LíderCast 055 – Julia e Karine
Ciça Camargo -Luciano Muito bem, mais um LíderCast, esse aqui tem uma coisa nova, é a primeira vez que eu faço o LíderCast em três, para a minha sorte sou eu com duas moças e vou começar o programa com um merchand, um merchand daqueles bem cavalar, um jabá. Meu filho montou um negócio chamado Monday Night Burgers, quem escuta o podcast Café Brasil, ouviu um programa chamado Fábrica de amigos e lá eu conto a história dele, a proposta que ele fez em montar um… eu não quero chamar de hamburgueria porque não é. É um projeto que em torno do hambúrguer ele arrumou uma forma de reunir as pessoas e fazer um happening, um acontecimento onde a coisa é que no final da noite menos importante acaba sendo o próprio hambúrguer que foi aquilo que atraiu todo mundo. Ele começou a fazer lá na casa dele, foi para outros lugares e aí foi convidado por um pessoal para ir fazer num lugar interessante lá no Pacaembu e eu fui lá, duas, três vezes e até hoje eu não consegui entender o que é aquele lugar, aí eu conversando com ele falei como é que….? Não, espera um pouquinho, fala com as meninas, vê o que que é isso aqui. Eu falei cara, deixa eu conversar, comecei a conversar e continuo não entendendo o que é, falei não, eu tenho que levar elas duas lá e acabei convidando. Foi assim que essas duas moças que estão comigo aqui chegaram até hoje para esse nosso bate papo. Vocês duas não conhecem ainda o LíderCast, mas ele tem três perguntas que são perigosíssimas e as mais importantes do programa, então preste atenção porque depois delas é bate papo só. Eu quero saber o nome das duas, a idade que vocês tem e o que é que vocês fazem.
Julia Eu sou a Julia, eu tenho 30 anos, difícil dizer o que eu faço, eu começo falando que eu sou formada em administração, trabalhei um pouco com isso no Saad, depois fui para o mercado criativo, então o que eu falo hoje é que eu trabalho com criatividade. Acho que é o jeito mais fácil de definir, não sei se soou o suficiente.
Karine Eu sou a Karine, eu tenho 34 anos e eu acho que a pergunta difícil é o que que a gente faz, como a Julia disse a gente não sabe o que a gente faz e a gente não tem a pretensão de saber muito bem, mas enfim, eu acho que hoje a gente pode resumir que a gente cria coisas que não existem, eu acho que na realidade a gente segue a nossa paixão, a nossa curiosidade e a gente vai se conectando com essas pessoas que também tem essas paixões, essa vontade de fazer o novo.
Luciano Qual é a formação de vocês? Você Disse que fez administração?
Julia Eu sou formada em administração de empresas, me formei na GV.
Luciano Você?
Karine Eu não, eu me formei em design.
Luciano Design e administração de empresas. Trinta e poucos anos. Legal, vocês são de onde? De São Paulo?
Julia Eu sou de São Paulo.
Luciano Paulista da gema, daquela mesmo.
Julia Paulista misturada com Ásia.
Luciano Maravilha. Então vamos tentar entender o que… talvez a gente consiga chegar ao final do programa conseguindo entender o que é que vocês fazem, faz parte da minha missão aqui hoje. Eu fui lá visitar o espaço e o espaço é interessante, é uma casa muito legal ali no Pacaembu, num ambiente residencial, não é um ambiente comercial, quem passa do lado de fora não sabe bem o que é aquilo lá, você entra na casa, várias salinhas, um monte de postit na parede, postit não, mas cartazetes na parede e um monte de gente agitando e é um pessoal, não tem ninguém de terno e gravata mas se tiver que ter também tem de terno e gravata e aí eu olhei e falei isso aqui acho que é co-working mas eu acho que é mais que co-working, vocês querem tentar explicar para a gente como é que chegaram naquilo? O que é aquilo? E eu quero depois entender como é que aquilo é um business. Então primeiro eu quero saber o que fez vocês duas se encontrarem para decidir montar aquilo que nós vamos tentar explicar o que é aqui.
Karine Acho que primeiro, para te tranquilizar, a gente começa sempre falando que a Springpoint é assim, se você entendeu é porque você não está entendendo, então você está entendendo, se você não entendeu.
Luciano Vamos só repetir o nome: Springpoint.
Karine Springpoint. Então se você entendeu, é porque você não está entendendo, então fica tranquilo que se chegar até o final deste podcast e você não entendeu, você está no caminho certo.
Luciano Excelente.
