagar. Como que foi isso aí?
Marcelo Pimenta: Eu acho que foi legal. Eu acho que o André tem… porque o André tinha uma loja da Amiga House. E o André, ele, eu acho que na época, ele – se ele escutar esse programa, ele vai concordar – ele viu que eu era mais criativo, entende? Então, a gente começou a prestar serviço em cima disso. Mas eu sempre fiquei com essa coisa de liderança, de marketing, enfim, de conseguir. Essa coisa já vinha da coisa da comunicação. E a responsabilidade sob o ponto de vista que tu falou, do salário e de conseguir ter um orçamento e coisa assim, eu sempre tive. Por conta daquela coisa já conversou lá, da infância mais com um pouco de restrição. Sabe, de ser uma coisa muito… eu lembro que, por exemplo, quando a gente – eu e o André – abrimos a Conectt, para ti ter uma ideia, olha só como que é. Uma empresa que hoje aí tem um valor bem interessante de mercado. Foi assim: ele entrou eu acho que com três aluguéis ou quatro, sei lá, da sala que o pai dele tinha. E eu financiei um computador 386, com 4 mega de RAM. Entendeu? Que dava para fazer as páginas, entende? Isso foi o início. Daí a gente saiu. Começamos a atender. Porque o que é legal é… e hoje, quando eu dou lá mentoria ou escrevi aqui no trainee e tudo. Quando fala: o cara que quer empreender que está empregado, é a melhor hora para ele começar a empregar…
Luciano Pires: Enquanto empregado…
Marcelo Pimenta: Enquanto empregado. Claro, às seis e um, tu transforma no teu CNPJ e começa a fazer. Então, por exemplo, a gente abriu a Conectt, eu tinha a RBS, porque as pessoas me conheciam. E eu disse para eles: não, eu consigo te entregar um site do programa aqui em 15 dias. Tinha a Federação dos Bancários. O André fazia manutenção em redes em outros clientes, que ele começou a dizer: tem uma coisa chamada internet, e eu te coloco aí na internet. É tipo um catálogo. E aí a gente já escrevia no Cadê essas coisas assim. A gente sempre teve essa coisa de ser inovador. E aí a gente teve um plano de expansão para São Paulo, com um sócio aqui, local, que acabou não rendendo do jeito que a gente queria. E numa reunião assim… tem umas coisas de decisão na vida, que eu não sei os detalhes. Mas eu sei que eu cheguei em casa e digo: olha… eu já era casado. Eu digo: vamos para São Paulo? Tem uma oportunidade lá. Eu acho que vai ser legal. E pum. Vim. Entendeu? Foi isso. E aí eu vim.
Luciano Pires: É a segunda vez que você fala isso. Eu saio para me matricular em medicina e volto para casa com comunicação. Não sei o que aconteceu. Deve ter alguém que baixa em você no meio do caminho.
Marcelo Pimenta: É. Hoje, na verdade, também como eu te disse: a gente fazer esse programa nessa situação, me coloca numa outra posição. Quando eu li lá o Subliminar, que eu acho que é um livro muito importante, talvez um dos mais importantes que eu li no ano passado. Eu entendo que hoje, são decisões não conscientes. Porém, o meu ouvido, os meus olhos, o cheiro, o nariz, certo? A temperatura. Outras coisas. As células do meu próprio… depois do Subliminar eu entendi que a própria célula do meu corpo entende coisas, que às vezes, a decisão, ela não é consciente. Certo? E essas coisas, são momentos como esse, sabe, que eu acho que é. Hoje eu vejo que foi isso, tem momentos…
Luciano Pires: Que é um processamento que o teu cérebro faz e que não é que é mágico. Não é que vem um deus qualquer e implanta uma coisa. Se não estiver lá dentro não tem recurso. Então, ele vai buscar recursos. Vai trabalhar que nem o Windows. Tem uma janelinha lá no fundo trabalhando, que está usando os recursos que você tem. Então, cara se o teu repertório é pequenininho, você vai ter pouquinho recurso. Por isso que eu sempre bato na tecla aqui: cara, a coisa mais importante para você investir na tua vida, aumenta o teu repertório. O máximo de disposição, o máximo de experiência, o máximo de livro, o máximo de viagem, o máximo de gente, o máximo de conversa. Quanto mais você tem, mais carga você tem para a hora que eu enxergo…
Marcelo Pimenta: Mas fora da tal zona de conforto, cara.
Luciano Pires: Que o cérebro trabalhando sozinho, ele vai buscar coisas lá. E aí vem essa… dormi, quando acordei, a solução estava lá.
Marcelo Pimenta: E outra, é que hoje, como eu te disse, tem uma visão… mas eu sempre deixei essas coisas acontecerem. E sou grato aí por isso, de entender… não querer entender muito. Esse episódio que eu te falei, do cérebro do Buda, ele tem um trecho que eu gostei muito, que ele diz assim: que quando Copérnico, ele descobriu que a Terra girava em torno do Sol. Descobriu. Certo? Por quê? Ele não descobriu. Ele não conseguiu descobrir porquê. Certo? Levou, para descobrir exatamente, foi 350 anos depois dele, que foi descoberto exatamente a fórmula que explicou. Certo? Hoje, com o cérebro, nós estamos vivendo a mesma realidade. Tem coisas que a gente sabe. Mas por quê? A gente ainda não sabe. E, talvez, a gente leve 350 anos para descobrir.
Luciano Pires: Eu lancei agora, um dos sumários que eu lancei, o cara comenta lá o seguinte: que o motor a jato foi exatamente assim, ele foi criado sem que os caras soubessem como que funcionava. Então, o que aconteceu? Os engenheiros foram necessários para poder saber como que conecta uma coisa na outra, etc. e tal. Mas a teoria do funcionamento só foi aparecer depois que o bicho estava voando. Que aí os caras sentaram e falaram: tem que dar ordem nisso aqui. Vamos contar a história. E aí então a teoria surgiu. Tem muito essa coisa do insight, cara. De onde vem o insight, de onde…
Marcelo Pimenta: É. E de entender. Tu pega, por exemplo, Thomas Edison, que é a clássica lá da lâmpada. Ele, na hora, ele testou mais de 3 mil filamentos, certo? Até conseguir estabilizar a corrente e fazer a coisa acontecer. Foi depois que ele botou o certo, que ele foi para a prancheta descobrir porque era aquele fio de cobre daquela espessura. Não foi antes. Entendeu? Ele foi lá. Se tu for ver os detalhes. Eu como hoje, professor de inovação, que tive que me especializar nisso. E gostei muito dessa minha fase de ter lido, lido. Hoje eu estou mais lendo essa parte do cérebro mesmo.
