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Luciano Pires -

Narrador: Bem-vindo ao LiderCast, o podcast para quem quer saber mais sobre liderança. Apresentação, Luciano Pires.

Luciano Pires: Bom dia, boa tarde, boa noite. Bem-vindo, bem-vinda a mais um LiderCast, um podcast que trata de liderança e empreendedorismo, com gente que faz acontecer. No programa de hoje, Diego Porto Perez, o elétrico secretário de esportes do governo de Pernambuco. Um jornalista que dá uma guinada na carreira, muda de lado. E hoje está impactando na comunidade pernambucana. Este não é um programa de entrevistas, não tem perguntas programadas, nem roteiro definido. É um bate-papo informal com gente que faz acontecer, que vai para lugares onde nem eu, nem meu convidado imaginamos. Por isso, eu não me limito a fazer perguntas, mas dou meus pitacos também. Você está entendendo? Não é uma entrevista. É um bate-papo. O LiderCast é lançado por temporadas. Os assinantes da Confraria Café Brasil e do Café Brasil Premium tem acesso imediato à temporada completa, assim que ela é lançada. São mais de 24 horas de conteúdo de uma vez só, cara. Os não assinantes receberão os programas gratuitamente, um por semana. Para assinar acesse cafebrasilpremium.com.br. Esta 10ª temporada do LiderCast chega até você com o apoio da Nakata, que é líder em componentes de suspensão. Cuide bem de seu carro com as dicas do blog.nakata.com br.

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LiderCast, a transcrição deste programa, você encontra no lidercast.com.br. para ter acesso a esta temporada completa assine o cafebrasilpremium.com.br e receba imediatamente todos os arquivos. Além de ter acesso ao grupo cafebrasil no Telegram, que reúne ouvintes dos podcasts Café Brasil e LiderCast, que discutem em alto nível, temas importantes, compartilhando ideias e recebendo conteúdos exclusivos. Lembre-se: cafebrasilpremium.com.br. Essa temporada chega a você com o apoio da Nakata, que é líder em componentes de suspensão. Cuide bem de seu carro com as dicas do blog.nakata.com.br. Muito bem, mais um LiderCast, daqueles que a gente gosta de fazer, porque ele vem de conexões, sabe, alguém escuta, lembra de alguém, fala para alguém, comenta com um, comenta com outro. Então, de repente a pessoa chega aqui, por indicação. No caso, aqui, um ouvinte participa de uma aula e fica encantado e fala: meu, você tem que falar com esse cara. Trocamos um… cara, foi rápido. Trocamos dois e-mails em dois, três dias, sei lá, uma semana. Ele está aqui. Três perguntas fundamentais, aquelas que você não pode errar. Qual é seu nome, sua idade e o que você faz?

Diego Porto Perez: Primeiro, obrigado, Luciano, um prazer enorme, uma honra, por esse espaço, por essa oportunidade, por essa nova conexão. Meu nome é Diego Perez, eu tenho 35 anos, sou secretário executivo de esportes do governo de Pernambuco. Jornalista de formação, pós-graduado em Gestão Pública. Apaixonado pela vida e por compartilhar conhecimento.

Luciano Pires: Grande figura, cara. Então, estamos com um político aqui na frente? Ou você não se considera um político? Você é um administrador ou um político?

Diego Porto Perez: O ser humano é um ser humano político. Quem é gestor e quer negar a política é mais uma oportunidade de marketing. É mais uma oportunidade de querer criar um estereotipo “novo” para um possível eleitor. Eu sou… não tenho filiação partidária. Eu sou um apaixonado por servir ao próximo, por ajudar a melhorar a vida das pessoas. O meu propósito é melhorar a vida das pessoas. O meio pode até mudar. Se na gestão pública, se através de cursos, se é através do jornalismo, se é através de palestras – algo que você faz com maestria – o meio pode mudar. Mas o meu propósito é melhorar a vida das pessoas, compartilhando conhecimento, trabalhando bastante.

Luciano Pires: É um político, cara. O discurso redondinho. Mas é legal. É legal saber disso aí. Vamos explorar um pouquinho a tua… essa tua história aí. Você nasceu onde?

Diego Porto Perez: Eu nasci no Recife, 1982, 09 de setembro.

Luciano Pires: E 09… ah não, é 09 de fevereiro que tem um lance…

Diego Porto Perez: O Dia do Frevo.

Luciano Pires: O Dia do Frevo, né? 09 de frevereiro. Era o show do nosso amigo Antônio Nóbrega, grande Antônio Nóbrega. Teu pai, tua mãe, o que eles fazem ou faziam?

Diego Porto Perez: Minha mãe é psiquiatra, meu pai foi técnico de futebol, foi goleiro do Palmeiras, inclusive, campeão brasileiro, campeão do Paraguai Juan Perez.

Luciano Pires: Juan Perez?

Diego Porto Perez: Foi campeão brasileiro em 67, que era o Torneio Roberto Pedrosa, faleceu no ano de 2014. Minha mãe vivíssima, graças a Deus, trabalhando bastante, psiquiatra, cuida de toda a família com muita maestria.

Luciano Pires: Tua mãe é brasileira?

Diego Porto Perez: Minha mãe é brasileira.

Luciano Pires: Teu pai?

Diego Porto Perez: O meu pai é paraguaio.

Luciano Pires: Paraguaio?

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: E veio para o Brasil para jogar bola?

Diego Porto Perez: Veio para o Brasil para jogar bola. Nessas idas foi jogar no Sport. Minha mãe o conheceu quando ele jogava no Sport. Foram casados durante 26 anos. Depois se passaram quase 30 anos. Depois passaram por um processo de separação. Rodei um pouco o mundo, acompanhando Arábia Saudita, o Al Hilal da Arábia. E alguns outros times que o meu pai treinou. Era preparador de goleiros. Acompanhei o esporte desde perto. E tenho esporte no meu sangue, literalmente.

Luciano Pires: Claro, né? Como que é ser filho de jogador de futebol, cara?

Diego Porto Perez: Eu não acompanhei muito ele como jogador, acompanhei como técnico. Preparador de goleiros e técnico.

Luciano Pires: Que idade você tinha quando ele parou de jogar?

Diego Porto Perez: Não, eu já…

Luciano Pires: Ah, você nasceu…

Diego Porto Perez: Eu nasci, ele já era preparador de goleiros. Depois se tornou técnico ficava alternando entre as duas profissões.

Luciano Pires: Eu preciso pegar um filho de jogador. Esse lance de ligar a televisão: olha o teu pai jogando.

Diego Porto Perez: Uma pressão grande, né?

Luciano Pires: Olha o teu pai fazendo gol, né?

Diego Porto Perez: Os meninos na escola brincando, né?

Luciano Pires: Pois é, cara. Interessante isso aí. Pô, mas que legal. Você tem irmãos?

Diego Porto Perez: Tenho um irmão, Juan Perez. Hoje mora nos Estados Unidos. Eu tenho uma irmã, arquiteta, Suzana Perez, mora comigo. Mãe do amor da minha vida, minha sobrinha Luma.

Luciano Pires: Que legal. E fala uma coisa para mim. Você… qual era o teu apelido quando era criança?

Diego Porto Perez: Dido.

Luciano Pires: Dido?

Diego Porto Perez: Dido. Pela minha mãe é o Louro. Porque eu tinha o cabelo claro, tinha o cabelo – como a gente chama lá no Recife – galego. Então, me chamavam de Louro

Luciano Pires: O que o Louro queria ser quando crescesse?

Diego Porto Perez: Eu queria ser veterinário. Até a 8ª série especificamente, eu queria ser veterinário, porque eu adoro bicho. Só que eu achava que era cuidar de bicho. Botar no braço, fazer carinho. Depois que eu fui descobrindo que faz cirurgia, que vê o animal sofrer e tal. E aí eu mudei de ideia. Sempre gostei muito da parte de comunicação. Fiquei até o limite entre Publicidade e Jornalismo ou, talvez, Letras, no vestibular. E optei por Jornalismo, 2005 me formei. Graças a Deus, no Jornalismo, realizei todos os sonhos que tinha que realizar. Assim, que eu pude realizar também, duas Copas do Mundo, uma Copa das Confederações.

Luciano Pires: Você foi para o jornalismo esportivo?

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Esportivo?

Diego Porto Perez: Trabalhei também na área geral. Mas o foco maior, o jornalismo esportivo.

Luciano Pires: Jornal, rádio, TV?

Diego Porto Perez: TV, site e coluna no jornal, Jornal do Comércio, eu era colunista. Fui apresentador e editor chefe num programa chamado Replay. Cobri duas Copas do Mundo, a Copa das Confederações, com a seleção brasileira, para o SBT Nordeste. Todas as emissoras afiliadas do nordeste. Uma experiência maravilhosa, o Jornalismo me proporcionou.

Luciano Pires: Eu imagino. Eu tenho Jornalismo no sangue também. O meu pai é jornalista até hoje. O meu pai está com 92 anos de idade, faz um jornal mensal em Bauru até hoje, ele faz o jornal sozinho. E é jornal mesmo, jornal editado e publicado há quarenta e tantos anos, o jornal existe. E eu cresci a vida inteira com uma casa de jornalista. Jornalista de jornal impresso, de rádio. O meu pai era radialista, tudo. Então, acompanhei aquilo tudo lá e acabou que ficou no sangue. Nunca exerci a profissão de jornalista, mas eu tenho horas e horas de… de prática. Contato com os amigos jornalistas e tudo mais. E acabei que eu segui por esse caminho. Hoje quando eu entro num hotel, eu escrevo jornalista. Eu vou lá. Porque não precisa explicar para ninguém. Você vai lá e está resolvido. Mas é uma coisa fascinante, porque lida com comunicação. A vida me levou para um outro caminho. Eu acabei indo para o Marketing, que está tudo envolvido. Porque no fim eu lido com comunicação.

Diego Porto Perez: Está tudo relacionado, né?

Luciano Pires: Eu vim parar aqui, onde você está vendo. Eu estou fazendo Jornalismo. Nesse momento, aqui, eu estou fazendo Jornalismo. Eu estou investigando uma pessoa. Eu estou num ambiente de rádio, embora seja um podcast, o ambiente é de rádio.

Diego Porto Perez: Estabelecendo conexão.

Luciano Pires: E acabei que eu voltei para a raiz, cara. Eu estou fazendo hoje o que o meu pai fazia há 60 anos atrás. É bem louco isso aí.

Diego Porto Perez: Questão de sangue também, né? A gente não consegue explicar, mas está lá.

Luciano Pires: Alguma coisa carrega. Leva você para lá, né? Então, que interessante. Você botou em mente que queria fazer Jornalismo, cursou a faculdade e foi fazer. E isso aconteceu e você se realizou no Jornalismo, né?

Diego Porto Perez: Isso. No final de 2015… no final de 2014, pós Copa do Mundo, eu vivi o melhor momento no jornalismo esportivo, na minha vida toda. Eu recebi o convite para assumir a Secretaria Executiva de Esportes do governo de Pernambuco.

Luciano Pires: Quer dizer, na ressaca, naquela ressaca do 7X1. Na ressaca do 7X1…

Diego Porto Perez: Já no período final. Eu estava lá.

Luciano Pires: E você recebeu um convite. Cara, quem te convidou?

Diego Porto Perez: Então, no final de dezembro eu recebi a ligação do então secretário de Turismo, Esportes e Lazer, Filipe Carreiras, atual deputado federal. Ele me fez o convite, disse: Diegão, vamos? Eu não tive nem muito tempo de pensar.

Luciano Pires: Pois é. Você é um jornalista.

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Esse cara te convidou. Ele não te convidou pelos teus atributos como jornalista. Eu não vou te convidar para um cargo administrativo, porque o cara é um bom jornalista. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Tem excelente jornalista que pode ser um horror administrando. Você tinha contato com ele? O que ele viu para te convidar? De onde veio isso?

Diego Porto Perez: Então, eu tinha contato com ele em outro ramo, na parte de entretenimento, onde eu já fiz assessoria de imprensa. Mas já não tinha um contato há um bom tempo. A gente sempre dizia que queria trabalhar juntos nesse ramo de entretenimento. E aí mudaram as carreiras, mudaram os caminhos. E nunca esperei. Não sou do partido político, nada contra, não sou filiado, não fiz campanha. Foi uma grande surpresa. Eu tinha um planejamento do outro ano todo preparado, pessoal, profissional, do programa, do jornal.

Luciano Pires: No Jornalismo?

Diego Porto Perez: No Jornalismo. Todo pronto, o planejamento. Bem no final de dezembro eu recebi a ligação. E é daquelas ligações que você não consegue recusar. Não é emprego, não é cargo, sabe? É, primeiro, um desafio grande. Você sai da zona do conforto. Eu não sabia nada de gestão pública, eu não tenho vergonha de dizer isso: eu não sabia nada mesmo de gestão pública. Continuo não sabendo muita coisa, mas já melhorei um pouco mais.

Luciano Pires: O fato de saber que não sabe, hoje em dia no Brasil, cara, reconhecer que não sabe já é um passo gigantesco, cara.

Diego Porto Perez: Eu entrei sem saber nada mesmo. E aí fui buscar aprender, ouvir todo mundo, trabalhar como todo mundo, junto com todo mundo, para poder solucionar os problemas lá no esporte.

Luciano Pires: Por que ele te chamou?

Diego Porto Perez: Ele diz que é pelos resultados que eu apresentei no Jornalismo. Assim, a comunidade esportiva sempre me respeitou muito. Eu vivi assim, um grande momento. Alguém de uma emissora local estar acompanhando a seleção durante 46 dias. Nos últimos dois anos, o programa que eu comandava era um dos mais rentáveis da TV, entre primeiro e segundo lugar de audiência, com projetos especiais, que captavam muitos recursos para a televisão. O blog que eu coordenava, era o editor chefe, era um dos mais acessados na área esportiva do país, estava entre os cinco mais acessados, chamava Blog do Torcedor. E tinha uma coluna também no Jornal do Comércio. Eu sempre tive um respeito muito grande e trabalhei muito, de uma maneira muito intensa em tudo na minha vida, não só no Jornalismo. Tudo que eu fiz e faço, eu faço de maneira muito intensa. Sabe daquelas oportunidades – que eu digo que foi Deus assim – que não tem um motivo, assim, específico para isso. Ele disse que queria uma coisa diferente, perguntou aos amigos. Os amigos foram indicando. Foi perguntando, foi perguntando, foi perguntando. Sabe aquelas conexões, que um dia acaba voltando e você sabe que fez o certo lá atrás, que acaba gerando positividade?

Luciano Pires: Sim. Você constrói uma carreira. Constrói uma carreira consolidada, que você está falando: o negócio estava bem, estava caminhando. De repente, aparece um sujeito com um convite para você assumir uma coisa que você sabe que é temporária.