Julia Nós duas, a gente veio do mercado criativo, a gente trabalhava mais com branding, marcas, experiências…
Luciano Em agências?
Julia … em agências…
Luciano Funcionária de agência.
Julia … sim, isso. Cada uma no seu canto, a Karine na Ásia, eu estava aqui em São Paulo e a gente lidando muito com esse mercado e ao mesmo tempo acompanhando os movimentos do mundo, a gente começou a ver que o processo criativo e a forma de trabalhar com criatividade, ela tinha oportunidade de ser muito diferente e a gente se encontrou, no começo do ano passado, isso foi lá acho que em março do ano passado, a gente se encontrou para começar a fazer um protótipo do que a gente entendia que era um ambiente para quem quer trabalhar com criação, com criatividade.
Luciano Vocês se conheciam já ou…?
Julia A gente tinha trabalhado na mesma empresa junto.
Karine A gente trabalhou muito tempo junto, há muitos anos atrás e aí enquanto eu estava na Ásia eu me conectei com a Julia também, a gente começou a fazer essas conversas via Skype e aí esse projeto, ele foi nascendo, foi nascendo, a gente conseguiu investidores interessantes para a gente viabilizar esse projeto e quando começou, no dia 1° de abril, parece dia da mentira…
Luciano De que ano?
Karine … do ano passado, de 2015, então aí a gente começou a encubar esse projeto, então ele foi encubado, a gente começou a juntar as pessoas, a gente fez vários testes e dia 23 de setembro de 2015 a gente lançou oficialmente, ou seja, é muito…
Luciano É novinho, não temos um ano ainda.
Karine … não, a gente vai contar um pouquinho sobre esse fenômeno.
Luciano Deixa que eu vou cutucar vocês de montão aqui. Você foi para onde na Ásia?
Karine Em Singapura
Luciano Fazendo o que?
Karine Então, lá eu liderava o escritório de lá, fui para lá para liderar a equipe de criação e depois…
Luciano Que empresa era?
Karine É Futurebrands Uma empresa de marcas, de consultoria de marca e aí lá eu atendia o sudeste da Ásia e a Ásia inteira.
Luciano Mandaram uma brasileirinha de 30 anos para Singapura para comandar um escritório da Futurebrands em Singapura. Que a senhora tem de tão especial para ter sido escolhida?
Karine Então, na realidade foi de uma maneira bem despretensiosa no começo, então fui para lá para tocar a equipe de criação, era uma equipe pequena que não existia e de lá acho que, enfim, acho que essa forma do brasileiro, a criatividade do brasileiro é que o mundo carece, essa cultura que a gente tem que é super exportável e tanto eu como outras pessoas também que foram comigo, a gente conseguiu, a gente foi ganhando espaço e aí por várias mudanças que tiveram lá, no final não sei nem como chegou, a gente já estava liderando os escritórios de lá.
Luciano Você já liderava uma equipe aqui?
Karine Sim, aqui na América Latina. Daí fui para lá.
Luciano Na América Latina? Pô, a senhora tem café no bule. Já liderava a América Latina e foi para lá liderar gente que não fala teu idioma. Outras culturas.
Karine Outras culturas e dali que vieram também vários insights para a gente montar a Springpoint também.
Luciano Não tenho dúvida nenhuma. Me fala um pouco desse teu processo, eu vou explorar as duas igual, vai se preparando que o que eu fizer com ela eu vou fazer com você. Me fala um pouco desse teu processo de de repente você… quem faz design é um artista encubado, então se fosse, se você dissesse para mim que era pintora, que era cineasta, que era dançarina é a mesma coisa, se meteu em design é porque é um artista que está querendo tangibilizar o seu sentimento interior e artista não é um bicho de business. Artista é artista, artista não é para estar liderando, dando ordem, não é para ser chefe, artista é para fazer arte e de repente você se vê numa situação em que você, além de ser a criadora ou o ícone criativo você também está preocupada se o fulano, a esposa do fulano está bem, se o filho dele comeu hoje, o outro que chegou atrasado porque o avô morreu anteontem e eram um tipo de demanda com a qual você não foi preparada na escola porque você foi fazer arte, quando é que você deu de cara com isso e descobriu que o mundo não era só…
Karine Não era só arte…
Luciano … é, só arte.