Luciano Pires: Para não perder o chavão, que você me deu a linha, que o pessoal chega para ele pergunta: como é que você fez para inventar a lâmpada elétrica? Ele falou: eu inventei 3 mil que não deram certo.
Marcelo Pimenta: Exatamente. Então, eu acho que esse jeito está em tudo.
Luciano Pires: Então, vamos falar um pouquinho de inovação, que é a tua praia. Cara, eu escuto falar de inovação, assim, como parte do alimento diário, há pelo menos 25, 30 anos. E se fala de inovação que é uma beleza, cara. Onde você vai todo mundo quer inovar, inovar, inovar. Mas na hora que quer aplicar a inovação, ninguém quer. O povo odeia. Até quando eu faço essa palestra, eu brinco com o pessoal. Eu falo: vem cá, quem de vocês já participou de reunião de condomínio? Aí a turma levanta a mão. Eu. Quem daqui levou uma ideia inovadora na reunião de condomínio? Eu. O que aconteceu? Puta, me ferrei. Me botaram fora da sala. Fui chamado de louco, etc. e tal. Porque ninguém quer. Porque inovação significa: vamos mudar as coisas de caminho. E há uma hipocrisia nas grandes empresas, porque o discurso pela inovação é vigente. Mas na hora que um sujeito lá fala: escuta, está aqui a inovação. Vamos fazer? Tem uma resistência brutal para ele. Então é muito difícil. E quando me perguntam qual é o atributo número um que um inovador tem que ter, eu falo: cara, é a capacidade de tomar porrada, tomar porrada, tomar porrada. E insistir até conseguir implementar. Porque a coisa que você mais vai ter na tua vida é porrada por ser um inovador. Que todo mundo adora. A hora que aparece, todo mundo quer bater no cara. Como que é essa resistência, cara?
Marcelo Pimenta: É. Eu acho que tem que ver quantas horas a gente vai ter para falar. Quer dizer, eu tenho, em termos de sala de aula, conteúdo sobre esse tema. Aí, sem exagero, pelo menos umas 40 horas de sala de aula sobre esse tema. Mas ao mesmo tempo, o fato desse trabalho que a gente fez em 2018, de descomplicar a inovação, era algo que sempre esteve muito próximo a mim. Se tu for ver no meu Linkedin. Eu não tinha visto. Essa empresa que eu contratei, que fez um trabalho muito legal, que foi lá, leu e disse: só um momento. As pessoas estão dizendo: agora eu entendi. Foi inesquecível. Eu lembro até hoje. Eu lembro de ti. Eles que grifaram lá. Às vezes, o olhar de fora, ele é importante.
Luciano Pires: Que empresa é essa?
Marcelo Pimenta: Chama Mercatto, lá de Cuiabá. Vale muito a pena.
Luciano Pires: Você contratou para quê?
Marcelo Pimenta: Para fazer esse trabalho de branding, de entender como que eu deveria me apresentar. Porque eu estava vivendo uma crise, que era o seguinte, eu fazia assim: eu sou palestrante? Sou. Sou jornalista. Sou empreendedor. Sou empresário. Sou tutor. Sou mentor. Entendeu? Daí parece uma coisa pedante, às vezes. O cara diz assim: o cara… mas assim, quem quiser o contato, eu indico demais o trabalho das meninas. É uma equipe muito bacana. É o Eliezer.
Luciano Pires: Mercatto, o nome?
Marcelo Pimenta: É. Com dois T. Eles são lá de Cuiabá. E eu conheci eles assim, na pista. Quer dizer, não é uma coisa de tu entender. As coisas se cruzam. Mas enfim, essa…
Luciano Pires: Você sabe que essa tua agonia, ela não é única. Essa agonia, as pessoas imaginam que essa história de branding é coisa de empresa. Não é empresa, cara. Nós estamos falando de pessoas físicas. E há uma dificuldade de se apresentar. A mesmíssima coisa comigo. Quando eu saio da Dana, eu começo a me apresentar como o quê? Tudo que eu falava era um pedaço. Tudo. Eu sou palestrante. Isso é só um pedaço. Eu sou escritor. Também é um pedaço. Eu sou podcaster. Também é um pedaço. Então tudo era um pedaço. Me explica o que é o todo? E aí a resposta era o seguinte: você tem tempo? Se você tiver tempo, eu vou te contar o que é. Até o dia que eu adotei o lance do personal trainer de fitness intelectual. Que parece que é uma piada. Mas aí você acaba conseguindo equacionar tudo ali.
Marcelo Pimenta: Eu também. Agora consegui ser o único que se denomina no Brasil um descomplicador de inovação. E realmente é uma fase que eu gosto bastante e ajuda a resolver a tua pergunta. Eu só acho que a tua pergunta tem que ser colocada no seguinte patamar – pelo menos para me ajudar no raciocínio aqui – nós estamos falando de uma empresa de uma, duas, três pessoas ou uma empresa com mais de 50?
Luciano Pires: Eu estou me referindo a empresas maiores. Não é empresa pequenininha.
Marcelo Pimenta: É porque o remédio é totalmente diferente. É mais ou menos como veterinário e médico. Não dá para…
Luciano Pires: Uma coisa é eu chegar, o dono está na minha frente e eu falar: Zé, vamos fazer? Então faz. E sai fazendo.
Marcelo Pimenta: Isso. É.