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Tem… primeiro: se tudo der certo, são 4 anos.

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Talvez dê mais 4, se tudo continuar. Mas se tudo der muito certo são 4 anos. E é uma coisa num meio político, que é totalmente… aquilo é insano, cara. Aquilo é insano. Tem pressões para todo lado, tem mar de lama, tem sacanagem, tem tudo. Você vai ser obrigado a trabalhar com gente que você não gosta e que não pode ser mandada embora, porque aquilo é serviço público. E você está acostumado a trabalhar com sistema de meritocracia aqui fora, onde lá não vale. E as coisas são muito complicadas, né? Como é que você avaliou isso aí? Aliás, eu estou pensando uma outra coisa assim: e ao mesmo tempo, 2014, que o fator Eduardo Campos, se preparando para voar. Quando você foi chamado o Eduardo Campos…

Diego Porto Perez: Já tinha falecido.

Luciano Pires: Já tinha morrido? Tá. Já tinha… tá. Então…

Diego Porto Perez: Final de dezembro, eu fui convidado.

Luciano Pires: E aí aparece diante de você essa oportunidade, muito incerta, né? Aí você olhou e falou: cara, aqui eu tenho certo, que está indo muito bem. E aqui eu tenho o incerto. Eu não sei se aqui no incerto tem mais dinheiro do que tem no certo. Provavelmente, se eu conheço um pouco o serviço público e se você não está metendo a mão, não tem dinheiro. Não é por dinheiro. Então é uma outra coisa, que com trinta e poucos anos de idade, eu consigo entender, sabe? Eu vou entrar para arrebentar as coisas. A tua família, você estava solteiro? O que é, quando você recebeu?

Diego Porto Perez: Sim. Sou solteiro. Eu estava solteiro também. Ninguém gostou muito.

Luciano Pires: Isso que eu ia te perguntar. Então você chega em casa e fala: gente, tudo isso maravilhoso, eu largo para entrar naquele time lá que todo mundo olha com… como é que é essa avaliação, cara? Como que é essa…

Diego Porto Perez: Foi uma decisão que foi rápida, mas não foi fácil. E aí a decisão tem que ser tomada. E a gente tem prós e contras e como qualquer decisão na vida. Se eu fosse ouvir o que me diziam, eu não iria. Eu nem ouvi muito também, para não ficar com isso. Eu também gosto muito, Luciano, de ir pela minha intuição. Eu vou contar um pouquinho uma história, que aí você vai entender um pouco dessa mente um pouco doida. Eu estava assistindo o Caldeirão do Huck, perto de dezembro, aí em dezembro, perto de quando eu recebi o convite. E eu vi um projeto social de Minas, um quadro lá, que o Luciano Huck vai e transforma um projeto social. E esse projeto social era projeto esportivo, chamava Gol de Placa, se a minha memória ajudar, chamava Gol de Placa. E eu assisti, era um período próximo do Natal já. E eu me emocionei muito com essa matéria. E quando acabou a matéria, eu chorei muito, não tenho vergonha de dizer isso. E eu fiz um pedido a Deus na hora. Eu tenho uma fé muito grande, muito grande, muito grande. E eu fiz um pedido a Deus de imediato. Eu disse: Deus, me dá oportunidade de no próximo ano, eu poder ajudar um projeto social e lá na frente eu ter o meu projeto social. Eu acredito muito nesse tipo de trabalho. Um trabalho sério, se for bem feito. Isso aí, passaram dois, três dias. E aí tocou o telefone. Primeira ligação era de pessoas próximas do Filipe: tu toparia? Eu fiz um cálculo. Não, isso deve ser parte de comunicação, que é minha área, ou de marketing, que eu gosto muito, enfim.

Luciano Pires: O que o Filipe era? Na época, qual era o cargo dele na época?

Diego Porto Perez: Secretário de Turismo do Recife.

Luciano Pires: Ele era o secretário de Turismo. Tá.

Diego Porto Perez: Ele foi eleito deputado federal e foi convidado para ser secretário de Turismo, Esporte e Lazer de Pernambuco. E eu me emocionei muito. Três dias depois começaram as ligações de algumas pessoas próximas a ele, perguntando se eu toparia.

Luciano Pires: Toparia ser o quê? O que foi dito a você?

Diego Porto Perez: Então, não foi dito. Fazer parte da equipe. E aí eu pensei: não, eu fico na TV pela manhã até o meio da tarde, dou uma consultoria em comunicação – eu não entendia como funcionava, achava que o pessoal não trabalhava muito – o pessoal não trabalha muito. De repente, dá. Eu vou dizer que eu acho que eu toparia. E aí não deu mais dois dias, ele já fez a ligação. Eu estava de férias do jornalismo, período de final de ano. Ele disse: posso anunciar? Eu disse: topo. Mas deixa eu ir lá conversar com a minha equipe. Que eu tenho uma conexão muito forte até hoje. A gente começou um programa com 4 pessoas e terminamos com 16. Uma conquista muito grande. Hoje a gente mantém o vínculo.

Luciano Pires: Na TV?

Diego Porto Perez: A gente tem um vínculo muito forte até hoje, de tudo. A gente cresceu junto.

Luciano Pires: No SBT?

Diego Porto Perez: No SBT regional, no SBT Recife. E aí quando ele fez, eu, de imediato eu já liguei, já associei também a esse projeto social, que eu pedi a Deus para ajudar um projeto social e vem essa possibilidade agora, de poder ajudar muitos. Muitos. E aí eu não construí cenário. Eu podia estar aqui com um discursinho bonitinho: construí cenário futuro, analisei a economia do país. Não analisei porcaria nenhuma. Se fosse analisar, de repente, nem aceitaria.

Luciano Pires: Você não iria?

Diego Porto Perez: Não iria. Todos os cenários racionais aí, não iria. Não é o financeiro, não é o momento econômico, não é estrutura, enfim. Era para não ir. E aí eu fiquei com uma intuição muito forte, muito forte, muito forte, de que iria dar certo, de que iria dar certo. Antes de assumir, fui novamente na igreja e vi uma palavra muito forte de: vai dar certo. Vai dar certo. Um amigo meu, que não sabia dessa situação, chegou no meu ouvido e disse: fica tranquilo que vai dar certo. Sem saber de situação nenhuma, no meio de uma oração. E aí…

Luciano Pires: Dá uma pausa. Dá uma pausa. Deixa… eu vou fazer agora um contorno. Aqui é assim.

Diego Porto Perez: Tá, fica tranquilo.

Luciano Pires: Esse aqui é um programa que funciona assim, a gente faz contornos. Que você levantou uma bola aí, que para mim é muito cara. E `as vezes, eu uso no programa. Sempre que me dá a chance, eu uso de novo, para ver se derruba uma certa… um certo preconceito que tem por aí. Você já colocou algumas vezes na conversa tua religiosidade, teu Deus. Que linha, o que é? Você é católico? O que é?

Diego Porto Perez: Eu sou cristão.

Luciano Pires: Você é cristão? Tá.

Diego Porto Perez: Eu já fui para igrejas católicas. Hoje eu frequento a igreja episcopal carismática. Eu sou muito de onde eu me sinto bem, eu gosto de ter essa conexão com Deus.

Luciano Pires: Tá bom. Não importa também onde é. Eu sei que você tem. Eu só queria saber que linha mais ou menos que você seguia. Tá. Você já colocou essa conexão e em alguns momentos, você disse: cara, eu tive a intuição, eu tive muita fé, eu pedi para Ele, eu conversei, eu fiz uma oração, pa-pa-pa. O ponto que eu levanto aqui, só para trocar uma bola com você aqui, é o seguinte: tem muita gente, hoje em dia, tem um revisionismo, um relativismo que quer jogar toda essa questão de religião, de fé, numa vala funda, para dizer que isso é um horror, que isso é uma bobagem, que isso é limitante, que isso não deixa a humanidade crescer, ba-ba-ba. E que é um absurdo você acreditar em Deus, porque isso não existe, eu sou ateu, etc. e tal. Então, tem essa discussão. E eu sempre bato numa tecla e eu estou muito confortável para bater nessa tecla, porque a minha criação foi toda católica, apostólica, romana. Até os 18 anos, todo domingo na missa. Aos 18 anos eu dou uma olhada e falo: cara, eu acho que não é isso. Largo. E nunca mais me aproximo de religião nenhuma. Nada, nada. Mas a minha formação é toda católica, apostólica, romana. E o que eu assisti ao longo da minha vida de lá para cá, já são longos quarenta e tantos anos, é que muito do que eu sou hoje se dá graças àquela formação. Ainda bem que eu tive aquela formação. E eu tenho certeza que se eu tivesse me formado como um budista, um muçulmano, um hindu, talvez fosse a mesma coisa. Porque têm valores básicos que estão ali, que você segue eles para o resto da vida. E essa questão de você dizer: Deus, pa-pa-pa. Quando eu ouço você falando isso, eu falo: cara, olha que interessante. Não interessa para mim, se você acredita em Deus, se Deus existe, coisa nenhuma. O que interessa é o seguinte: o fato de você acreditar, te faz tomar decisões, que atingem diretamente a mim. Então, se alguma coisa legal está acontecendo como resultado do teu trabalho e se deve àquela oração que você fez, cara, faz todo o sentido eu imaginar, cara. Posso nem acreditar que Ele exista. Mas o de ele ter a fé e o fato de ele apostar nisso, faz com que ele tome decisões que acabam atingindo todo mundo. Então, não tem como ficar indiferente a isso ou dizer que é bobagem, cara. Ainda bem.

Diego Porto Perez: Ele me deixa muito forte. O maior tranquilo para falar isso. Eu tenho amigos que não acreditam. Eu tenho amigos que até rejeitam um pouco por causa dessa situação, ou colegas que rejeitam um pouco. Não tenho o menor problema com isso. A minha fé e a minha intuição são muito fortes. Sempre me guiaram muito, nuns momentos com maior grau. E eu acho que ela tem que ser treinada também, essa crença, essa intuição tem que ser trabalhada também. Seja lá com determinada técnica, seja lá com mais fundas, com meditação, se quiser melhorar, com uma leitura, com palestras, se conectando a boas pessoas, a boas histórias. Olha o que a gente já está falando aqui, isso é muito bacana. E é muito difícil, quando eu sigo a minha intuição, dar algo contrário. E aí fé me fortalece. Então conjunto, não é só fé, não adianta dizer: Deus está me guiando aqui, eu vou ficar sentado, com o bumbum na cadeira vai dar tudo certo. Não.

Luciano Pires: Sim. Ou que é tudo graças a Deus.

Diego Porto Perez: Não, não.

Luciano Pires: Tudo foi Deus que fez. Foi Deus que fez. Não, cara tem…

Diego Porto Perez: Até porque está lá na bíblia, obras é morta. Então vai fazer tua obra, tira a bundinha da cadeira e vai trabalhar muito, vai estudar muito. Sou fissurado em preparação, não abro mão. E acredito que a fé é um elemento dessa preparação. Tem a preparação técnica, tem a preparação emocional, tem a preparação espiritual, intelectual, enfim, todos esses fatores aí complementam. O ser humano é um ser humano complexo. Eu não gosto de distinguir: a vida pessoal, a vida profissional. Eu acho que esses elementos juntos aí me seguram, me sustentam e me dão uma capacidade maior do que eu penso.

Luciano Pires: Eu respeito muito isso, viu? Você dizer que não foi só uma decisão racional, mas tem um componente…

Diego Porto Perez: Total…

Luciano Pires: Da fé que… eu respeito muito isso, né? Fizemos o nosso contorno, voltamos aqui. Então você está lá: fiz a minha oração e aquilo me ajudou a tomar uma decisão.

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: E aí você foi falar com a tua equipe, juntou o pessoal e falou: moçada…

Diego Porto Perez: No primeiro dia eu desci, me apresentei, eu não conhecia ninguém…

Luciano Pires: Não, eu quero saber do teu desfazer da equipe anterior?

Diego Porto Perez: Aí nesse dia o Filipe fez: posso comunicar a imprensa? Eu disse: eu tenho que ir lá na TV. Então no caminho, no carro, dirigindo, eu botei na cabeça e tinha certeza: tem que ser um comunicado rápido, tem que ser um pedido de desculpa, dizer que é uma decisão pessoal, que é um desafio, que é uma possibilidade de mudança. Que é não. É uma grande mudança de carreira. E que não é dinheiro. E que eu não vou ouvir outras propostas financeiras ou contrapartidas ou um possível leilão que a emissora quisesse fazer, uma proposta melhor e tal. Que não era isso. Eu precisava ser muito rápido, porque a conexão da gente é muito forte.

Luciano Pires: Cara, e você não estava infeliz?

Diego Porto Perez: Não estava.

Luciano Pires: Você estava feliz.

Diego Porto Perez: Muito, muito, no meu melhor momento no jornalismo. O meu melhor momento, disparado, e de relacionamento e de tudo. Eu sentia falta de um desafio a mais. Eu senti um pouco isso, em dezembro, quando…

Luciano Pires: Sim cara, mas o desafio a mais é vencer, aqui, do SBT em São Paulo, cara. É ir para a Rede Globo. Tem um mundo gigantesco.

Diego Porto Perez: Então, entrei várias vezes aqui para o SBT em São Paulo, sendo uma emissora local. Entrei várias vezes nacional, sendo emissora local. Acompanhando a seleção brasileira, acompanhando uma Copa do Mundo. De repente, se eu tivesse numa TV Globo, que eu respeito muito, por exemplo, eu nunca iria acompanhar lá, em Recife. Eu queria a possibilidade de ser o setorista da seleção brasileira. Então, a gente montou esse projeto. Foram 40 dias na África do Sul, depois, 36 dias na Copa das Confederações, acompanhando todos os locais da seleção. Em 2014, 46 dias na Granja Comary e para onde a seleção fosse. Um projeto ousado. Foi ousado. E que deixou muita base sólida lá de investimento. A emissora não estava cuidando mais de esportes. Não queria mais saber de esportes. A gente conseguiu resgatar esse…

Luciano Pires: 46 dias convivendo com os carinhas em plena Copa do Mundo.

Diego Porto Perez: Em plena Copa do Mundo.

Luciano Pires: No Brasil?

Diego Porto Perez: No Brasil.

Luciano Pires: Por que nós perdemos a Copa?