Karine … é, eu acho que assim, na realidade na sua pergunta tem duas perguntas interessante aqui que o primeiro que é o valor da formação de criação, quando você escolhe uma área dessa de criatividade é porque você já tem isso dentro de você, fazer as coisas virarem reais e tangíveis mas antes disso eu tenho uma coisa assim que é antes de eu criar alguma coisa e fazer alguma coisa relevante, eu tenho que entender para quem que eu estou fazendo, independente de ser um produto, de ser uma obra, independente de ser uma história, independente de ser um business, então eu acho que talvez o que aconteceu e quando eu me dei conta, é engraçado, a gente só se dá conta quando a gente precisa aprender várias coisas quando o problema chega e a gente sempre acha que a gente não está preparado para nada e quando a gente vê realmente, a gente está, a gente sempre… não existe manual para a gente lidar com isso, mas a gente vê que todo mundo tem um potencial e falando do profissional de criação, que era a área e as pessoas com quem eu convivia muito tempo, eu fiquei bastante surpresa porque a gente conseguia lidar com esses tipos de problema de uma maneira muito diferente, então acho que dali acho que vieram dois insights muito bacanas. Um quanto que a gente subestima a nossa própria capacidade humana, acho que independente de qual formação você é e etc, eu acho que o ser humano, ele tem isso dentro dele, que nem a gente, normalmente a gente coloca palavras difíceis dentro de uma corporação, que isso é um processo de gestão, então você tem que estar preparado para isso, você tem que ter esse conhecimento sobre as pessoas e sobre os processos, mas na realidade o ser humano ele já tem isso intrínseco nele mesmo, então a gente vai achar a solução ideal, qualquer profissional assim e dentro do profissional de criação, acho que isso vai ser sempre mais surpreendente ainda porque a gente vai achar soluções que talvez as pessoas não tinham conhecimento.
Luciano Esses olhos puxados, qual é a origem?
Karine Ah é japonesa.
Luciano Pai e mãe, nascidos aqui ou lá?
Karine Pai e mãe nascidos lá, pai lá, mãe meio aqui, paulista…
Luciano Perguntei tua raiz cultural, acho que já tinha uma coisa de disciplina ali que é bem diferente do esquema brasileiro e esse caldo é interessante, o que sai lá na frente, que é o ambiente em cima de você te criando, mas você vem de uma outra visão, a visão do teu pai é totalmente distinta.
Karine Meu pai era japonês mas ele era o japonês mais brasileiro que as pessoas podiam conhecer…
Luciano Eu conheço alguns, teve um colega de classe meu que chamava Mané, Manoel, falei eu nunca vi um japonês chamado Manoel, era o Mané, Mané Ishique, grande figura.
Karine … ele era o Jorge e que gostava do Silvio Santos, que queria votar, mas não podia, então acho que essa frustração dele de não conseguir ser o brasileiro e tudo mais, ele passou um pouquinho para a gente, então a gente sempre cresceu assim, aqui no brasil nós não éramos os brasileiros e no Japão a gente não era os japoneses, então essa crise, acho que todo mundo que é nikei aqui no Brasil sente um pouco isso, mas que enfim, acho que a minha família inteira como criativos, todos são criativos, a gente tenta puxar o bom dos dois lados, que foi um pouquinho disso que a gente conseguiu exportar do Brasil na Ásia lá, nesses últimos anos.
Luciano Você sabe que você falou um negócio legal aqui, eu já tive aqui quarenta e quatro entrevistas de todo o tipo e já trouxe aqui cara vice presidente da Unilever, presidente do cartão não sei o que, caras, ministro de estado e tudo mais, a maioria absoluta desses caras que entraram aqui, sentaram ai nessa cadeirinha e quando eu perguntei a pergunta que eu fiz para você, como é que foi quando você se deu conta, alguém te preparou para exercer liderança? O cara falou, quando eu vi eu já era, ninguém me contou como é que era, quando eu vi eu já estava no meio e eu fui aprendendo por minha conta, entendeu? Engraçado porque todo mundo fala, vou te ensinar, tem um sistema é assim, quando você vai ver, na hora do vamos ver, olha se vira e aprende por você e você?
Julia Eu…
Luciano Ouvimos a Karina…
Karine Karine
Luciano Karine, ouvimos a Karine, agora vamos ouvir a Julia. Vamos lá Julia.
Julia … é minha carreira começou um pouco diferente, eu trabalhei um tempo no mercado financeiro, então eu saí da faculdade e o mais evidente parecia que era trabalhar em banco, então eu fiquei lá um tempo, uns dois anos, isso foi em 2008, então foi bem na época da crise e lá eu aprendi bastante assim sobre, acho que sobre motivação pessoal assim e bem rápido eu vi que não era muito o meu lugar. Aí comecei a ver que acho que em termos de carreira acho que é muito importante que a gente siga uma questão de vocação mesmo, como uma coisa de chamado e aí eu mudei a parcela criativa mas ainda numa parte mais estratégica.