Luciano Pires: Do que numa grande corporação, onde tem todo um mundo…
Marcelo Pimenta: Vamos começar assim, para mostrar se eu sei realmente descomplicar a inovação, de trazer algum tipo de referencial, mas ao mesmo tempo ser uma coisa simples. A criatividade é individual. A inovação é coletiva. Certo? Então, o que acontece na reunião do condomínio? Por que dá errado? Porque o cara vem com uma ideia criativa, individual. Certo? E ele tenta colocar para que os outros façam e ela não desce nos outros, porque é coletivo. Entende? É por isso que o design centrado no ser humano e a liderança criativa – que são temas que eu venho estudando – eles são… a gente vem conseguindo fazer com que as empresas inovem, as grandes, através desse método. Quem pariu Mateus que o embale. Ou seja, não tem nem uma ideia que vem pronta. Todas as ideias, elas partem do cliente. Certo? Porque não me interessa. As empresas que não querem fazer vão morrer. A gente se encontra no velório delas, tá bom? Vamos falar das que querem sobreviver. As que querem sobreviver, elas precisam entender que elas se precisam se conectar com o cliente. Nós vamos atender melhor? Legal. Como que a gente… a gente aqui é uma empresa… sei lá, a gente é uma rádio, um exemplo aqui. A gente tem que ver o cara da torre, ele tem que vim, o cara do financeiro tem que vim. Todo mundo tem que vim, tem que ver como que a gente pode. Então, isso é fundamental, você conseguir criar um ambiente colaborativo multidisciplinar e que tenha uma cultura de inovação em que o erro é permitido. Esse erro permitido, ele tem que ser num ambiente controlado. Quer dizer, ninguém quer ir num laboratório e o cara dizer: olha, o teu exame veio errado, porque aqui a gente erra, viu? É permitido. Não, não é o caso. Mas você tem que permitir experimentar, investigar e ter essa visão de longo prazo. Porque o importante aí da inovação é isso, Luciano, você precisa chegar onde você quer chegar. Você tem que ter essa paixão pelo problema ou pelo cliente. Tu pega aí exemplos que a gente pode pegar, bacana, brasileiros. Pega um Cacau Show da vida. Certo? Ele é um cara que ele está aficionado pelo cliente desde o início. Não sei se você sabe, quanto você já contou aqui, quanto teus ouvintes conhecem a história, para a gente não se repetir. Mas ele é uma coisa, que ele começou vendendo ovos de um catálogo que a mãe dele tinha na gaveta. Velho. Ele tirou xerox e saiu para vender. Atualizou o preço. Quando ele chegou na fábrica, tinha um tamanho de ovo que o cara disse: não fabrico mais esse, querido. Há anos. Não tem como te entregar. E ele teve que ir numa loja para conseguir uma forminha. Porque ele disse: não, eu vou fazer. E aí tem uma pessoa que ajuda ele, que é o início da Cacau Show. Porque ele começa a fabricar. Foco no cliente. Ele começa com trufas, vendendo trufa. Depois ele faz uma loja, na-na-na. Hoje ele é o maior fabricante de chocolate numa única planta, do mundo. É o cara que conseguiu desenvolver uma tecnologia de fazer ovo trufado, recheado. Certo? Só existe uma máquina, que é patente da Cacau Show. Tem uma história que ele conta, que eu gosto muito de mostrar. Eu acho que por isso que eu digo: tem que pegar sempre pelo aspecto positivo. De mostrar que é possível. Dizer que é negativo, isso que tu falou. Isso as pessoas já estão falando. Vamos ver como que pode fazer. Ele conta que ele estava numa missão. Estava o cara da Godiva, da Nestlé, de não sei quê. Porque hoje ele é realmente um cara importante nesse mercado, visitando uma feira. E ele viu uma cascata de chocolate, assim, caindo. E ele disse assim: olha, aquilo ali é patente da Cacau Show. E os caras: qua-qua-qua. Brasileiro, louco, aqui nós do Japão na feira. Uma empresa que a gente nem sabe de que país é vai ter uma fonte. Ele disse assim: olha, eu tenho várias patentes. Vamos ali. Daí ele entrou, foi lá, todo louco de medo. Abriu – podia ter pirataria também – abriu e estava lá: marca registrada, patente da Cacau Show. Ele tem hoje várias patentes, vários tipos de forma de tratar o chocolate na esteira. São coisas que ele pode vender para outras indústrias de chocolate. Entende? A forma como ele trabalha o cacau nas fazendas. Quer dizer…
Luciano Pires: Mas olha o exemplo que você está me dando aí. Você está me dando um exemplo de uma empresa que tem um indivíduo no final. No final do sistema tem um cara sentado lá, o dono. Que nasce uma empresa com a cabeça dele e a empresa é ele. Volta um tempo atrás. O Ming Ling era assim, Kasinski era assim, Votorantim, todas, a RBS…
Marcelo Pimenta: Gerdau.
Luciano Pires: Gerdau é assim. Então, esse indivíduo já está cada dia mais difícil, você ter as grandes empresas com esse cara sentado lá. Hoje tem um grupo de diretores, tem um grupo de profissionais, que já não tem mais aquele… vamos falar o português correto, o culhão que o cara tem para falar: vai, eu quero que seja assim, pode fazer; não pode. Tem um comitê que tem que tomar decisões. E aí a coisa começa a ficar complicada.