Diego Porto Perez: Soberba, falta de preparação, entre alguns motivos. Eu não estava lá dentro para saber tudo, dentro mesmo dos caras. Soberba, mão na taça. O Brasil já tem uma mão na taça. O Brasil é pentacampeão. Metodologias de treinamento equivocadas. Muita “liberdade”. Algumas situações de grupo erradas, na minha opinião: de abrir demais para a imprensa, de abrir demais para convidados. Gestão de grupo – na minha opinião – não tão positiva, apesar do tempo de experiência do Filipão. Está dando bem certo agora no Palmeiras. Mas eu acho que acima de tudo, soberba. Antes de ir para a Copa, eu fui estudar o livro sobre a Copa de 50. Têm muitas situações semelhantes do que aconteceu nos bastidores da Copa de 50, que voltou a acontecer na Copa de 2014. Quando eu vi, por exemplo, lateral… o Brasil empatou com o México – isso aí é muito… eu até escrevi uma coluna sobre isso na época – o Brasil empatou com o México 0X0 em Fortaleza. E aí a crítica era sobre a falta de gols, falta de gols. E aí, dois dias depois, o Filipão vai fazer um treinamento de finalização, onde o lateral vai sozinho, cruza sozinho e o atacante vai cabecear sozinho. Nós estávamos em 2014. Esse tipo de treinamento não é utilizado pelos maiores técnicos do mundo há um bom tempo. Então, um ponto esse. Muitos treinos desmarcados. Eram dois períodos, passa para um. Mas eu acho que acima de tudo, a soberba. O limite da autoconfiança para a autossuficiência é muito tênue, né? Muito pequeno aí, muito frágil. Quando eu confio demais e passa um pouco disso, eu viro autossuficiente: eu ganho quando eu quero. Eu estou na minha casa. Eu sou pentacampeão do mundo. Eu já estou com a mão na taça. Isso foi frase de Parreira.

Luciano Pires: Você não acha que isso tem um componente importante, que você tem uma equipe montada com jogadores milionários. Todos eles são milionários. Todos eles ganham o que nunca nenhum deles sonhou ganhar ao longo da vida. Todos são paparicados. Onde eles vão as portas são todas abertas. Eles têm as melhores mulheres que eles quiserem. Eles comem no melhor lugar que eles quiserem. Reis os recebem. Eles são paparicados de uma forma brutal. E um belo dia, alguém bota esses caras juntos e fala: agora eu vou dar umas ordens para vocês aí. Eu não sei se você viu um vídeo que está circulando aí pela internet. Depois do primeiro jogo da França, na Copa agora, em que o técnico da França está falando com os jogadores? Tinha sido França e Austrália. França e Austrália, eu acho que foi. Eu não me lembro. Era França e um time que não tinha nada a ver. E a França sofreu de montão, cara. Foi lá e não me lembro se empatou ou se ganhou sofrido. Eu sei que foi sofrido o negócio. E está lá agora. Liberaram agora. Então, o técnico vai lá, começa a projetar o vídeo da jogada e falando com os jogadores. E olha o vídeo e fala: cara, que absurdo é isso? Olha para os jogadores: que louco, que jogada horrorosa, o que vocês estão pensando, cara? Não tem ninguém correndo. Ele dá um esporro nos caras. E na frene dele só tem medalhão. Você olha e fala: imagina se um técnico brasileiro vai dar um esporro como esse cara está dando nos outros? E ele desce o pau nos caras.

Diego Porto Perez: Eu acho que o foco aí – é o que eu penso muito – você foi preciso: é gente. É gente.

Luciano Pires: Então, mas quem lida…

Diego Porto Perez: Quem souber lidar melhor com pessoas – na minha opinião – o técnico, é que vai diferenciar; não é tanto técnica, não é tanto preparação.

Luciano Pires: Na comitiva, um cara que ganha 50 mil. Onze milhões de dólares numa temporada. Como é que você motiva um cara desses?

Diego Porto Perez: Como tira da zona de conforto?

Luciano Pires: Como é que você pega nesse cara e chega e dá um esporro no cara? E fala: você está errado? Neymar, se você cair de novo, eu te tiro do time. Como é que você faz isso? É duro você tourear. Quer dizer, nós estamos no limite, essa é uma situação limite. Se você traz isso para teu nível de trabalho, você tem uma equipe que tem alguns craques também, né? E tem alguns caras que são muito bons lá. Então, liderança para lidar com esses caras é um negócio complicado. Quando chega numa situação limite, como a seleção brasileira… cara, eu fui fazer palestra para a seleção brasileira com Zagallo e Parreira, eu fiz na Granja Comary. Na Copa de 2006, eu fiz em 2004. Então, Ronaldinho, os dois Ronaldinho, o Roque Júnior, aquela turma toda lá. E fiquei com eles um dia, fiz a palestra, jantei com eles. Foi muito legal. Então, eu vi aquele ambiente todo funcionando. E depois eu fui embora pensando, eu falei: cara, aquela molecada tinha um puta respeito por um Zagallo, que era um moleque. O mais moleque era o Zagallo. Então, havia um respeito construído, porque, cara, era o Zagallo. Tricampeão do mundo, o cacete. Então, já dava para ver que havia uma ascendência ali, que eu não sei se tem hoje em dia, entendeu? Eu não sei como que é hoje em dia. Está tudo muito diferenciado, né?

Diego Porto Perez: Eu acho que o Tite tem uma grande habilidade com pessoas. Por palestras que eu já vi, por livros sobre a história dele, pelo trabalho dele mesmo. Eu acho que ele tem uma grande habilidade. Só que o limite também, de virar muito “bonzinho” é muito delicado. E aí, você gera um vínculo tão forte com o ser humano, independente se ele é o seu liderado ou não, você…

Luciano Pires: É que você já está na Copa nova.

Diego Porto Perez: Hã?

Luciano Pires: Você foi para…

Diego Porto Perez: É. Já passei. Desculpa.

Luciano Pires: Você já está na Copa nova.

Diego Porto Perez: Desculpa. Desculpa.

Luciano Pires: Nós estamos falando do Filipão lá atrás.

Diego Porto Perez: Então, eu acho que o Filipão teve muita garantia de que do que o que ele fez no passado, garantiria o sucesso no presente. E o Parreira deu essa entrevista no começo: nós estamos com a mão na taça. O Brasil está com a mão na taça. O Filipão não ouvia muito o pessoal. Eu confio muito no trabalho integrado. Eu acho que o técnico não pode ser o sabe tudo.

Luciano Pires: Então, eu acho que isso é parte, tá? É parte do caso todo aí. Tudo isso eu acho que explica uma parte, mas não explica 7X1. Aquilo é absolutamente inexplicável. Para mim aquilo é queda de avião. Você entendeu? Foram 10 defeitos, um junto com o outro, derrubou o avião. Se não tivesse acontecido um dos 10, o avião não cairia. Se tivesse resolvido o problema, não cairia.

Diego Porto Perez: E a expressão de cada jogador, de cada lance ali é que me incomoda muito. Eu não gosto nem de tanto ver. Mas se você for analisar alguns lances, algumas expressões, quando a câmera vai mais próxima é de… é cabeça, sabe? Você sabe dessa área muito mais do que eu.

Luciano Pires: Sim. Os caras estão perdendo.

Diego Porto Perez: Pois é, cabeça total. Ali, para mim é cabeça. O que aconteceu ali nos bastidores ou o que não aconteceu é que a gente não tem essa informação precisa. Mas ali foi um desastre mesmo.

Luciano Pires: Eu fui fazer um evento há poucos dias atrás, fazer uma palestra e depois de mim, entraram para palestrar também, na verdade, palestrar não, trocar uma ideia com a plateia, o Biro-Biro e o Amaral. O Biro-Biro, um jogador icônico do Corinthians. O Amaral, que foi jogador do Corinthians também, mas basicamente a carreira dele foi no Palmeiras. E os dois batendo papo e no final, era responder perguntas da plateia. Eu perguntei para eles, eu falei: vem cá cara, como que era essa questão de liderança de vocês, dentro de campo? Eu não quero saber do técnico. Eu quero saber de vocês, dentro do campo. Vocês acham que se você pegasse o Neymar hoje e botasse o Neymar num time da Copa de 70. Você acha que o Neymar cairia em campo? Ou ele seria trucidado por um Rivelino, um Gérson, um Carlos Alberto, que iam pegar o moleque lá, grudar o moleque na parede e falar: cara, para com essa viadagem e vamos jogar bola?

Diego Porto Perez: O próprio grupo tem que se cobrar primeiro. Ele tem que se liderar, né?

Luciano Pires: Eles falavam, eles contavam a história. Eles falavam: cara, o que quebrava de pau dentro do vestiário, com todo mundo em cima do cara que não fazia. Tinha um lance lá que era o seguinte: era uma gana para ganhar jogo e saía porrada no vestiário, cara. E voltava para o campo para ganhar. Quer dizer, tem um componente ali de senso de propriedade, liderança 31:00

Diego Porto Perez: Senso de gestão…

Luciano Pires: Do cara olhar e falar na cara do outro, falar: cara, você está fazendo a maior cagada. Não é vou cruzar… cruza os braços. Não quer. Ele não faça.

Diego Porto Perez: Isso eu acredito que tenha muito na seleção brasileira, tanto 2014 quanto nessa última. E isso a gente pode trazer para o mundo das organizações, para o mundo empresarial, para o mundo da gestão, se é pública ou privada, não interessa. Falsa harmonia. É um péssimo componente, um risco enorme para qualquer tipo de trabalho. Eu finjo que eu não te critico. Eu finjo que eu gosto de você. Não gostar, ninguém quer que ninguém case com ninguém. Eu não te critico no trabalho. Eu não vou te cobrar, porque eu sei que você não vai me cobrar. Nós vamos mostrar uma imagem que nós somos muito bonzinhos no trabalho e que nós somos uma família. A moda agora é falar tudo família. E aí, família? E aí, família? Não vale. Quanto mais for seu amigo, quanto mais você tiver confiança, a cobrança vai ser ainda maior, pelo menos para mim. Imagino que para você assim seja. Se o cara é teu amigo, você vai cobrar ele na chincha. Se é o teu colaborador de confiança, você vai cobrar ele de uma maneira até mais intensa. Eu não gosto dessa história de tratar todo mundo igual. Cada um tem sua particularidade. Então, as pessoas com quem eu tenho maior afinidade no trabalho, dos meus colaboradores, eles sabem. Tem dia que eu vou P da vida para casa. Porque eu vou no pescoço mesmo para cobrar. Eu não consigo aceitar que a pessoa que me conhece tão bem, que tem tanta confiança minha pise na bola daquela maneira. Então se o próprio grupo… e aí eu estimulo quem trabalha comigo de fazer o seguinte: se matem – no bom sentido – se matem. Porque se eu entrar, eu vou entrar para quebrar. E se for uma falha individual, se for uma falha no programa, se foi uma falha na ação. Eu acho que a liderança é um grande problema do Brasil. Não é nem da política só. É do Brasil. Se a gente tem líder, se a gente tem gestão com liderança, a gente resolve boa parte aí de todos os problemas. Então para isso, a gente precisa desenvolver líderes. Então, está dentro disso que você falou: se o próprio grupo se mata, se cobra, vai no tapa, mas por um objetivo comum, todo mundo comendo grama porque quer vencer, esse ambiente a gente traz para qualquer organização, para qualquer tipo de trabalho.

Luciano Pires: E a hora que eu vejo que eu estou me matando e tem o cara do meu lado aqui, que não está, eu tenho que ir para cima dele e ser assertivo, que é o que o brasileiro não consegue ser. Olhar para você e falar: cara, o que você está fazendo é uma merda. Ele ouve aquilo como: você é uma merda. E aí…

Diego Porto Perez: Personaliza o feedback ou personaliza a crítica e aí desanda: eu já não gosto de Luciano, porque Luciano falou que eu era feio, bonito, alto ou escrevi errado ou não fui produtivo naquele dia. E você não é aquilo que aconteceu naquele momento. Aí você passa a personalizar isso. Isso gera um ruído no trabalho. Assume…

Luciano Pires: Eu guardo comigo que a primeira chance, eu vou jogar de volta. Eu vou devolver aquilo para você. A primeira chance, eu vou puxar o teu tapete.

Diego Porto Perez: E fica cego no trabalho. Você só fica com isso, isso te leva para baixo. Muda mindset, muda tudo. Você fica morto. Mas eu acredito muito no que você falou, isso.

Luciano Pires: Demos a nossa volta. Voltamos aqui. Você chegou lá na emissora, para comunicar a eles que você ia partir para outra. Ninguém esperava por isso?

Diego Porto Perez: Ninguém. Nem eu, nem minha família. Liguei e disse: chefe, estou precisando uma reunião com urgência. Não, porque a gente está numa reunião. Não importa. Eu vou esperar. Estou indo para aí, para a emissora agora. Eu estava jogando futevôlei. Ia jogar futevôlei, tive que ir em casa para voltar para lá. Cheguei. Todo mundo já comigo, com uma cara de assustado. Eu não disse o que era. Sentei na mesa, juntei toda a tropa. Primeiro comuniquei aos diretores. Depois comuniquei a equipe. Eu disse: recebi hoje o convite. Hoje, quase agora, o convite. É um desafio muito grande. Eu peço desculpas a vocês. Não é por dinheiro. É por desafio. É por crescimento numa outra área. E por aprender também uma outra área. Mas, principalmente, por ajudar alguém. Ajudar com mais amplitude, com mais alcance, mais gente. E eles não esperavam também, ficaram arrasados. Eu tive que jogar o meu coração no lixo nesse momento. Você também não pode ser só isso. Eu quebrei uma ponte mesmo ali, deixei, fui bem frio. Avisei. Fui para casa e aí fui estudar. Passei final de ano, réveillon estudando o que é gestão pública, quais eram os programas da secretaria. Fui perguntar quem era secretário executivo, o que fazia? Eu não sabia. Não tenho vergonha de dizer isso.

Luciano Pires: Você já sabia? Nessa altura, você já recebeu o cargo? Você vem para ser secretário?

Diego Porto Perez: Secretário executivo de esportes. Eu sou bem frio, eu sou bem pragmático em muitas decisões e em muitas situações. Nesse dia daí minha mão tremeu. Porque eu não sabia mesmo. Eu sabia que eu estava “jogando” muitos anos da minha vida, que eu havia me dedicado para o jornalismo. Então, uma situação toda diferente. Então, todo mundo iria me cobrar, todo mundo iria me julgar. Todo mundo estava só esperando para dizer assim: hum… vai dar M, vai dar porcaria.

Luciano Pires: Pode falar merda, que aqui é…

Diego Porto Perez: Pode falar? Então, vai dar merda. Vamos esperar. Vamos esperar. Vamos esperar. E aí são três anos e nove meses já. Um trabalho muito cansativo, mas muito feliz. Muito feliz.