Marcelo Pimenta: É. Mas como eu disse: tu vai trazer para o complicado, eu vou ir para o outro lado. A gente tem. Hoje eu ajudo algumas empresas aí, que eu posso citar o nome, sei lá, Brasilprev, Alpargatas, que são pessoas que conseguem viver e sobreviver e crescer dentro desse mundo, porque estão confiando. Porque o que acontece é: é difícil? É. E tu tem que entender que é difícil. Porque ali na Água Fria, que eu passo, quando eu venho de Mairiporã, onde eu moro, para São Paulo, para dar aula, para vir para cá, etc. Eu passo, tem um monte de aluga-se. A empresa mais… a maior filial do mundo do Brasil é aluga-se. E o povo: é a Dilma, é não sei quê. Cara, na verdade, existem sim componentes econômicos, macro políticos. Mas é principalmente uma falta de percepção de que o mundo mudou muito. Então, por exemplo, tu tem uma loja multimarca. Cara, tu ter uma loja multimarca de roupas é uma coisa… é um herói. O cara tem que ser um herói. Porque ele tem a Dafiti, ele tem o AliExpress, ele tem entregando camiseta polo para ele a R$20,00 na casa dele, sem frete. Tudo bem que ele tem que esperar um tempo. Mas ele tem. Se ele quiser, ele compra daqui. Ele tem, o consumidor, ele tem muitas opções. Quer dizer, é importante que a empresa perceba essa questão de estar direcionada para o cliente. Se ela… isso é como você falou: ou tem que ser o dono ou tem que ser o acionista ou tem que ser o presidente ou tem que ser, às vezes, os funcionários. Eu acho que é importante a gente fazer registros bacanas. Na ESPM a gente tem um curso de Customer Experience, é um Master, é tipo um MBA. O professor Sérgio lá, eu acho que é o coordenador. É um curso também, mais de 100 alunos por turma, porque é um sucesso. Apareceu nesse curso um grupo de alunos que são da Caixa Federal. Certo? E eles estão reinventando o jeito de fazer projeto dentro da Caixa Federal. São pessoas super empreendedoras, que estão lá inovando, fazendo mais rápido, de olho no cliente, para que não se perca documento, para que não sei o que, para que o processo… sabe, tem um monte de politicagem e coisa em volta, em torno, em cima, embaixo? Tem. Mas tem gente que está querendo fazer. Então, numa grande empresa é importante que a pessoa entenda, se ela não tem espaço mínimo para ela exercer a vida criativa, que é outro tema que para mim é importante. Tanto é que um dos livros também que eu escolhi foi o livro de podcast final do ano que eu fiz, A Vida Criativa sem Medo, que é da Elizabeth Gilbert, que é essa coisa: cara, se tu não fizer aquilo que tu veio fazer no mundo, sabe o que vai te dar? Um câncer. Vai te dar uma coisa na perna. Vai te dar uma alergia. Vai te dar dor de cabeça. Vai te dar constipação. Vai te dar depressão. Vai te dar essa coisa de tu depois, ficar pensando: o que eu fiz? Sabe aqueles poemas do Borges em que tu chega no final da vida e porque tu te arrependeu e porque não sei quê. Cara, não dá. Certo? Não dá. Eu fico hoje no… eu tento sempre usar Uber, porque transporte público, acaba aproveitando o tempo. E eu ando de metrô e eu vejo as pessoas usando Candy Crush, sabe? Que a pessoa… é um jogo que tu fica tentando tirar as bolinhas para fazer. E às vezes, tu tem uma viagem de 45 minutos. Que a gente veio para cá. Eu não quero que as pessoas deixem de se divertir, pelo amor de Deus, sabe? Não é isso. Eu não quero que a pessoa seja 100% produtiva. Mas ela podia ouvir uma música, ela podia ler, ela podia ter um podcast. Mas é o que eu digo eu não quero uma vida… a pessoa tem que ter uma vida assim. Não, eu quero relaxar. Legal, vou ouvir uma música, vou ouvir uma coisa. Ou olhar para a janela e vou apreciar. Entendeu? Vou fazer qualquer coisa. Mas assim, tu ficar nessa coisa de olhar para o celular, de olhar para o WhatsApp, de não sei o que, de notificação da vida dos outros. Sempre a vida dos outros. A vida dos outros. A felicidade, essas coisas, não estão nos outros, cara. Larga o celular. Lá no Uruguai foi ótimo, porque a gente alugou uma casa ali perto de Rivera e que não tinha… assim, adorei. Foram seis dias zero de sinal. Uma vez por coisa a gente ia lá no wifi no café, tomava não sei o que, vai se estava a família, dava aquela coisa: estamos vivos e tá bom, um beijo, tchau. Entende? Mas tu sai daquela loucura de: será que notificou? Quantas pessoas viram? Quantas pessoas abriram o e-mail? Quantas pessoas não sei o quê? Quer dizer, isso vira uma coisa: nem deu meu like, nem gostou. Cara, pelo amor de Deus.
Luciano Pires: Até porque, o que estão mostrando para você não é gente normal. Ou estão mostrando para você um fodaço superbem sucedido, milionário, com a melhor mulher do mundo, com o melhor carro do mundo, com tudo lindo, maravilhoso. Ou um cara que está se fodendo, numa situação absolutamente constrangedora, está se arrebentando, caiu, foi atropelado, se arrebentou e tudo. Eu não me reconheço em nenhum dos dois. E aquela pressão: não pode acontecer comigo isso, é um horror. Eu quero ser aquele rico que está lá. Isso acaba empurrando para tomar decisões que… cara, eu tenho o meu dia a dia aqui. Eu tenho que ser feliz com o que eu tenho. E ambicionar, não virar o bilionário lá na ponta. Mas cara, um dia melhor que o outro. Um dia melhor que o outro. Uma hora a coisa vai andar.
Marcelo Pimenta: Ter certeza – eu acho – de onde que tu quer chegar. Por isso – e aí voltando à história da inovação, só para ti entender – daí lá na ESPM, hoje eu tenho os cursos, são abertos, sejam muito bem-vindos, tem um programa novo lá, chamado Gestão da Inovação 2019. São três cursos superbacanas, que ficaram com três finais de semana. Vale super a pena. E assim, mas eu estou up to date em relação a isso. Só que começou a vir uma outra questão, que tem a ver um pouco com isso. Por que tem pessoas que mesmo tudo se comprovando… nós temos que inovar. Vamos lá, sei lá, nós vamos mandar o podcast pelo WhatsApp. Isso aqui a gente achou que é incrível. Mas daí tem alguém na equipe, que o cara não faz, não vê. Por quê? E aí que eu vim para esse lado da neurociência. A gente tentar entender um pouco melhor, o que faz e que bloqueios; principalmente, que desbloqueios? E aí que vem. Hoje eu sou uma pessoa reconhecida pela história do design centrado no ser humano. Que é esse jeito de fazer wokshop, de usar post it, de usar massinha, de não sei quê. E que as pessoas acham às vezes, que é frescura, que é bobagem. Mas vem no sentido de estimular partes do teu cérebro, do teu corpo ou de tu ter, já várias vezes, de o cara dizer que tu não sabe falar, que tu fala errado, que tu gagueja, que tu não sei quê. E que o cara não consegue numa reunião. Às vezes é com a massinha, às vezes é com o post it, às vezes é desenhando, às vezes é recortando, às vezes é em dupla, às vezes é em trio, às vezes é de olhos vendados. Sabe? Então tem coisas que tu vai costurando. E a inovação cada vez mais, ela passa pela tua ousadia de usar desses recursos, tentando entender que as pessoas são diferentes. Que tu vai conseguir estimulá-las de forma diferente. Porque se tu disser assim: não, mas está lá no PPT, lá, como inovar. Lá está escrito, cara, tu não está vendo lá? E tu continuar nessa de: porra, tu não sabe ler? Está lá escrito como inovar. Vai lá, 10 passos. A pessoa não está entendendo. Quer dizer, a compreensão gera conexão. É aí que a coisa acontece. Quer dizer, quando o cara compreende, quando ele se sente inserido, quando ele entende que ele tem lá na frente uma coisa que é relevante para ele. Por que é importante chegar o teu podcast pelo WhatsApp? Porque se não for importante para ele, vai ter dezenas de estímulos que vão fazer com que ele: não deu, porque eu não sou pago para isso, porque é verão. Está superquente aqui em São Paulo. Não dá para fazer as coisas com esse calor. Então, sempre tem uma justificativa para que a coisa não aconteça. Mas é assim a justificativa de fazer com que a gente… tu está aí há 10 anos nessa história. Criei a coisa lá para o fax. Entendi como que foi. Peguei o carro para levar. É assim que a coisa vai indo. As coisas vão se modificando. Que eu acho que essa é a grandeza da vida. Por isso que eu gosto do Epicentro. Eu acho que o Epicentro é um evento, é uma comunidade que se permite, rebelde como a gente é lá. Eu faço muita palestra para o SEBRAE, eu sei que tu também. E faço Federação de Indústrias, CNI, FIESP, essas coisas todas. E acho que é superlegal, cumpre uma função importante, de a gente espalhar esse nosso conhecimento, de estimular as pessoas. Mas no Epicentro existe uma falta de regras que é bem interessante. Eu acho que tem cada vez mais. A gente vem fazendo, pelos Protagonistas, alguns encontros assim. A gente fez um no ano passado, chamado Desafio da Execução, que tem a ver com levar as pessoas para o Brasil, essa mensagem. O Ednei da Digital House tem feito uns eventos que são muito interessantes. As embaixadas do Geração de Valor, junto ao Meu Sucesso Ponto Com, também é um movimento voluntário em todo país. Hoje já são 1.100 embaixadas em todo Brasil. Então, eu acho assim, eu sempre vou nessas coisas que são voluntárias e que se conectam com o meu propósito. Então, eu acho que o Epicentro é legal. Mas a gente vem criando. E eu venho cada vez mais me dedicando realmente a fazer coisas voluntárias que tenham a ver com o propósito. Porque isso tem trazido para o resto do mundo, para a emissão de notas fiscais, isso vem contribuindo, não de uma forma indireta. De novo vem essas coisas de percepção, de tu estar fazendo coisas do tipo: vou ficar ligando para cliente que não me atende? Eu não cara. Eu prefiro passar um final de semana lá com 1000 pessoas fazendo mentoria até as 4 da manhã. Pessoas que estão ávidas para… entendeu? Porque na hora que eu ficar e vibrar nessa sintonia, o meu telefone toca e chega um pedido de palestra, chega um curso In Company, chega não sei o que, entendeu?
Luciano Pires: Você falou de uma coisa aí sem explicar o que é. Me fala do Protagonista.
Marcelo Pimenta: O Protagonista. É assim, é uma coisa que acontecia. A Feira do Empreendedor de Manaus. O Menta vai dar uma palestra. Agora eu vou dar na Feira do Empreendedor de São Paulo, daqui uns dias aqui, de novo. Então terminou a palestra como inovar, pa-ra-ra, eu dou um monte de exemplo. Eu faço, tem uma coisa que há 4 anos, o pessoal da UNESCO tem um departamento lá, uma ONG na verdade, que trabalha com a UNESCO, chamada Netexplo, que me convidou. Eu faço um trabalho com os meus alunos na ESPM, de identificar inovações. Então, eu tenho uma palestra, que eu trago um monte de inovações assim, que as pessoas não veem no dia a dia. E é super show. Então, quando termina essa palestra na Feira do Empreendedor, o cara: uau, eu tenho uma sorveteria. Adorei. Menta, como que tu pode me ajudar? O que eu dizia? Eu digo: cara, procura o SEBRAE. Entende? Porque eu não conseguia atender o empreendedor. Eu não tinha um produto, entende? Porque para atender o empreendedor direto, assim, exige tempo, sabe? Não dava. Preço. Não adianta o cara chegar lá e dizer, eu vou cobrar lá uma grana. Mas isso é o que eu faturo por mês. Não dá. E aí a gente começou… então, isso me incomodava. A Paola Tucunduva, que é minha sócia e que é uma pessoa que pensa muito diferente de mim em vários aspectos, ela também tinha esse mesmo approach. Agora ela está morando em Miami faz um ano e dois meses. E ela tinha aqui no EMPRETEC mais de 90 turmas em São Paulo. Então a pessoa termina o EMPRETEC uma semana. Porra, adorei, como é que eu faço? Queria que tu me ajudasse. Acabou. Eu não tenho… ela é coach. Mas eu não quero fazer coach. Eu queria mentoria. Não tem. E ela não conseguia. Ela tinha essa história com o marido dela, feito investimento lá nos Estados Unidos. Eles tinham green card, ela tinha que