Luciano Pires: Três anos e nove meses. Faltam três meses para você encerrar o período lá. Eu não estou acompanhando. Eu não sei o que vai acontecer lá. Não sei se vai ter reeleição, não sei o que vem aí. Não faz parte desse projeto. O que eu quero falar para você é o seguinte: você estuda e assume quanto tempo depois? Depois do convite até você assumir?

Diego Porto Perez: Menos de seis dias.

Luciano Pires: Seis dias, você já estava lá. Você chegou lá: senhoras e senhores cá estou. Eu sou… não te… você até então era o rei da água doce, cheio de peixe da água doce. E aí tiram você, botam na água salgada e você cai no meio de um monte de peixe de água salgada. Cara, tudo é água, tudo é peixe. Lá vou eu. E você descobre que não é bem assim, né? Como é que foi esse choque de realidade, cara? De você perceber que esse ambiente não se comportava como aquele outro lá? Não tem o dono aqui, como tinha lá. Aqui, pisou na bola, rua. Sabe? Como é que foi isso?

Diego Porto Perez: Eu busquei repetir alguns acertos que eu tive lá, com a nossa equipe. Alguns procedimentos de gestão com pessoas, que eu repetia, que eu fiz lá e que deu certo o que eu criei lá, o que eu estudei, o que apliquei lá e que deu certo.

Luciano Pires: Por exemplo?

Diego Porto Perez: Por exemplo, dinâmicas na equipe. Ouvir muito todo mundo. Mas não ouvir por ouvir. Porque senão você bota um setor só de ouvidoria interno, ouvidoria externa. Mas para entender mesmo o que acontecia. Não adianta só ouvir atleta, técnico, federação, se eu não ouço quem bota a máquina para moer, que são os servidores. Então, praticamente, eu deixei a mesma equipe. A maioria da equipe de servidores. Agradeço a todos. Muitos foram promovidos dentro disso. Então, dinâmicas internas, capacitação constante. Momento de dinâmica de contar histórias pessoais. Quando você conhece a história pessoal de alguém, você respeita muito mais. Você até entende os defeitos. Você entende mais as virtudes, você valoriza mais. Isso gera choro e abraço, enfim. Compartilhamento de conteúdo. Mistura de salas. Se eu pudesse, eu quebrava todas as paredes e a gente formava um grande time só. Mas misturar por demandas, não por setores, setor A, setor B, setor C cuida disso. Então a gente integrou muita gente. Fica todo mundo fazendo tudo o tempo todo. Misturando de acordo com competências. Um vínculo muito forte, pessoal, com essas pessoas, com esses colaboradores. Muita capacitação e muito trabalho. O ponto básico é trabalho. Depois a gente vai ter uma afinidade.

Luciano Pires: Que problema você foi chamado para resolver, cara?

Diego Porto Perez: Que problema?

Luciano Pires: Quando te chamaram lá, qual era o problema? Você chegou lá e falou: puta problema que eu tenho que resolver?

Diego Porto Perez: O esporte de Pernambuco praticamente estava escanteado. Muito mal respeitado.

Luciano Pires: Quando você fala esporte, tudo?

Diego Porto Perez: Tudo.

Luciano Pires: De futebol a…

Diego Porto Perez: Sim. Mal respeitado. Os servidores insatisfeitos, a equipe estava insatisfeita. Os resultados pouco apareciam. Muita crítica de atleta, de técnico, da própria imprensa. Eu era da imprensa, eu sabia também algumas coisas que estavam acontecendo. E a gente foi para cima, para fazer isso. Para resolver tudo isso. Para dar visibilidade, para criar novos programas, para ajudar mais gente. A gente colocou um foco muito grande no atleta, respeitando técnicos, federações. Mas a gente priorizou os programas de incentivo que vão diretamente no atleta. E hoje o vínculo da gente com esses atletas está muito grande. A comunidade esportiva está muito grande. Mas é trabalho em cima de trabalho.

Luciano Pires: Tinha o fator Olimpíada entrando na jogada também? Quando você chegou lá?

Diego Porto Perez: Tinha. Mas vou te garantir que não era o foco principal. O ciclo olímpico já iniciou pouco tempo atrás. E não era pretensão da gente também, trazer fulano que está fora do estado, para treinar aqui dentro. Não. A gente tinha que resolver o que tinha ali, melhorar o que tinha, criar situações novas, para a gente ter uma condição melhor. Claro que tem muita coisa para fazer. A gente errou um bocado também. Mas a gente acertou muito. Hoje Pernambuco está na contramão do Brasil, no que significa investimento, no que diz respeito a investimento no esporte, respeito ao esporte. Enquanto o Brasil todo está tirando investimento. Ontem por sinal, nesse período aí anunciaram cortes e cortes. A gente está só crescendo os programas, principalmente os programas de incentivo.

Luciano Pires: Grana, dinheiro, você está falando de dinheiro?

Diego Porto Perez: Isso. Bolsa atleta…

Luciano Pires: Se comparar o orçamento da tua pasta há três anos atrás, ele é maior hoje do que era lá atrás?

Diego Porto Perez: A gente gastou menos nesses três anos, do que nos últimos quatro anos, antes de a gente assumir. Mas conseguimos poder…

Luciano Pires: Com resultados?

Diego Porto Perez: Com resultados ainda maiores. Criando parcerias com a iniciativa privada, implantando lei, programas mais criativos. Algumas soluções para a gente não ficar só reclamando e só botando a culpa na crise. A gente tem que criar alternativas para poder ajudar mais o atleta. Para a gente dizer um não, a gente vai até as últimas possibilidades. Não no que significa no apoio a um atleta, uma competição, a um técnico, a uma federação. A gente vai até as últimas possibilidades. Porque a gente está muito próximo da comunidade. Só que eu sou contra essa história de: ah, eu sou o próximo. Ninguém aqui quer ser dama de companhia ou quer ser acompanhante de alguém. Ah, porque eu gosto – é moda também – eu gosto de ouvir todo mundo. Você bota o setor lá de ouvidoria. Você tem que ouvir para tentar atender a necessidade, senão da necessidade, priorizar que possíveis soluções dentro disso e tentar ir no foco.

Luciano Pires: Que nem professor, que você ouviu. Eu deixo você falar, mas… eu ouvi, e isso se transforma em alguma coisa…

Diego Porto Perez: E depois você mostra o resultado. Era para fazer três “x”, a gente só conseguiu dois. Mas vamos trabalhar para fazer o três. Ou quando disser um não, a gente fundamenta esse não. E você acaba ganhando muito mais respeito do que ficar enrolando, do que ficar prolongando até dizer o não. eu acho que a maior marca lá do trabalho da gente, da Secretaria Executiva de Esportes, é essa proximidade com a comunidade esportiva.

Luciano Pires: Aquele secretário de Turismo e Esporte, que te chamou, que convidou você. Ele já tinha uma visão? Eu imagino que o cara deve ser diferenciado, né?

Diego Porto Perez: Total.

Luciano Pires: Ele já tinha uma visão mais pragmática. Para isso, vou chamar um cara que é do ramo. Não chamei aqui o Zé, o Mané, o Osvaldo, político. Eu chamei um cara da área dos esportes, que vem com um olhar crítico, jornalista, essa coisa. Já vem com um olhar crítico. E vou coloca-lo aqui para que ele transforme isso aqui numa maquininha. Você está contando aí para mim. Eu me lembrei de uma conversa comprida que eu tive uma vez com a Magic Paula, a Paula. A Paula foi convidada – eu não vou me lembrar mais quando foi, anos atrás, o governo era do Lula, eu acho que era, 2004 deve ter sido – para o Ministério dos Esportes. Era o Agnelo Queiroz que era o ministro. E ela foi chamada para assumir um cargo grande lá, uma coisa legal lá. E aí ela falou comigo. Ela falou: cara… ela: demorou um pouco para eu me tocar que eu estava sendo usada como um banner…

Diego Porto Perez: Vitrine…

Luciano Pires: Os caras vinham, me mostravam e quando eu saía, eles tomavam a decisão que queriam, não davam a menor bola. Eu levava lá uma posição técnica, a decisão era política. Aquilo era um horror. E, cara, eu saí de lá correndo. Nunca mais eu quero chegar nem perto. Porque eu fui usada. Eu fui usada ao ponto de eu ter que pedir para sair, porque eu sabia que não ia acontecer nada. E não aconteceu. E foi um puta escândalo depois, deu rolo. O cara… foi uma baita confusão. E isso acontece muito. Eu vou pegar um cara que tem uma visão técnica, que seja conhecido no mercado e uso esse cara como minha… é o meu escudo: olhem para ele. Por baixo, eu estou fazendo as decisões. Isso não aconteceu com você?

Diego Porto Perez: Não.

Luciano Pires: Não aconteceu?

Diego Porto Perez: Foi o que me deu muita autonomia.

Luciano Pires: Então, porque há uma visão do Filipe. Que aí é outro lance da tua liderança. Quem te lidera. O quanto esse cara te deu de abertura. O quanto você colocou: para ir, eu só vou se for assim. Como é que foi isso?

Diego Porto Perez: Não. Eu nem coloquei nada, na verdade. Eu não sabia nem qual era o salário. Eu disse: topo e topo, por você. Você fez um grande trabalho no ramo de entretenimento, como secretário de Turismo fez um excelente trabalho. Foi um dos quatro mais votados lá. Eu disse: eu quero. Depois que eu fui tentar entender tudo isso. Mas eu recebi uma autonomia muito grande. Eu não gostava nem de ir na sala dele. Porque eu só iria na sala dele se fosse uma bronca muito grande. Então, quanto menos eu pudesse consulta-lo ou levar determinada situação, é porque eu não tinha conseguido resolver. O que aconteceu algumas vezes. Mas eu evitava ao máximo. Quanto menos eu incomodasse, significava que eu estava resolvendo tudo. E ele dava uma liberdade muito grande, cobrava muito, constantemente. Essa é uma marca minha, que vem dele, mas é uma marca minha também, cobrar muito. A gente chama lá no Recife de acochar o prazo.

Luciano Pires: Acochar?

Diego Porto Perez: Acochar, não é, o acocho no time, na equipe, para apertar esses prazos, intensidade. Eu chamo também, de vez em quando, gestão tele sena, de hora em hora você pergunta: e aí? E aí? E aí? Como está? Como está? Como está? E está dando certo. Muito certo. Ele me deu essa autonomia, me deu essa liberdade. Eu acho que o líder tem que fazer isso, né?

Luciano Pires: O brasileiro funciona assim, cara. Ele funciona com você: aperta, aperta, aperta. Se você aperta e vai para cima, ele faz. Agora, relaxou… eu tenho uma palestra minha chamada – ela tem dois nomes – chama-se O Olhar Produtivo ou é A Produtividade Estúpida. Dependendo da plateia eu uso um nome ou outro. E eu começo essa palestra com um vídeo. Que a palestra abre, eu não entro em cena. Mas abre com os Rolling Stones na praia de Copacabana, tocando Satisfaction. Cara, aquela loucura, um milhão e meio de pessoas assistindo, aquela doideira e o Mick Jagger cantando e pa-pa-pa. E de repente, começa a baixar o som. Entra um letreiro em cima, dizendo: praia de Copacabana, fevereiro de 2006, se eu não me engano. Um milhão e meio de pessoas assistindo um show maravilhoso do Stones, ca-ca-ca. Vamos voltar uma semana antes? E aí eu passo um trecho de um documentário que eu assisti do History Channel, do Discovery, feito sobre esse show. E é um documentário que termina quando os Stones entram no palco para tocar. Eles contam tudo que aconteceu antes disso. E é fascinante. É fascinante. Que o cara vai lá, ter que enterrar cabo na praia. É fascinante aquilo. Começa lá no comecinho, na boa, aqui estamos na praia. O cara em inglês, é toda a locução em inglês. Estamos aqui, está sendo construído o palco. Esse aqui é o fulano de tal, o inglês que cuida da gerência do palco. Está construindo o palco. Mas está atrasado o palco. E aí, como que é, cara? Ele falou: é cara, e aí nós estamos fazendo aqui. Mas é o seguinte, bicho, esses brasileiros têm um ritmo que é deles. Sabe? Se fosse nos Estados Unidos ou com outros, eles já estariam. Estava muito atrasado. Mas é o ritmo deles e eu não posso fazer nada a respeito. E aí a câmera começa a passear mostrando uns caras sentados, não sei o que. E um desses brasileiros, que seguramente é o supervisor da equipe, falando em inglês, vem, chega para a câmera e explica, fala: sabe o que é, cara? Está todo mundo trabalhando que nem um louco, de forma muito eficiente. Todo mundo unido. Quando de repente surge uma mulher com uma imensa, maravilhosa, bunda. Todo mundo para pra ver a bunda. Olha o nome, olha o nome: bunda. Aí eu começo a palestra né, velho? No documentário, que eu falo, o cara exemplificou, porque enquanto ele fala, mostra os caras. As moças passando e os nego: uhu… quer dizer, aquela absoluta incapacidade de se entregar num foco total. Eu tenho uma tarefa a realizar, vou realizar isso aqui agora. Apareceu a bunda… pum. Vem ver o café. Olha o gol na televisão.

Diego Porto Perez: Eu fui criticado. Aliás, me criticam positivamente. Você acha que isso aqui é privado. Você está louco, que ritmo é esse? Que ritmo é esse? Eu disse: olha, eu nunca trabalhei na gestão pública. Esse é o ritmo que eu sempre trabalhei, independente se era na TV, jornal ou na Bandeirantes, enfim. Em outros aspectos, eu sempre trabalhei desse jeito. Então, eu só conheço esse jeito de trabalhar. Eu estou fazendo aqui o que eu trabalhava antes. Eu espero que isso ajude muito. Eu gosto de dizer que tem um botão chamado eita lascou. Lascou é um termo bem nosso também, pernambucano. Que parece que tem esse botão, que você só resolve, eita lascou, o Natal é hoje. O que eu faço? Vou lá e compro o presente hoje. Eita lascou, o Luciano tem um programa que tem que gravar amanhã de manhã. Eu vou para lá para São Paulo agora de manhã ou não, eita lascou. O chefe pediu um projeto para hoje de madrugada. Você vira a noite e faz. Mas só ativando esse botão, o eita lascou. Imagina se esse botão fosse não emergencial, mas utilizado de maneira constante. De maneira constante, que a gente pudesse antecipar esses prazos, ter esse senso de urgência, que o rendimento da gente ia ser muito melhor. De novo, eu digo: tanto pessoal, quanto profissional, eu não gosto muito de dividir isso. Se a gente tivesse esse senso de urgência para resolver. E aí tem gente que se acomoda na bengala de gestão pública para dizer: não, mas a gestão pública não dá. O Filipe dizia muito: e-mail não tem voz. Mande e-mail e liga, cobra e vamos e vamos e vamos. A gente fica: cadê, cadê, cadê? Vamos. Cadê, cadê? Quem entregar mais do que o esperado, cresce, ajuda a crescer e acelera esse ritmo.