ir. Esse foi o momento em que a gente se encontrou. A gente tem uma entrevista no Youtube, eu e a Paola, sobre CANVAS, que é de 2013. Tem 200 mil visualizações, ela tem 45 minutos. É uma coisa assim, tipo, muito… porque as pessoas não ficam tanto tempo num assunto como esse. Então eu e a Paola, sempre deu uma liga nessa coisa de entrevista e coisa assim. E ela ia para Miami e a gente pensou: o que a gente vai fazer? E a gente começou então a criar um modelo que fosse capaz de atender esse empreendedor de uma forma contínua e que a gente pudesse acompanhar por um preço bastante razoável, que ele pudesse pagar e que a gente pudesse inserir na nossa loucura de vida. Ela está morando em Miami, eu vivo de dar palestra, de dar aula, não sei o quê. E a gente criou um negócio online. A pessoa tem um acompanhamento, principalmente. Por isso que a gente faz o Desafio da Execução. É para promover e para divulgar o trabalho dos Protagonistas. Porque assim, você tem marcas. A gente, os Protagonistas, ajuda aquela pessoa, que às vezes ela procrastina. Ela tem ideias, ela tem muitos planos. Ela não sabe direito o que ela faz primeiro. Eu tenho que melhorar a minha loja, eu tenho que melhorar o meu site, os meus funcionários não estão bem. O que será que eu tenho que fazer? Daí começa o ano e o cara: o que eu faço agora? Daí sabe o que é o pior, que faz? Faz um pouquinho de cada um, malfeito. Entendeu? Então eu vou dar 15 minutos para o meu coisa. Eu vou lá, mudo na vitrine um pouquinho. No coisa eu boto uma foto lá que é ruim. Tu vê, eu fiz um pouquinho de cada coisa. cara, isso nos negócios – como eu falei – é cada vez mais difícil. Eu tenho uma frase que é minha – que eu acho, pelo menos eu nunca ouvi as outras pessoas falarem – que é assim: é cada vez mais fácil abrir um negócio. É cada vez mais difícil um negócio dar certo. Certo? Qualquer um. Vamos abrir um negócio aqui, um blog? Vamos. Vamos abrir um jornal? Vamos. Vamos abrir uma loja? Vamos. A gente pode abrir uma loja agora. A gente pode fazer o que a gente quiser. Abrir MEI, tu vai lá pela internet, cria um CNPJ. A coisa cria um negócio. Só que fazer esse negócio girar é difícil. Por quê? Não é – de novo – a política. É o tempo em que a gente está vivendo. Em que há uma oferta. Existe um conceito chamado lógica do serviço dominante. As pessoas querem, se acostumam – de novo a coisa do cérebro – muito rapidamente com o que é bom. Por que… eu uso táxi às vezes, porque eu preciso usar o corredor, muitas vezes uso Uber. Tenho taxistas da minha confiança, enfim. Uma série de motivos, várias vezes eu saio do táxi e tenho que pagar. Mas não vai me pagar meu amigo? Não, desculpe. Por quê? Porque tu está acostumado já com Uber. Certo? Então, o ser humano se acostuma com essas coisas. Tu tem uma padaria, tu compra lá todo dia. Depois o cara vai na Bela Paulista, o cara vai na Galeria dos Pães. Tu falou de viajar. O cara vai numa coisa. Porra, o cara vai em Paris. O cara vai em Buenos Aires, que é aqui do lado e começa a ver uma padaria de um jeito diferente. Ele começa a achar aquela padaria lá meio estranha. O empresário, se ele não se toca disso, ele vai começar a perder cliente. Ele começa a perder cliente, ele começa a demitir, ele começa a atender mal. Isso começa a vir menos gente. E entra numa espiral negativa. E isso é ruim para ele, é ruim para o Brasil, é ruim para todo mundo. Entende? A nossa ideia dos Protagonistas é tentar inverter essa lógica. Como a gente sabe que as pessoas não são educadas para empreender. Como a gente tem uma capacidade didática. Eu dei aula. Tem várias coisas da minha vida que ficaram puladas. Tipo, eu dei aula na ULBRA em Porto Alegre. Isso é bem importante, porque eu estava… quando eu fui para Porto Alegre, eu estava na RBS, 22 anos, eu comecei a dar aula na universidade também. Tu vai me perguntar: como? Não sei. Foi alguém que me convidou. Porque era a história seguinte: era curso para jornalistas. Certo? Aí o programa era o seguinte: aprender a formatar disquete, a copiar arquivos. Então, os alunos odiavam. Certo? E eu, a minha primeira aula foi fazer o disco do Pet Shop Boys aquele, Introspective, sem as linhas. Os alunos adoraram. Entendeu? Por quê? Porque eles viram a aplicação. Era informática na comunicação o nome da disciplina. Então tanto eu quanto a Paola temos uma história. A Paola é da Fundação Dom Cabral, do SEBRAE, a gente tem uma capacidade de ensinar e de conseguir mostrar que… que nem eu estive agora, no início do ano, no Power House lá, com o Flávio Augusto, do Meu Sucesso. E aí eu estava ouvindo a história dele. Que ele pontuou a história dele de mostrar assim, coisas que ele não sabia. Tipo: ele não sabia vender. Ele começou a vender. Ele não sabia abrir escola de inglês. Começou a abrir escola de inglês. Ele não sabia fazer franquia. Ele começou a fazer franquia. Ele não sabia vender a franquia para um grupo. Daí ele aprendeu. Ele não sabia recomprar. Daí ele recomprou. Assim ele vai. Então tu tem na tua vida de empreendedor, momentos em que tu precisa mudar o teu mindset. Tu tem que mudar a tua carapuça. Tu tem que fazer diferente. Porque senão o cara… é o mercado editorial, é o mercado de bens de consumo, é alimentação. Pega hoje o que as pessoas estão comprando por APP, por Uber Eats. E aí o cara está lá embaixo no restaurante dele, dizendo assim, a pessoa não entende e diz assim: eu tenho caprichado tanto aqui no meu bife. Está tão bom. E o cara não vem. E ele vinha, por que será? Entende? E isso pode acontecer com qualquer coisa. A mulher lá tem uma roupa, tem uma camisinha bonita. Eu comprei uma camisa linda agora. Mas a cliente não apareceu. Mas por que será que ele não apareceu? No B2B, pega aí um cara que é prestador de serviço. Certo? O cara é instalador, não sei o quê. Estava indo tudo bem. E agora não, os meus clientes não me procuram mais. Então, isso acontece para quem tem. Há um outro risco que a gente tem, de missão de vida dos Protagonistas que é: fazer com que quem esteja abrindo um negócio não perca dinheiro. Porque é muito comum do cara assim: agora ess crise, não sei que, ta-ra-ra. Eu vou numa feira. Tem uma coisa de imprimir caneca. Olha só que legal. Ele pega uma foto tua, imprime a caneca. O cara te levou, entendeu? Caneca com a minha foto. E o cara te mostra uma planilha e diz assim: se tu vender 100 canecas por dia, cara, tu vai ganhar R$19.000,00 líquido. Chega em casa com a máquina…
Luciano Pires: Você lembra da máquina de fralda? Lembra? Lembra?