Luciano Pires: Eu publiquei há um tempo, uns dias atrás, há pouco aqui, eu publiquei. Eu tenho um projeto chamado Brasil Premium. Eu publico muito conteúdo nesse projeto aí. Todo mês tem várias coisas publicadas lá. E um recente, foi um vídeo que eu coloquei, falando sobre a diferença do urgente e do importante. E sobre essa dificuldade que a gente tem. O que é o urgente? É o que tem que resolver agora, já, imediatamente. Qual é o problema do urgente? É quando eu deixo as coisas importantes chegarem num ponto em que elas viram urgentes. E aí, cara, só tem bombeiro. Que é o Museu pegando fogo no Rio de Janeiro, entendeu? Chega num ponto tal que aquilo que era importante: tem um vazamento ali, isso é importante.

Diego Porto Perez: Se livra.

Luciano Pires: Isso é importante. É importante, mas não é urgente. Uma hora a gente resolve. Até que um dia pega fogo no Museu, entendeu? Porque os importantes foram relegados a segundo plano, viraram urgentes, não tinha um bombeiro, pegou fogo no Museu.

Diego Porto Perez: E eu sou muito de produtividade. Tem a ver com isso, resolve essas broncas, com foco, desliga o celular. Foca nisso. Dá tempo de meia horinha ir ali, tomar um café, descansar.

Luciano Pires: Isso que eu quero pegar. Quer dizer, você vem – e pelo que você me comentou – e você não fez uma limpa na equipe. Você veio, assumiu. Pegou uma equipe que já vinha trabalhando algum tempo atrás, com alguém que não tinha a pegada que você tem e você também transformou o mindset dessa equipe para elas começarem a trabalhar nesse ritmo e tudo mais, né? Como é que foi isso aí, cara? Você montou um plano, você explicitou esse plano, você juntou esse povo todo e falou: moçada, mudaram as coisas e não é porque eu vou dar chicotada em todo mundo. É porque aqui estão as metas. Como é que você fez?

Diego Porto Perez: Isso é bacana. Eu adoro contar essa história aí. Na primeira reunião eu cheguei e disse: lascou. Porque eu não conheço ninguém. Não conheço ninguém. Fui ouvir de atletas qual era a visão deles da secretaria, até mesmo antes de assumir. Liguei, tive alguns encontros em cafés com algumas pessoas estratégicas, que me dissessem quem era quem, o que era que acontecia. Só que isso era a opinião das pessoas. Só que enquanto eu não ouvisse quem estava lá dentro, eu não podia ter esse tipo de atitude ou ter esse tipo de julgamento. Então, na primeira reunião eu pedi para todo mundo se apresentar, antes do que eu.

Luciano Pires: Todo mundo, quantos?

Diego Porto Perez: Cerca de 30 pessoas. Eu pedi para todos eles – 30 a 35 – eu pedi para eles se apresentarem, contarem um pouquinho de quem eles são. Contei um pouquinho do que eu fiz, do que eu já tinha feito, de maneira bem rápida. Estabeleci um compromisso com todos eles, de que a gente iria fazer a melhor gestão de esportes da história do governo de Pernambuco. Ponto. Não é melhor que Luciano, não é melhor que João, não é melhor que Maria. Que a gente tinha a nossa missão: fazer – eu vi aqui para fazer – a melhor gestão de esportes da história do governo de Pernambuco. Contando com todos vocês. Paralelo a isso, nesse dia, por exemplo, tinham me passado a imagem de que era uma equipe que voava muito. Algumas pessoas que iam lá, vinham cá e tal. Então, a partir do segundo dia, eu já tinha reuniões às oito, que eu não gosto tanto de marcar reunião pela manhã. De manhã eu faço gestão específica com cada um, mas eu não gosto de marcar reuniões externas. Então, oito horas eu tinha uma dinâmica com todos juntos, um encontro. E eu passava “uma tarefa” para eles me entregarem antes do almoço. Construção coletiva. Porque tinha setores que não conheciam nem o programa da secretaria. Tinham setores que não participavam, que não tinham acesso para ter voz, para dar sugestão, para criticar. E não conheciam um programa da secretaria. Você está falando de um ambiente fechado, próximo, que um setor não se comunicava com o outro, nem pessoal, nem profissional. Daí você tira o ambiente que está. E aí eles tinham que me entregar umas tarefas antes do meio dia. Quando a gente fazia essa construção coletiva e avaliação da tarefa, antes do meio dia, que eu passava outra, para o início da tarde. Uma e meia da tarde, tarefa de novo. Vocês têm que me entregar até às quatro e meia. Então, a gente passou uns três, quatro, cinco dias nesse tipo de dinâmica, onde a gente conheceu todos os programas que existiam, quais eram as dificuldades, os pontos positivos, os pontos negativos. Quais eram as sugestões deles. E aí a gente foi começando a pegar o ritmo. Nesses primeiros dias aí, eu chegava às seis e meia da manhã. Passei os três primeiros meses chegando muito cedo, muito cedo. E quando acabava o expediente, eu pedia para o financeiro, para a responsável pelo financeiro, pedia socorro, para a responsável pelo jurídico, minha amiga Gabi – com certeza vai estar ouvindo a gente – para elas me ensinarem tudo que tinham que ensinar. Então eu tinha que fazer, durante a rotina, o horário de trabalho, eu tinha que estar com o grupo. Mas eu tinha que ter o conhecimento também. Então, pós expediente, eu ficava com todo o aspecto burocrático, jurídico, financeiro, estudando. Levava demanda para casa. No outro dia, mais cedo. Então eu passei, principalmente os três primeiros meses, de uma maneira muito intensa nisso. E conhecendo todo mundo. Conhecendo, buscando conhecer potencial e tal. E aí fiz algumas alterações de sala. Depois de alguns meses promovi grande parte dessa equipe, cargos comissionados, que normalmente são pessoas de confiança, a gente tornou essas pessoas de confiança, pela meritocracia. Então, tem um servidor público que foi promovido três vezes a cargo comissionado e já com três promoções. Tem vários. Muitos outros receberam funções gratificadas, não para agradar ninguém, não para ser bonzinho. Mas para dizer: tu trabalhou bem, tu entregou acima do prazo, tu entregou antes do prazo, tu entregou além do esperado, tu se dedicou. Eu não quero aqui um PhD em gestão pública, em educação física ou esportes. Eu só quero que vista a camisa com a gente, faça a camisa com a gente, sue a camisa com a gente. Esse é o grande diferencial. E a gente começou a formar um time muito forte. E aí muitas outras pessoas ficam: pô, é a seita de esportes. É a igrejinha de esportes – são algumas críticas indiretas – eita, esse time é muito fechado, onde Diego vai está todo mundo. Aí criamos todas as datas comemorativas. A gente comemora junto, ligações, encontros fora do expediente. Essas dinâmicas de capacitação. A gente tem um momento empreendedor, que a gente faz uma vez no mês, onde a gente traz profissionais de áreas totalmente diferentes para capacitar a gente sem gastar. Eles mesmos da equipe, de diversos setores, constroem dinâmicas juntos, com temas como: benchmarking, network, criatividade, inovação, foco [inint 00:55:03]. Temas que não são tratados na gestão pública, principalmente. E que são essenciais, na minha visão. E você sabe como isso é importante, marketing, criatividade. E temas que não eram abordados, mas que acabam fazendo muita diferença no dia a dia da gente. Um detalhe que você traz desse tema e coloca em prática, faz a diferença em um projeto todo. Vou te dar um exemplo: existe um projeto chamado Milha Campeã, onde…

Luciano Pires: Milha?

Diego Porto Perez: Milha Campeã. É uma parceria com o Porto Digital, que é referência em tecnologia em todo o Brasil. Sem custo, a gente conseguiu…

Luciano Pires: Só a dica, para quem não entende o que está acontecendo. Porto Digital – me corrija se eu estiver errado – os caras criaram um perímetro que tem como centro o Recife Antigo, não é isso?

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Tem um perímetro. Eu não me lembro o tamanho que ele é. Mas todas as empresas que estiverem dentro desse perímetro é como se estivessem realmente num porto, onde tem facilidades de impostos, de instalação, etc. e tal. Então, quem estiver ali dentro vive como se fosse uma Zona Franca, uma coisa assim.

Diego Porto Perez: Exatamente. Com o Sílvio Meira, que eu sugiro entrevista-lo, não sei se já foi?

Luciano Pires: Eu estou namorando o Sílvio já faz um tempão. Eu preciso pegar ele.

Diego Porto Perez: Ele é um gênio. Então, o Sílvio Meira é o padrinho desse projeto. Aí eles criaram, através de um projeto do Mestrado Profissional, um site, uma plataforma segura, onde qualquer pessoa pode doar milhas para um atleta poder viajar. A gente já tem um programa de passagens chamado Passaporte Esportivo. Mas com essa mente fora um pouco da caixa, a equipe sugerindo, a gente ouvindo gente de setores diferentes, de áreas diferentes, que não só esportes, que não só educação física, que não só gestão pública, deu essa ideia. A gente foi buscar solução. Pelo orçamento, não dava, era muito caro. Criou conexões, o network positivo, criou o Milha Campeã. Qualquer pessoa pode disponibilizar a sua milha aérea através de um site, para que o atleta possa viajar.

Luciano Pires: Que legal.

Diego Porto Perez: A gente já tem um programa de passagens, que concede. Até agora já concedeu mais de 770 passagens só nesse ano. Mas que não é suficiente. Ou a gente ficaria no não ou a gente ia buscar alternativas para ampliar esse patrocínio, esse apoio. Então, essas pequenas alternativas vão gerando, desde uma apresentação…

Luciano Pires: Muito boa, cara.

Diego Porto Perez: De slide, até uma ação enorme.

Luciano Pires: Mil pessoas doando 20 milhas, que não é nada, são 20 mil milhas.

Diego Porto Perez: Esse é um programa que alguns estados já estão procurando conhecer. Mas que eu peço, sugiro até ao Ministério do Esporte, que pudesse replicar e fazer o nacional. Porque quantos políticos não viajam constantemente? Quantas empresas não tem essas milhas à disposição? Imagina se cada uma pudesse ajudar um atleta, o quanto que a gente teria de transformação? Por causa de uma viagem, o atleta às vezes, muda a sua história, a história da sua família, a história da sua cidade toda.

Luciano Pires: Sim. Você… quando é que você olhou para esse projeto todo e falou: meu, eu acho que está dando certo? Quais são os inputs que começaram a chegar para você de: pô, acho que está dando certo. Eu acho que o caminho é esse?

Diego Porto Perez: O primeiro momento que eu achei que estava dando certo foi o primeiro evento que a gente fez, que foi a abertura dos Jogos Escolares, que não estava acontecendo há um bom tempo, essa cerimônia, onde a gente botou todo mundo do time, todo mundo com medo, porque era o primeiro evento. Até ali tinha uma certa desconfiança com a gente. Então, esse foi o primeiro momento que eu disse: deu muito certo. Depois a gente conseguiu…

Luciano Pires: Então você organiza o evento?

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: E as escolas vão levar a garotada para lá?

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Você depende de a escola querer levar as garotadas?

Diego Porto Perez: Isso. E aí a gente criou diferenciais, levando atletas renomados no país, o Marcelo Negrão, a Joana Maranhão, que é pernambucana; Etiene Medeiros. Então a gente criou um glamour para uma competição que estava um pouco escanteada. Isso foi só uma das medidas. E aí fez esse primeiro [inint 00:58:33]. O pessoal deu uma confiança. E aí, a cada evento, a gente… não vai ser perfeito. Essa é uma garantia que a gente tem. E aí a gente acaba o evento, todos eles, desde 2015 assim. A gente faz um relatório, o que é que teve de positivo, o que é que teve de negativo. Foi sugestão da própria equipe. Porque senão, fica a minha visão. Eles fazem, me entregam, eu coloco os meus pontos de vista também. E a gente vai, no próximo ano, tem que ser melhor. No próximo evento tem que corrigir isso. Melhoria contínua. A gente está buscando isso. Eu sou fissurado na excelência, de que a gente possa ser melhor. Com a convicção – que eu sofria antes – que não vai ser perfeito.

Luciano Pires: Desde que você consiga manter um legado que possa, no próximo evento, o que eu aprendi com o evento anterior, eu aplico nele aqui. O que, quando você traz para o serviço público é um horror. Porque o cara terminou o mandato, sai o governador. Entra um cara novo, apaga tudo e começa tudo do zero e a gente volta 10 anos atrás, para cometer as mesmas cagadas, que sempre fez e que não aprendeu a fazer, porque eu mudei a estrutura inteira. Eu posso não mudar nem as pessoas. Mas quando eu mudo a cabeça, você detona a estrutura dela lá, né?

Diego Porto Perez: É que não adianta o pessoal, dentro disso, da melhoria de um para outro. Tem que ser melhor e todo mundo tem que ter o sentimento que foi melhor. Mas assim sabe que: pô, eu colaborei com aquilo. Não sendo um repetidor, dizer: Luciano, tu vai mexer nesse fone com a mão direita. Aí tu vai lá. Teoria da lagartixa e fica balançando a cabeça e está tudo certo. Não. O cara tem que entender o modelo do jogo, ou seja, igual jogo de futebol. Ele tem que entender porque ele está executando aquela movimentação. Tem que entender porque ele está fazendo aquilo e como se chegou até aquilo ali. E aí, cada vez que um colaborador que nunca tinha vez, de repente, a secretária participa das nossas reuniões de planejamento, a assessoria de imprensa participa de execução de eventos, que é gente que tem um ponto de vista diferente, às vezes, dá uma solução que o técnico, que o cara que está lá na rotina, no dia a dia não enxerga. Então a gente faz muito reunião integrada, reunião com gente de setores diferentes, mistura todo mundo o tempo todo. E por que dá certo? Gente. A gente estava desenvolvendo pessoas, liderando pessoas, fazendo essas pessoas se tornarem líderes também e faca no dente o tempo todo, acocho, como a gente diz, o tempo todo. Mas um sentimento muito bacana, muito bacana mesmo.

Luciano Pires: Todos os estados brasileiros estão quebrados. E alguns estão em situação falimentar, outros, tipo o Rio de Janeiro, além de falido, está virando terra arrasada aquilo lá. Ou seja, está cada dia mais difícil você dispor de recursos para coisas que não sejam o básico, né? E, cá entre nós, cara, bicho, tem que comer. Eu preciso pagar as minhas contas. Eu não vou gastar dinheiro com esporte, cara. Desculpa, bicho, vai jogar bola com o teu vizinho lá, mas não me enche o saco. O meu dinheiro está aqui, eu preciso cavar um buraco, eu tenho que botar um poste de luz, eu não vou gastar dinheiro com esporte. Tem que haver uma compreensão de porque o esporte merece dinheiro, para que alguém entenda que isso tem valor. Logo, eu vou botar dinheiro aí, né? Você lidou com essa questão, quando você assumiu, que você falou: cara, para eu… esse sonho que eu tenho de construir alguma coisa, eu preciso de recurso. Eu não tenho esse recurso.

Diego Porto Perez: O pessoal não respeita muito esporte. Não só no estado, mas no Brasil todo. Não tem… não valoriza. Se você for ver aí as últimas indicações de ministério, enfim, de tudo isso, corte de recurso. O pessoal não respeita o esporte. E não entende que investir no esporte, você pode estar deixando de gastar mais com saúde, deixando de gastar mais com segurança. Você tem esses componentes de educação, de tudo. No começo, eu sempre dizia assim: pô, não tinha um outro momento… eu não sabia que vinha uma crise econômica, eu não estudei o cenário. Eu não sabia que vinha uma crise. Então, eu digo sempre: pô, não tinha um outro momento para eu estar trabalhando não? Tinha que ser na maior crise econômica do país? Ao mesmo tempo, isso dá uma bagagem, que o Brasil melhorando e Pernambuco está crescendo bem mais que o Brasil, você consegue fazer com mais situações. Só que ou eu fazia o feijão com arroz, junto com toda a equipe ou a gente ia criar essas soluções. Então eu falei do Milha Campeã, foi uma dessas soluções. Orçamento zero para isso, foi só a gente mobilizar, fazer a ponte com o Porto Digital e aí, qualquer pessoa ou empresa faz essa transferência de milhas para o atleta. A gente tem um outro programa chamado Amigos do Esporte, onde a gente mobilizou o LIDE, um grupo de empresários, eles reuniram todos os empresários, a gente apresentou a história dos atletas. E as empresas pagam R$1.000,00 por mês, durante um ano, para os atletas, complementando os nossos programas de incentivo.

Luciano Pires: Empresas lá de Recife?

Diego Porto Perez: De Pernambuco.

Luciano Pires: De Pernambuco. E essas empresas têm uma contrapartida, de alguma forma?

Diego Porto Perez: Não. Só propagandas, só agregar valor e se a empresa quiser, o atleta veste a marca dele. Aí criamos a Lei de Incentivo ao Esporte, através do ICMS.

Luciano Pires: Essa que você falou, a empresa. Na verdade, você está apelando para consciência cidadã do dono da empresa ou do empresário ou do diretor, que olhe para aquilo e fale: cara…

Diego Porto Perez: Que nem conhecia a história de alguém que saiu do interior e se tornou campeão mundial, que nem sabiam que um atleta que treinava na piscina, porque não tinha colchão onde cair, chegou na Olimpíada, na Paralimpíada do Rio 2016, com 16 anos, porque teve um pouco mais de investimento. Então, quando você conhece as histórias, vai conhecendo não só os programas, a publicidade do governo, mas quando você conhece as histórias dos atletas, te dá uma possibilidade maior de ajudar. De novo: a gente tinha tantos programas de incentivo para mais fazer. Não tem mais como apoiar. A gente mobilizou o LIDE. O LIDE fez um evento enorme, chamou o João Paulo Diniz para ir lá palestrar nesse evento, para apresentar o programa, para apresentar as histórias. E hoje a gente tem 55 atletas patrocinados por empresas, com R$1.000,00 por mês, durante um ano, dá aproximadamente 620 mil.

Luciano Pires: Quantas empresas?

Diego Porto Perez: Aí é um pouco menos, porque tem empresa que patrocina cinco atletas…

Luciano Pires: Mas são 400 empresas? É isso aí? 500 empresas?

Diego Porto Perez: Não.

Luciano Pires: 400 empresas? Quantas empresas?

Diego Porto Perez: Não, é bem menos, são 55 atletas patrocinados, então, deve ter cerca de 42 empresas patrocinando esse programa.

Luciano Pires: Ah, entendi, entendi.

Diego Porto Perez: Porque aí, se você for somar dá aproximadamente, R$ 615.000,00 no ano, que não sai do cofre público, que sai da iniciativa privada. Aí tem a Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, que o governo reloca o ICMS para o projeto esportivo, também sancionamos e regulamentamos. Não existia, desde 2015. E aí, dentro dessas alternativas você vai estabelecendo parceria. Fizemos uma parceria com o Orlando City, levamos jogadores para lá, para treinar e estudar durante um mês. Temos um programa chamado Ganhe o Mundo Esportivo, onde os atletas da rede estadual, que se destacaram nos Jogos Escolares, passam dois meses – estão neste momento no Canadá – estudando e treinando. Chama chamado Ganhe o Mundo Esportivo. É uma transformação. Existia esse programa na Educação, foi criado por Eduardo Campos, o governador manteve e ampliou esse programa e criou o chamado Ganhe o Mundo Esportivo. Os atletas treinam em centros de treinamento de excelência, ficam em casas de familiares, igual um intercâmbio e estudam inglês, igual um intercâmbio. Então eles voltam e tem uma transformação enorme. Então a gente está pensando um pouco fora da caixa. Não sendo melhor que A, que B ou que C. Mas está criando alternativas para ajudar mais e não gastar tanto nesse período de crise.

Luciano Pires: Você consegue já ver resultados desse teu trabalho, projetando Pernambuco no Brasil, de uma outra forma? Com resultado mesmo, com campeonato, com atletas aparecendo, visibilidade. Dá para ver já? Em três anos já deu para ver? Deu para sentir?

Diego Porto Perez: Tem muitos resultados positivos e avança. A gente trabalha com esses indicadores, com essas estatísticas, foi a maior delegação de Pernambuco que foi para a Olimpíada. Mas eu não quero ter a pretensão que foi por causa do nosso trabalho. Mas todos… como a gente aumentou muito os programas de incentivo… o Bolsa Atleta hoje atende 350 atletas, recebe entre 360 e 2.500 por mês, durante um ano, é o terceiro maior Bolsa Atleta do Brasil, tem o programa de passagens, tem o Time PE. Todos esses programas de incentivo, a gente vai monitorando quem faz parte dele e que evolução esses atletas têm. Então tem alunos da rede estadual, que são campeões mundiais, que são campeões sul-americanos. Então, o maior investimento da gente, o maior foco da gente tem sido nos Jogos Escolares, em tudo que está ao redor do esporte escolar. Levamos o Campeonato Escolar de Tênis, Campeonato Brasileiro Escolar de Basquete, Campeonato Brasileiro Escolar de Atletismo, eliminatórias da Copa do Mundo. Enfim, a gente tenta ir, dentro dessas possibilidades, alcançar o máximo. E eu tenho uma missão, um pensamento aí: de fazer Pernambuco ser referência em gestão de esportes em todo o Brasil. Então é bom esse espaço, para a gente compartilhar isso, para que mais pessoas tenham acesso a algumas ideias e que a gente vá trocando ideia também com outros estados. A gente faz muito benchmark também, para ter essas ideias e ir adaptando à sua realidade. De repente, uma ideia de um programa da Saúde em determinado estado, se adapta e traz para o esporte. Um programa da Educação nossa, a gente adaptou e trouxe para o esporte, que é o Ganhe o Mundo Esportivo. Então, se tiver essa conexão é muito mais fácil. Muito mais fácil.

Luciano Pires: E o futebol? Futebol é que nem coentro, se você errar a mão, a comida fica só com gosto de coentro. O futebol, quando entra, ele toma conta. Ele é o… o dinheiro vai todo para ele. A audiência vai toda para ele e o resto vira resto. Eu não vou nem falar dos outros esportes. Você é um cara que vinha da área esportiva e que tem o futebol na veia, né? Até pelo pai, né? Como é que está o futebol sendo tratado nessa tua gestão, considerando que o futebol – em teoria, ou deveria ser assim – ele é autossuficiente. Ele se paga. Aliás, além de se pagar, ele ainda devia estar gerando coisas, né? E eu me lembro, cara de muito, mas muito tempo atrás, você tinha as escolinhas de futebol, você tinha os campeonatos, o Desafio ao Galo aqui em São Paulo, que eram campeonatos pequenos – não pequenos – eram não profissionais e dali brotava jogador que era uma coisa louca. Então, tinha… todo lugar tinha um campinho. E essa coisa meio que se perdeu no caminho, o futebol virou um business muito forte. E ele parece que meio que esqueceu essa base toda lá.

Diego Porto Perez: Cara, tem uma estatística aí muito dura, que a cada 3 mil crianças que entram numa peneira no futebol, apenas uma passa para o auto rendimento, essa é uma estatística da Universidade do Futebol, que é uma referência em todo o Brasil. Isso é fábrica de sonhos ou de frustração? Pô, todo mundo acha que o futebol é uma fábrica de sonhos: oh… só um a cada 3 mil passa. O que se faz desses outros…

Luciano Pires: 2.999…

Diego Porto Perez: 2.999…

Luciano Pires: Que não passaram…

Diego Porto Perez: E por que só passou um? São dois caminhos aí, que a gente tem que entrar. O foco do governo não foi o futebol de auto rendimento, pelas explicações que você já deu. Mas o futebol dos Jogos Escolares, por exemplo, que não eram realizados. A gente investiu neles, a gente promoveu clínicas com profissionais renomados no Brasil todo…

Luciano Pires: Quando você fala: não eram realizados. O que é?

Diego Porto Perez: No futebol. Não eram feitos. Não foi feito nos últimos anos, os Jogos Escolares.

Luciano Pires: Não tinha Jogos Escolares ou não tinha futebol?

Diego Porto Perez: Não foi realizado futebol, por exemplo, em 2014. E aí a gente começou, de um lado, capacitação nesses professores da rede estadual, nesses técnicos de escolas, nos professores de educação física. Fizemos a parceria com a Universidade do Futebol, que é uma referência no país, com a UNICEF e com Barcelona, que tem um projeto chamado Mais Que Futebol, que ensina não só a parte tática e técnica, mas a formação do cidadão. Então fizemos contínuas capacitações, foco no futebol. Mas depois, a gente ampliou para outras modalidades.

Luciano Pires: Quem você está capacitando?

Diego Porto Perez: Os professores de educação física…

Luciano Pires: Das escolas…

Diego Porto Perez: Das escolas da rede… professores de educação física da rede estadual ou que são da rede privada e que participam dos Jogos Escolares de Pernambuco também. Então, você tem que ter uma melhor metodologia para isso, até para tratar do cidadão. A final do futebol dos Jogos Escolares de Pernambuco, por exemplo, passou a ser na Arena de Pernambuco. Então dá um glamour.

Luciano Pires: Sim. Claro.

Diego Porto Perez: Esse foi um dos momentos mais emocionantes, que eu já cobri Copa do Mundo, e eu chorei tanto quanto, na primeira final que a gente fez dos Jogos Escolares, que eu soluçava inclusive, nessa final, quando meninos do interior, que nunca haviam ido à Arena de Pernambuco – foi um palco de Copa do Mundo – que eles tiveram o mesmo cerimonial, padrão FIFA e tal, para jogar nisso.

Luciano Pires: Que legal, cara.

Diego Porto Perez: Os melhores do futebol tiveram a possibilidade de treinar nos clubes profissionais, a gente fez esse convênio a Federação Pernambucana de Futebol.

Luciano Pires: Deixa eu dar uma pausa, para não perder esse embalo aqui. Quer dizer, tem esse lance dos ritos, né? Ritos e mitos…

Diego Porto Perez: A repetição…

Luciano Pires: Quando você cria um rito como esse lá dentro, o impacto na cabeça de um garoto desse, independente do fato, cara: estou dentro do lugar que eu assisto na televisão, jogo da Copa do Mundo, bla-bla-bla. Então: olha que legal estar aqui, bla-bla-bla. Tem um outro impacto, que é o seguinte: existe um outro mundo lá fora, que é possível. Essa minha vida que eu estou, no interior, é uma vida, pô, é dura, é dureza, pa-pa-pa. Eu estou vendo a minha família, tudo é difícil, tudo é complicado. Mas eu fui lá e eu vi. E eu cheguei lá e eu entrei. E aquilo, talvez, seja possível. Eu acho que eu vou levantar um pouquinho a barra. Eu quero buscar aquilo lá. Eu não quero me contentar. Eu não quero ser o bonzinho aqui. Eu quero ser o melhor lá.

Diego Porto Perez: O esporte ensina. O esporte ensina isso. E nesse caso, por exemplo, foram os meninos de Salgueiro, que é do sertão de Pernambuco, de uma escola da rede estadual. E eles, depois, eles andaram em carro de bombeiros, depois que foram o título, na própria cidade. As emissoras cobriram. Foi uma grande exposição na mídia. Nesse ano, a gente fez ainda mais, do futebol. No ano passado, no caso, os melhores do futebol… a gente contratou, a gente fez uma parceria com uma empresa chamada BW, e aí eles trouxeram coordenador das divisões de base do Orlando City, Mike Potempa. Ele realizou uma clínica com os 40 destaques dos Jogos Escolares de Pernambuco, da rede estadual, lá na Arena de Pernambuco.

Luciano Pires: Que é uma garotada com que idade?

Diego Porto Perez: Entre 15 e 17 anos. Entre 14 e 17 anos. E os dois melhores, no caso, Márcio e William, passaram um mês treinando no Orlando City, nas divisões de base dos Estados Unidos. Custo para o estado isso?

Luciano Pires: Zero.

Diego Porto Perez: Zero. Parceria com a BW World, parceria com Orlando City. E gerou essa possibilidade. Imagina esses meninos no exterior, treinando nos Estados Unidos, na divisão de base do Orlando City, que é o maior clube de lá, que é referência em gestão. É gerido inclusive por um brasileiro aí, de sucesso.

Luciano Pires: Quantos estudantes estão envolvidos nesse projeto teu?

Diego Porto Perez: Nos Jogos Escolares, são 60 mil alunos.

Luciano Pires: No futebol dos Jogos Escolares?

Diego Porto Perez: No futebol, cerca de 2 mil.

Luciano Pires: Dois mil…

Diego Porto Perez: Atletas…

Luciano Pires: Saíram dois?

Diego Porto Perez: Atletas, alunos atletas. Dois mil atletas, saíram dois.

Luciano Pires: De 2 mil, saíram 2?