Marcelo Pimenta: Então, isso é muito comum. Gelateria, paleteria, brigaderia. O Brasil gosta. As pessoas gostam dessa coisa meio mágica, milagrosa. Não, vou abrir uma paleteria, agora vai dar tudo certo. Abrir uma hamburgueria, vai dar tudo certo. Aí tem que usar… tem que… mas não pode ser qualquer uma, tem que usar um monte de coisas retrô e tem que comprar aquelas lâmpadas tipo incandescentes. Então, sabe? Tipo, cara, não é assim. E assim, como eu sei que tem muita gente que vai ouvir e que não vai fazer os Protagonistas e mesmo assim, eu quero ajudar, é o seguinte: te conecta com o teu cliente. Descobre a dor de alguém. É assim que a coisa, que o negócio dá certo, sabe Luciano? É bem simples até. Não é o que tu quer fazer. Não é a ideia que tu teve. É a ideia de um cliente que está passando necessidade. Porque ele quer mais rápido. Ele quer melhor. Ele quer mais fácil. Ele quer mais gostoso. Ele quer mais bonito. Ele quer diferente. Então: olha só, olha aqui, então, pum. É por isso que tu pega Uber, WhatsApp, Netflix. Tudo isso que está dando certo. Cara, são problemas que as pessoas tinham, que os caras resolveram. Por que não foi – eu sempre digo em sala de aula – por que não foi a Globo que criou o Netflix? Eu, faz vinte e poucos anos que não vejo televisão, não tenho mesmo. Mas tu não tem nem NET? Não, não tenho. Mas tu não tem Sky? Não, eu não tenho. Daí eu vejo assim: agora tem uma série de Elis Regina, que diz que está maravilhosa, não sei que, ta-ra-ra. Legal, deve estar passando. A Globo tem esse acervo, tipo, Disco de Ouro. Globo de Ouro na sexta-feira. Tem todos os melhores cantores em alta resolução lá. Por que não tinha isso? Por que não vendeu isso numa coisa há 10 anos atrás ou há 15? Se eu fui para o Rio, no Alternex, que é pertinho da Globo, em 94 e eles tinham servidor de FTP…
Luciano Pires: É a síndrome de Kodak. Por que não foi a Kodak que lançou a máquina digital? Me fala uma coisa. como é que funciona o Protagonista? Eu tenho aqui a minha… estou interessado em aprender com vocês e fazer parte e tudo mais. O que é isso? Eu vou lá, me matriculo? É uma escola? É uma assinatura? O que é?
Marcelo Pimenta: É uma assinatura. É um programa, que a gente chama.
Luciano Pires: É um site?
Marcelo Pimenta: sejaumprotagonista.com.br. Tem lá todo…
Luciano Pires: sejaumprotagonista.com.br?
Marcelo Pimenta: É. Você vai lá e você tem as informações que vão funcionar. Mas a gente vem tentando se… apesar de ser novo assim, no sentido de inovador, a gente precisa ser bastante claro e objetivo. Como eu te disse: hoje a gente ajuda os empreendedores que querem lucrar e crescer. Ponto. Isso é o negócio. Eu quero… o negócio está indo muito bem. Eu acho que eu não quero ajuda. Não precisa. Eu estou achando… tem uma coisa chamada solidão do empreendedor. Os caras às vezes, não tem com quem conversar. Certo? Lá tem o grupo, tem a própria gente, enfim. E aí a gente tem duas questões. Um – que eu quero te convidar esse ano para participar – que é na terça-feira, a gente traz um convidado. Normalmente tratamos de quatro temas. Ou o cara é um personagem que teve uma história de vida muito assim, para as pessoas entenderem a coisa, a vida como ela é, essa coisa de não aparecer só a vida que está no Facebook. Ou a gente trata de marketing e vendas. Que a gente acredita assim: a grande… 80% dos nossos Protagonistas, a principal deficiência deles está na aquisição de clientes. Certo? Então, marketing e vendas a gente acha que é uma coisa muito importante. Um a gente trata de inovação, como descomplicar essa coisa. então a gente tem no portfólio, por exemplo, a Sônia. Se você está nos ouvindo aí e mora em São Paulo, você pode acessar www.lavezap.com.br. É a primeira lavanderia pelo WhatsApp. A pessoa pede o orçamento, deixa lá o saco, pega e recebe. Ela é uma pessoa de sessenta e poucos anos, ela tem a Sônia. Se reinventou, cara. De uma lavanderia que estava… ninguém ia mais na lavanderia. Entende? Ela conseguiu. Ela tem duas lojas. Está pensando em fechar uma, porque o Lavezap está dando mais certo. Então, ela consegue assim. Então, são pessoas como a Mônica. A Mônica chegou com a gente, ela tinha um curso de japonês. E ela tinha uma missão assim, de vida e tudo. E ela cobrava 14,90 por mês. Na hora que a gente viu: 14,90? Era impossível um negócio iniciante, por 14,90. Não tem como tu parar em pé. Tu tem que vender milhões. E daí, para tu vender milhões, vai demorar muito tempo, usando muito dinheiro. E aí ajudamos ela a entender. Tu precisa ter produtos com ticket maior, mesmo que tu venda menos, para tu fazer caixa, para tu ter um plano a 14,90, para um dia vender. Quer dizer, então, resolveu o problema. Então, nós temos vários perfis de clientes que a gente ajuda eles a se conectarem com os clientes deles e, principalmente, dizer o que eles precisam fazer primeiro. Então, a ideia é essa. Então, tipo assim: eu tenho um monte de coisa para fazer. Faz primeiro isso, depois faz aquilo.