Diego Porto Perez: Esses para o exterior. Mas a gente fez alguns convênios com a Federação Pernambucana de Futebol, que os clubes levam, para, no mínimo fazer um período de testes de um a dois meses. Que é muito pouco, além disso, a capacitação, além disso, reforma de campos. Escolinhas de projetos sociais através da Lei de Incentivo…

Luciano Pires: Eu estou indo nesse teu raciocínio, para pegar um gancho aqui, que eu acho que tem uma lição fundamental aqui, tem tudo a ver com o que está acontecendo no Brasil agora. Nós estamos gravando esse programa aqui, não fez uma semana que pegou fogo no Museu do Rio de Janeiro. Esse escândalo gigantesco aí. E a gente… puta, o que já se falou a respeito, até já esgotou meio, que o assunto. Mas fica muito claro o seguinte, você deu um exemplo aí: eu tenho quarenta e poucas empresas que estão patrocinando 55 caras. Eu tenho o cara lá do Orlando City que veio aqui e levou dois caras para lá. Eu tenho gente que pode doar milhas e fazer… cara, são tudo iniciativas individuais. Na verdade, não são 42 empresas. São 42 executivos que decidiram que a empresa vai colocar. Então, não é. A empresa é uma pessoa. É uma pessoa que está doando a milha. É uma pessoa. É sempre uma pessoa. É sempre um cidadão que olha e fala: pô, cara, eu tenho condições aqui, por que eu não vou doar um pouco dessa minha condição? E o brasileiro parece que se esqueceu disso. Então, cara, o Museu estava caindo aos pedaços. Foda-se o Museu, cara. Eu não vou botar um tostão lá, porque não é obrigação minha. É o governo que tem que fazer. Quero que acabe… e acaba. E acaba. Porque o governo não faz a parte que deveria caber a ele e o Museu vai ser destruído. Quando você sai do Brasil, vai lá para fora, a comunidade está envolvida, então tem ala do fulano, a ala do sicrano. Esses caras estão fazendo acontecer e estão criando… porque há uma cultura…

Diego Porto Perez: Concordo…

Luciano Pires: Que pode mudar isso tudo, do ponto de vista do Museu. Se eu trago para a tua área, que é esporte, cara, está claro. Se a comunidade pernambucana decide abraçar e fala: cara, eu não posso pagar um atleta, mas eu posso pagar vintinho, dezinho. E nós 2 mil, um milhão junto, entendeu?

Diego Porto Perez: Isso em menor alcance. Com a Lei de Incentivo, que é via ICMS, você tem um alcance maior, um investimento, há um valor maior, destinado a isso. Mas quando você vai juntando esse quebra-cabeça e compartilhando autoria, o resultado é forte. É trabalho em rede. Eu acredito muito nisso. Tem um projeto social, que até é referência no mundo todo lá, com a love.fútbol, que é uma ONG norte-americana, mas que o presidente é pernambucano. Eles constroem a quadra com a comunidade. Eles capacitam a comunidade, dão material de construção e a comunidade constrói essa quadra. A manutenção dela é melhor do que qualquer manutenção. Porque se eles suaram tanto para construir, quem é que eles vão deixar destruir? Quem é que eles vão deixar pichar ou cortar uma grade? Isso, a gente tem um projeto desses em Garanhuns, tem um projeto desses em São Lourenço da Mata. E isso ensina não só para o futebol, não só para a gestão pública. Mas ensina para tudo isso que você está falando. Trabalho em rede, você compartilhou autoria…

Luciano Pires: Não é que o que é nosso não é de ninguém, cara. O que é nosso é um pouco meu. Então, eu tenho obrigação sobre aquilo lá, não só de cuidar, de zelar por aquilo, como de dar valor àquilo, né? Tem gente que não dá valor nenhum, dane-se.

Diego Porto Perez: Tem gente que fala: eu sou empreendedor, eu sou empreendedor. Por que não vai ser empreendedor no social, por que não vai ajudar? Às vezes é até mais fácil ajudar o próximo que está longe, do que o próximo que está perto. Esses programas famosos aí, Criança Esperança, Teleton, o cara vai lá, liga, pa-ra-ra. E o teu, na tua calçada tem alguém que precisa de um sapato e você não dá.

Luciano Pires: Na esquina, na esquina aqui, você faz a diferença na esquina.

Diego Porto Perez: É mais fácil você ajudar o próximo que está longe, de repente, pelo que a gente percebe, do que o próximo que está próximo de verdade.

Luciano Pires: É. O Brasil precisa… nós temos que mudar essa cultura, sabe, de pensar primeiro que não é obrigação minha, já que eu pago tanto imposto e o Estado que se vire. Isso não funciona assim. Outra, eu não tenho que dispor de muito. Eu, com um pouquinho. Muitas pessoas com pouquinho mudam a situação.

Diego Porto Perez: Para isso, o Estado também… eu vou fazer uma ressalva. Vou me colocar aí no meio, vou colocar o Estado. Tem que ter um trabalho sério, transparente, de credibilidade. Senão, ninguém vai estar vendo o fruto, para onde vai isso.

Luciano Pires: Cara, isso dá outro programa.

Diego Porto Perez: É uma outra discussão.

Luciano Pires: Dá um outro programa. Não vamos discutir essa questão.

Diego Porto Perez: O respeito com a comunidade. Porque a gente está fazendo um trabalho duro. Estão vendo. Pode falar qualquer coisa. Pode ter alguém que empate com a gente, mas eu acho que trabalhou mais que a gente, não tem. Não tem.

Luciano Pires: Quais são as demonstrações que você recebe da comunidade, agora? Da comunidade? Que te deixa claro que a coisa está funcionando e tal?

Diego Porto Perez: Essa é…

Luciano Pires: Você pode andar na rua tranquilo, que ninguém te dá uma porrada?

Diego Porto Perez: Tranquilaço, tranquilaço. Eu sou bem gente, eu sou bem sem frescura nesse sentido. Eu sou repórter, então eu gosto de estar na rua. Eu sempre estive na rua. E eu disse isso até num evento que a gente fez essa semana: o melhor indicador que a gente tem. A melhor estatística que a gente tem ou é o melhor programa que a gente tem, o melhor alcance. É esse retorno e esse respeito da comunidade esportiva. Mesmo quando a gente diz não ou quando a gente erra. Que a gente erra também. Só que como a gente tem trabalhado com um respeito grande a eles; eles dão crédito quando a gente erra. Ou quando a gente diz um não, a gente explica porque não. E aí quando você recebe, por exemplo, no embarque do Ganhe o Mundo Esportivo, desses alunos da rede estadual, alunos atletas da rede estadual, que vão para o exterior, que você vê o choro e a pessoa ou na ida ou no desembarque, lhe abraça e diz assim: obrigado por tudo. Nossa. Obrigado por mudar a minha vida. Ou então chega uma mãe e diz: obrigado por salvar a vida do meu filho. Aí você diz: é isso que eu pensei…

Luciano Pires: Lá atrás?

Diego Porto Perez: Lá no Caldeirão do Huck, lembra, que eu falei? É isso que te conecta. Então já tem dia que eu já estou mais sossegado nisso. Mas tem dia que você se emociona muito, muito, muito. No dia que eu for frio para essas situações, meu feeling deixar ficar no automático, pedir para sair.

Luciano Pires: E tem um ponto legal que você está colocando aqui que é o seguinte. Tem muita gente fazendo isso que você faz, dentro de uma ONG, uma ONG, uma organização social. Eu estou aqui, eu atendo 40 crianças, 60 crianças, 90 crianças. Eu trouxe aqui, nessa temporada que está saindo o teu programa, sai também o programa da Katia Carvalho. Eu trouxe ela aqui, ela está à frente de uma organização, Casa do Jardim – vai me falhar aqui agora – ela está à frente de uma organização social, que ajuda ali 90 crianças. Eu até provoquei ela, eu falei: cara, você já parou para pensar que se você subir um degrau e virar uma vereadora, ao invés de 90, você pode ajudar 9 mil? E ela: não quero nem chegar perto, porque eu sei o antro que é aquilo lá. Mas o ponto que eu quero colocar é esse, quer dizer, é o fator multiplicador do teu esforço. Você podia estar à frente de uma organização, ajudando 100, 200, 500 mil pessoas. Ao estar à frente de uma secretaria, você está ajudando quantas? Um milhão, dois milhões?

Diego Porto Perez: Isso pesou muito na minha decisão. Que eu disse que foi muito rápida. Quando eu liguei isso ao que eu pedi e ao que eu gosto, de transformação. E no jornalismo, você também tem esse poder. Quando você fazia matéria de um projeto social, quando você ajudava um atleta através de uma reportagem, você também ajudava muito. Mas esse alcance foi o que pesou na minha decisão.

Luciano Pires: Sim, multiplicador. Cara, que legal, bicho. Muito bom saber. Qual o projeto agora, cara? O que vai acontecer? Vai ter uma eleição aqui, agora?

Diego Porto Perez: Vai ter uma eleição. A comunidade esportiva sabe do que o nosso time fez. Está bem consciente disso. A gente tem que trabalhar mais. Aí eu digo sempre – e a gente tem, no mínimo, uma ação todo dia – a melhor política que a gente faz na Secretaria de Esportes, eu quero que todos possam replicar isso, é trabalho. Porque chega em época de eleição, o pessoal diz: ah, ninguém mais vai ter mais ação. E a gente não para de ter ação. Eu tenho um planejamento do ano, eu entrego sempre o calendário do mês. Eu tenho um calendário da semana e tenho um checklist diário. Sou fissurado em checklist. Sou fissurado em fazer. Pa. Faz e vai melhorando, feito é melhor que perfeito. Vai fazendo. Então, a gente tem um calendário até o final do ano, que a gente vai cumprir. E tem que fazer bem todo dia e tem que ter ação todo dia. Essa é a melhor política que a gente faz.

Luciano Pires: Sim. O governador quem é lá?

Diego Porto Perez: Paulo Câmara.

Luciano Pires: Está concorrendo à reeleição?

Diego Porto Perez: Está concorrendo à reeleição. Está na frente nas pesquisas.

Luciano Pires: Ótimo. Digamos que acontecesse uma tragédia brutal. Aconteceu uma tragédia e o Paulo Câmara não foi reeleito. Isso aqui, digamos, tá? Político odeia essas coisas. Mas digamos. E assume um outro cara que fala: acabou, meu amigo, muito obrigado, excelente trabalho. Tchau. Até logo. O que acontece com a sua vida?

Diego Porto Perez: Não sei. Não adianta eu falar…

Luciano Pires: Você vai bater lá na TV e falar: ei, me devolve…

Diego Porto Perez: Não sei. Porque eu estou tão focado nisso agora. Até é um defeito meu. Eu tinha que estar construindo cenários. Primeiro, que eu acredito que esse cenário não vai acontecer. Por tudo que tem sido feito lá, educação pública, por exemplo, é a melhor do Brasil. Por tudo que tem sido feito lá, acredito que o governador permanece, estou trabalhando também para isso. Mas eu não pensei nesse outro cenário, que é um defeito meu, poderia estar pensando em outros cenários. Eu só penso em fazer o melhor. Estou numa carga máxima, numa intensidade máxima, que até é desgastante. Até porque eu tenho que estar me preparando mais, estudando mais, descansando mais. O descanso faz parte da preparação também. Mas eu estou fissurado em fazer mais, por mais quatro anos. E a missão é que Pernambuco seja referência em gestão no esporte, em todo o Brasil.

Luciano Pires: E a tua aspiração futura? Você quer ser Ministro dos Esportes do Brasil? Você quer ser governador de Pernambuco? Passou pela tua cabeça que há uma carreira que pode ser seguida aí, se você seguir, ou isso não é prioridade nenhuma para você?

Diego Porto Perez: Não pensei.

Luciano Pires: Não vai tentar me enrolar aqui…

Diego Porto Perez: Juro, não, eu juro por Deus, não. O pessoal tem perguntado muito: tu vai se filiar? Tu vai ser candidato? Tu vai ser candidato? Vai ou não? vai se candidatar ou não? Todo mundo pensava que ia nessa eleição. Eu estou muito feliz onde eu estou. Muito. Só que eu tenho consciência que tem que trabalhar mais. Hoje o melhor cenário, claro, é a permanência, para que a gente possa atingir mais. Mas eu gosto muito de desafios maiores. Vai chegar um ponto também, de querer desafios maiores. Se é um outro assunto, se é uma outra área ou se é dentro dessa área, em outros cargos, não parei para pensar e nem tenho força para isso. Eu só posso fazer o meu máximo mesmo. O que isso vai dar, primeiro a gente tem que esperar dezembro, que é o final desse trabalho. Outubro que a gente vai ter possíveis conversas de situações futuras. Mas se eu te disser que eu parei para pensar nisso, pelo contrário, até minha mãe me pergunta: e aí? E se? Minha irmã me pergunta: e aí? E se? E eu não parei mesmo. Isso aí tem a ver com a minha fé também. Isso aí tem a ver com a minha intuição também e isso aí tem a ver com o tempo dedicado ao trabalho. Ou eu paro para ficar com caraminhola na cabeça e minhoca na cabeça, ou eu vou trabalhar de maneira intensa. Eu acredito muito nisso. Estou muito confiante nesse trabalho. Muito. E muito confiante na equipe.

Luciano Pires: Você está atuando num país que há pouquíssimo tempo atrás botou 9 bilhões para fazer 12 estádios. Botou sei lá mais quantos bilhões numa Olimpíada. E hoje você, passados aí, dois anos da Olimpíada, o Parque Olímpico está apodrecendo no Rio de Janeiro. Tem estádios que não tem o menor sentido, estão lá apodrecendo também. Ficou claro que houve um desvio de dinheiro que foi uma loucura. E ao mesmo tempo, o esporte brasileiro vive se queixando que ele está à mingua, à mingua, né? Ou seja, tem um nó gigantesco aí, que você olha para aquilo e fala: eu consigo ver tudo, menos orgulho. Sabe, não tem orgulho nenhum da gestão esportiva brasileira. Você não acha que esse é um problema gigantesco, cara? Quando você olha para aquilo lá, fala: meu, olha o tamanho do moinho de vento aí que eu vou… do monstro que eu vou ter que enfrentar, sabe? Mesmo que você corrija a tua casinha. Eu arrumei minha casa, arrumamos o estado. O estado está indo bem. Agora, eu estou diante de uma realidade que, cara, meio que desestimula, sabe? Como é que você… quando você vê aquelas fotos do Parque Olímpico, do jeito que ele está hoje?

Diego Porto Perez: Sabe o problema disso? Além do problema ético, que todo mundo já está ciente disso, acompanha todos os dias notícias. Gestão/liderança. O mercado de gestão esportiva é enorme hoje no Brasil. Quem é que está gerindo esportes nos estados? Quem é que está gerindo esportes no país? Que cursos essas pessoas têm ou tiveram? Que preparação eles tiveram ou tem? E que dedicação eles tiveram ou tem também? Então eu acho que o grande problema do Brasil nessa área de esportes é gestão, ponto. Com gestão e liderança você resolve grande parte ou todos os problemas. Quantos estádios, quantos clubes de futebol, principalmente que não tem gente expert em gestão, expert em pessoas, expert em liderança, expert em marketing esportivo, enfim, em outras áreas.