Luciano Pires: Legal.
Marcelo Pimenta: Porque senão, às vezes, as pessoas se confundem. E como eu te disse: faz errado. O cara: vou fazer cartão de visita. É muito comum. Tem uma história com o SEBRAE dentro do CANVAS, ela é interessante. Porque o SEBRAE até 2002, 2003, por aí… não, não, desculpe, 2012. Mais recente, 2010, 2012, faz uns 10 anos que a gente lançou. Ele dizia assim: para tu abrir um negócio, tu tinha que fazer um plano de negócio, contratar um contador e abrir um ponto. Descobrir o ponto onde é e alugar o ponto. Porque o ponto era uma coisa… isso era a trilha. E a gente inverteu. Eu consegui, fui eu que escrevi lá a cartilha. É uma publicação hoje, são direitos autorais do SEBRAE, mas estão cedidos por mim. Que a gente diz que a primeira questão é tu criar um modelo que seja conectado com o cliente, que tu possa experimentar esse modelo. E aí que tu vai – se der certo – tu vai formalizar, tu vai alugar um ponto, se for preciso. Porque hoje, muitas empresas não precisam desse ponto para trabalhar.
Luciano Pires: E não é só a empresa. O diretor que saiu da empresa agora, se aposentou, montou seu próprio negócio de consultoria. A primeira coisa que ele faz é alugar um espaço, colocar uma secretária, botar uma puta linha de internet, sentar ali e esperar aquilo ali, no dia seguinte começa a chegar o cliente. E o cliente não chega.
Marcelo Pimenta: Aí eu acho que o mais importante de entender, o que eu mais gosto dos Protagonistas é que a gente vê a diferença mesmo, de coisas que às vezes as pessoas não veem. Não veem, não enxergam. Como mesmo tu disseste: o cara pode achar que tem que alugar uma secretária. E que isso é uma ilusão. Então, a gente ajuda a se conectar com um problema. E o que eu ia dizer é: o Brasil – se tu for ver – está com uma oportunidade muito grande. Muito grande. Porque o nosso número de problemas é enorme. Então, você pode fazer tipo: para quem está nascendo, para quem está morrendo, para quem está casando, para quem está saindo casa, para quem está indo… tem milhões de coisas para fazer. E as pessoas dizem assim: mas no Brasil é muito ruim de empreender. Sabe o que eu gosto de dizer? Vai para a Suíça. Vai lá. Abre um negócio lá. Vai para a Alemanha, vai disputar com os caras lá da Alemanha para tu ver, o grau de eficiência que tu vai ter que iniciar o teu negócio, para tu conseguir na Alemanha. Vai agora para Paris.
Luciano Pires: Grande Menta, dá para ficar aqui até depois de amanhã a gente conversando. Me fala uma coisa aqui: quem quiser conhecer mais o trabalho de vocês e tudo mais? Você já me deu um link, uma URL que é sejaumprotagonista.com.br. Tem mais alguma coisa?
Marcelo Pimenta: Sim. Eu acho que comigo, palestras, cursos e coisa assim, no marcelo.pimenta.com.br lá daí tem várias formas. Tem curso que eu dou In Company, tem coisas que eu faço para a ESPM. A gente tem outros parceiros aí de saber de eventos como Epicentro e outros. De organizar o Desafio da Execução. Esse ano a gente fez Florianópolis, fez Cuiabá, fez São Paulo. Agora a gente já tem data para fazer em Vitória, em Salvador, em Miami,
Luciano Pires: O quê?
Marcelo Pimenta: Esse evento que é tipo um Epicentro assim, de maluco. Mas o foco dele é execução. Então, a gente pega casos de pessoas que conseguiram vencer. Se chama Desafio da Execução. É um evento que normalmente, ele é gratuito ou como o Epicentro, assim, paga as despesas. Não tem fins lucrativos. Para conseguir disseminar aí esse vírus da inovação, para que as pessoas consigam fazer da vida o que elas querem.
Luciano Pires: Isso aí. Grande Menta, muito obrigado pela visita. Gostou do nosso papo aqui?
Marcelo Pimenta: Ótimo. Maravilha. Para mim, um privilégio.
Luciano Pires: É isso aí, cara, vamos tocar. Você vai sair na temporada 11, que sai agora em fevereiro de 2019. E daí para frente é só alegria.
Marcelo Pimenta: Obrigado aí a você, pela oportunidade. Obrigado a você que teve paciência de nos ouvir até aqui.
Luciano Pires: Mas faz parte. Um grande abraço, meu velho.
Marcelo Pimenta: Valeu, obrigado.
Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LíderCast, a transcrição deste programa, você encontra no LíderCast.com.br. Para ter acesso a esta temporada completa assine o cafebrasilpremium.com.br e receba imediatamente todos os arquivos. Além de ter acesso ao grupo cafebrasil no Telegram, que reúne ouvintes dos podcasts Café Brasil e LíderCast, que discutem em alto nível, temas importantes, compartilhando ideias e recebendo conteúdos exclusivos. Lembre-se: cafebrasilpremium.com.br. Essa temporada chega a você com o apoio da Nakata, que é líder em componentes de suspensão. Cuide bem de seu carro com as dicas do blog.nakata.com.br.
Locutor: Você ouviu LíderCast, com Luciano Pires. Mais uma isca intelectual do Café Brasil. Acompanhe os programas pelo portal cafebrasil.com.br.
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