Luciano Pires: Sim. Mas a gente achou que depois do 7X1 isso ia ser resolvido, cara. Aquele 7X1 foi assim, cara: ainda bem que nós tomamos aquela puta humilhada, porque amanhã de manhã a gente muda tudo. E não mudou porra nenhuma, cara.

Diego Porto Perez: É o sistema. É o conjunto. É a rede que não é do bem. Ao mesmo tempo, eu vou jogar um outro lado, a Alemanha foi campeã com 7X1, um modelo de gestão no futebol, democratizou o futebol, capacitou os professores, incluiu, mudou o modelo de jogo. Foi botar olheiros em todo o mundo. Ok. O que aconteceu com a Alemanha nessa Copa? Então, nem para tanto, nem para menos. Hoje no esporte, se fizer o simples bem feito, já faz uma diferença enorme. O problema é que nem querem fazer nem fazem o simples. A realidade de Pernambuco – eu te convido a ir lá quando você puder – é uma outra. Longe de… não temos defeitos? Temos. Longe de: fizemos tudo. Longe disso. Mas para o que tínhamos, tudo na vida é contexto, para o cenário econômico do país, a gente fez muito. Muito. E eu acredito nisso. Porque tem um time que está focado em fazer gestão, liderança, preparação, estudo. E como Murilo Gam fala, hardwork. Intensidade no trabalho, intensidade total. Hardwork, papai, hardwork. Sou fã dele, pernambucano também.

Luciano Pires: É? Grande figura. Grande. Ele já esteve sentado aí nessa cadeirinha aí.

Diego Porto Perez: Pô, que honra, que honra.

Luciano Pires: Uma grande figura. Cara, se alguém – pode ser que tenha alguém ouvindo a gente aqui – que seja político, que tenha poder em algum lugar – e eu sei que tem alguns que escutam – e que falam: meu, eu estou gostando dessa história aí. Eu quero saber mais, o que se passa lá para aprender com esses caras aí. Vocês estão participando, existe alguma troca feita nos… os teus equivalentes em cada estado brasileiro, esse povo se conversa, troca ideias? Vou buscar a melhor prática de lá para trazer para cá? Você comentou agora a pouco aí do teu programa, o Milha… como é que é?

Diego Porto Perez: Milha Campeã.

Luciano Pires: Da Milha Campeã. Que, pô, se está funcionando, por que não ir para o Brasil inteirinho agora? Se ninguém conhecer, ele não vai. Não existe um intercâmbio acontecendo?

Diego Porto Perez: Poucos secretários fazem. São poucos os que fazem. Por exemplo, Minas Gerais procurou conhecer o programa da gente, do Milha Campeã, o Ganhe o Mundo Esportivo. A gente já foi em Santa Catarina, a gente já foi em São Paulo, a gente já falou com o pessoal do Maranhão, a gente já falou com o pessoal de Alagoas. Mas muito pouco. Eu inclusive no início, participava de reuniões maiores dentro disso. Mas eu sou bem prático: reunião para marcar reunião é a pior situação que se tem no ambiente público, no ambiente privado. Então, quando se politiza e a pessoa só quer ter o cargo de presidente do fórum, do conselho de não sei que e não bota encaminhamentos para aquela pauta, não bota prazos para aquela pauta e não bota os responsáveis por aquela pauta, não adianta.

Luciano Pires: Isso é o primeiro ano em qualquer faculdade de Administração.

Diego Porto Perez: Não adianta. E eu não estou nem botando muita teoria. Vamos fazer, quem vai fazer, quando? Vamos?

Luciano Pires: Você conhece o Stephen Kennings, professor, escritor e tudo. E ele tem… o foco dele é administração. Então ele fala: o grande problema do Brasil é que ele nunca foi gerido por um administrador. Ele é por um político, por um economista, por um general, por um advogado. Mas um administrador nunca pega aquilo. Que é o cara que tem esse pragmatismo de lidar como você falou, 1, 2, 3 tem que dar. 1+1 dá sempre 2. E esses caras lidam assim, que é uma falta brutal. Seguinte, o que está acontecendo? Vamos voltar atrás: por que pegou fogo o Museu do Rio de Janeiro? Porque não tem administradores ali à frente. Tem alguma coisa que não é o administrador. É outra coisa, que está usando o cargo de administrador a serviço de uma outra coisa, tanto que deu naquilo que deu, né? Você vê esse teu ímpeto aí, essa tua visão de administração, ela está reproduzida em algumas outras áreas? Isso é algo comum no governo de Pernambuco ou você foi um acidente de percurso?

Diego Porto Perez: Isso vem desde 2010, pelo que eu pude buscar de informação. Primeiro, porque eu acompanhava na imprensa, não tão de maneira constante. Mas 2010, Eduardo Campos resolveu mudar o modelo de gestão do estado. Contratou Falconi para dar uma grande consultoria. O Falconi cita isso nos livros dele. Implementou modelo de gestão diferenciado, principalmente baseado no PDCA, do planejar, do fazer, de ajustar, de checar novamente, fazer novamente. E ele colocou esses procedimentos do mundo privado, do mundo organizacional, para a gestão pública. E aí deixou muita gente inquieta e fora da zona do conforto. Por isso que o estado cresceu como cresceu, desde… no período de Eduardo Campos. Por isso que o estado ficou de pé, no período da maior crise econômica do país. Saiu da 23ª colocação do IDEB para 1ª. É o estado que tem a menor evasão escolar do país. Investiram muito na educação. Mandando 6 mil alunos para o exterior, da escola da rede estadual. Por isso que se melhorou tanto o nível. Tem mais escolas em tempo integral, se somadas, do que Rio e São Paulo e Minas, de maneira, juntos. Então, ele saiu mudando isso. Não adianta só mudar o modelo de gestão, se não mudar o modelo, o perfil dos gestores. Se vem do privado ou não, se é do público ou não, é gente. Então, gente vai ter que ser melhorada. E tem que buscar se melhorar também. Então, eu sou muito focado nisso da gestão com pessoas. Você falou do administrador. Na minha visão não adianta nem só botar um administrador. Nem sempre o melhor técnico é aquele que tem a maior expertise técnica e vai garantir essa capacidade. Porque se o cara for um administrador e não for um líder, não adianta. Você vê hoje, vamos para o futebol, os grandes técnicos do país sequer foram bons jogadores ou foram jogadores até medianos ou medíocres.

Luciano Pires: Vamos partir para o finalmente aqui. Eu estou te botando numa puta fria.

Diego Porto Perez: Misericórdia.

Luciano Pires: Está preparado para a fria?

Diego Porto Perez: Vamos.

Luciano Pires: Você era jornalista, virou um gestor público. Você deixou de ser pedra para ser vidraça. Hoje você é vidraça.

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: Deve apanhar dos seus colegas lá, que é uma beleza. Toda hora sai alguma coisa que você olha e fala: mas de onde o cara tirou isso aí? Qual é a tua visão hoje, da imprensa, cara?

Diego Porto Perez: Ah, isso é massa.

Luciano Pires: Do lugar que você está?

Diego Porto Perez: A gente tem uma boa relação com a imprensa, não só por amigos, mas porque a própria imprensa esportiva sofreu com o que não era feito no estado antes. Mas hoje eu aprendi a respeitar mais as pessoas. Eu me colocando, que eu batia pesado. Independente de quem seja, presidente de futebol, federação ou governo. Eu batia pesado. E às vezes, você bate sem a fundamentação ou bate sem ouvir o outro lado. Você vai jogando logo para o pessoal. Você vai logo… porque se você erra no programa de TV, você tem menos audiência ou mais audiência. Você é um bom apresentador para um, você é um mau apresentador para outro. Se você errar na gestão pública, alguém vai logo lhe chamar de um nome que não preste. Vai logo duvidar da sua conduta. No início, eu tinha muito receio. Muito medo. Com o aprendizado e um pouco mais de experiencia ou se tiver uma crítica – que não teve – em quatro anos não teve uma crítica que não foi fundamentada. E nem teve um problema: oh… muito grande. Quando tem um ou outro, eu gosto sempre de enviar informação: tem isso também, você sabia? Tem isso também, você sabia? E eu despersonalizei também isso. Que tem muito que acha… você falou sobre isso. Que a imprensa está duvidando de Diego, está falando de Diego, de Filipe, de João, de Maria. Não. Ali é o sistema. Que em quatro anos, de repente, você não conseguiu mudar. Ali tem 20 anos que não foi feito nada e de repente, você não consegue fazer. Só que se não melhorar, aí sim, a gente merece levar uma crítica maior, se você não melhorar o processo, então tem alguma coisa, você está dormindo no trabalho, então. Então, mas a relação é boa. Entendo um pouco mais. Aprendi um pouco mais a respeitar mais as pessoas. Eu me peguei batendo muito em algumas pessoas. Do ponto de vista, eu sei o quanto isso é difícil para quem está na gestão pública. Mas a nossa relação é excelente. Eu não tenho muita formalidade com imprensa. A galera fala comigo no Instagram, por Direct ou por WhatsApp ou liga e tem contato direto. Porque eu não tenho… eu não sei até que ponto isso é bom ou até que ponto isso é ruim. Porque também tem esse limite. A gente confunde demais. Ou que quer um furo, porque você é brother e você toma uma ali na esquina com alguém. Mas eu não tenho muita frescura, nem com atleta, nem com técnico, nem com federação, nem com imprensa. A gente…

Luciano Pires: Eu vou dizer o que eu vou fazer: daqui de longe eu vou torcer bastante para você cumprir o seu período aí, cumprir a sua meta. E ali na frente, voltar para a imprensa, tá? Porque a imprensa está precisando demais, cara, de alguém que volta do outro lado. Eu sou índio, virei mocinho, agora eu volto a ser índio outra vez, com a visão de quem esteve do lado de lá. A imprensa está precisando desesperadamente disso, cara.

Diego Porto Perez: A imprensa tem que fazer isso. Eu disse: se todo mundo da imprensa pudesse estar um pouco na gestão pública, ela ia entender o procedimento, tem gente que nem imagina. Acha que a gente tem uma caixa de dinheiro e dá ali a fulano, a fulano. E não entende quais são os procedimentos burocráticos, os procedimentos formais, que não entende quais os prazos também, quais as leis. Eu acho que todo mundo deveria ter essa experiência com a gestão pública um dia.

Luciano Pires: Grande, gostei muito, cara. Quem quiser conhecer, tomar contato com o trabalho de vocês, saber o que está acontecendo lá, tem rede social, tem um site, tem algum lugar que eu possa: deixa eu ver o que esse cara está fazendo lá?

Diego Porto Perez: É o site setur.pe.gov.br, que é a Secretaria de Turismo de Esportes e Lazer.

Luciano Pires: De novo: setur?

Diego Porto Perez: setur.pe.gov.br.

Luciano Pires: Ok.

Diego Porto Perez: Tem a minha rede social direta, já que por motivos de legislação eleitoral não se pode divulgar na rede social da secretaria, pelo Instagram lá @1diegoperez, que o acesso é bem grande.

Luciano Pires: @1diegoperez.

Diego Porto Perez: E na parte que você inspira muito e gosta de inspirar as pessoas, eu estou compartilhando um pouco mais meus conteúdos, meus cursos, minhas palestras, meus textos, num site próprio, que eu lancei nessa semana.

Luciano Pires: Ah é?

Diego Porto Perez: Que não é o modelo ideal ainda, mas que eu gosto muito o Feito é Melhor que o Perfeito. Eu lancei portaldiegoperez.com,br se você puder ir lá depois, dar um feedback para a gente, você é um grande professor nesse sentido.

Luciano Pires: Vem coisa aí, bicho, vem coisa aí. Grande Diego, cara, obrigado pela visita, bicho, adorei. Eu não sabia do que estava rolando lá não, foi uma… aliás, vamos agradecer aqui ao Vítor.

Diego Porto Perez: Isso.

Luciano Pires: O Vítor que nos… que fez essa indicação. O Vítor conheceu o teu trabalho e mandou um e-mail para mim: cara, o nego está revolucionando as coisas aqui, chama ele aí. Eu falei: vamos lá. E, nossa, acabamos fazendo um programa muito legal.

Diego Porto Perez: O Vítor é um apaixonado por fazer também. Um apaixonado por esportes. Foi num curso. Tem contato de rede social. Se conectou. Está gerando uma conexão maior ainda, melhor ainda. E eu sou muito grato. Gratidão é a memória do coração. Então, obrigado Vítor. Eu sou muito grato a você também.

Luciano Pires: Imagina…

Diego Porto Perez: Nunca imaginei estar aqui, nunca imaginei ter essa oportunidade, falar do meu estado, dos nossos atletas, do nosso trabalho, do nosso suor, que é muito menos tempo com a família. É muito menos tempo de lazer. São amigos a menos, porque você vê quem é quem. Você não consegue sair com todo mundo. Você não consegue dar atenção a todo mundo. Você acaba tendo que priorizar. Tem que dizer muito não. Sofre muito com isso. Você fica balançado da cabeça com toda essa mudança, com tudo isso. Mas você servir o próximo não tem preço. Que ninguém saiba disso, porque senão, não paga. Eu estou brincando. Mas não tem preço, isso é muito bom. Essa conexão aqui é muito bacana. Eu sei que você faz isso com muita gente no Brasil todo.

Luciano Pires: Seja bem-vindo, continue fazendo lá, cara. A gente vai querer falar mais. Um abraço.

Diego Porto Perez: Muito obrigado. Que Deus te abençoe, tá?

Luciano Pires: Obrigado, cara.

Diego Porto Perez: Saúde, felicidades, tá?

Luciano Pires: Muito bem, termina aqui mais um LiderCast, a transcrição deste programa, você encontra no lidercast.com.br. para ter acesso a esta temporada completa assine o cafebrasilpremium.com.br e receba imediatamente todos os arquivos. Além de ter acesso ao grupo cafebrasil no Telegram, que reúne ouvintes dos podcasts Café Brasil e LiderCast, que discutem em alto nível, temas importantes, compartilhando ideias e recebendo conteúdos exclusivos. Lembre-se: cafebrasilpremium.com.br. Essa temporada chega a você com o apoio da Nakata, que é líder em componentes de suspensão. Cuide bem de seu carro com as dicas do blog.nakata.com.br.

Narrador: Você ouviu LiderCast, com Luciano Pires. Mais uma isca intelectual do Café Brasil. Acompanhe os programas pelo portal cafebrasil.com.br.