Luciano Para, essa história desse chamado, me explica o que que é isso, o que você acordou um dia e falou o que eu estou fazendo aqui, foi isso ou você viu ou você viu alguma coisa e falou: é aquilo. Como é que pintou essa luz?
Julia Eu acho que é natural, quando você começa a trabalhar você começa a ter objetivos, você começa a se enxergar em alguns lugares e começa a pensar como que você vai crescer e para mim ficou muito evidente que é impossível, acho que se você crescer de um jeito, enfim, genuíno, se você não tiver realmente no que te chama, no que te anima de trabalhar e às vezes isso não é tão evidente, às vezes isso não é uma coisa tão apaixonante para outras pessoas, mas para você aquilo que te chama no momento, então isso acho que guiou muitas das decisões que eu fui fazendo, então tipo tirei uma carreira que tinha um certo tipo de remuneração, um certo tipo de status para um outro tipo de carreira que eu sabia que eu não ia ter as mesmas oportunidades financeiras, enfim, materiais que eu teria em outra, só que eu não conseguia me ver crescendo do outro lado e…
Luciano Quer dizer, dá para dizer que aquele período teu lá te mostrou o que você não queria ser?
Julia … sim, exatamente, por mais que tentasse ser muito racional, pragmática, para mim não funcionava, não sei, talvez para algumas pessoas funcione, mas eu acho que, pelo menos com todo mundo que eu converso, acho que crescer acho que está muito conectado ao que te chama, ao que você tem vontade, aí eu acho que não é muito explicável, uma sensação de vontade de fazer e de uma atração que você não entende e aí você faz e…
Luciano Você tem um insight muito legal ai, que é aquele que eu coloquei para você, quer dizer, aquele teu período lá não foi um período que você vai dizer ah, perdi meu tempo lá, nada disso, aprendi exatamente aquilo que eu não queria fazer e aquilo me abriu o caminho, me incentivou a partir para assumir esse risco de trocar o…
Julia … e a gente fala muito que tudo é caminho, você chega até um ponto, até um beco por um motivo e aquilo que te impulsiona para ir para um outro lugar assim, a gente acredita que tudo é caminho assim…
Luciano Essa tua mudança foi o que? Você saiu de que para que? Você saiu do mercado financeiro para?
Julia … do mercado financeiro para trabalhar com criatividade, branding e…
Luciano Como é que você chegou em casa e falou assim, papai, mamãe, eu vou pegar esse meu diploma de administradora, vou guardar ele na gaveta um pouquinho e esse emprego meu que eu tenho na financeira tão lindo, maravilhoso, eu vou parar agora, trabalhar com essa coisa que eu não consigo explicar o que é?
Julia … eu consegui é assim, eu sempre, essa coisa de administrar com a família não é muito fácil porque quando você toma decisões que são mais, entre aspas, motivacionais e não racionais, nem sempre as pessoas te acompanham…
Luciano Que idade você tinha?
Julia … ah eu tinha acho que 24, 23, 24 anos e aí assim, comecei a explicar como eu via que aquilo poderia ser uma coisa legal, explicar isso quando você está plenamente num lugar, as oportunidades aparecem e também não era um risco surreal assim, foi um risco equilibrado, na época eu tinha bastante responsabilidade, estava comprando apartamento, então eu consegui equilibrar mais ou menos e mostrar que eu acho que as oportunidades surgem quando você está presente no que você tem para fazer para valer e eu fiquei muito feliz com a decisão, muito feliz.
Luciano E o que que eram essa coisas que você entrou, foi para uma empresa, agência de publicidade, foi isso?
Julia Era uma agência de branding e na época gostava muito e para mim foi um super rompimento de paradigma de trocar de mercado assim, porque basicamente o que eu aprendi a fazer por tanto tempo e que toda a minha carreira me focou e que todo mundo me focou eu não ia mais fazer e foi incrível, foi muito bom.
Luciano Você estava ganhando menos do que ganhava?
Julia Sim, bem menos.
Luciano Bem menos…
Julia Bem menos assim, não tinha nem perspectiva de nunca chegar ao patamar que eu poderia ter, mas foi maravilhoso.
Luciano Foi uma escolha absolutamente consciente, eu quero a minha felicidade, legal, isso é…
Julia E que talvez assim, até aí eu via muito que não sei, acho que é uma questão, acho que o retorno que vem, vem como tem que vim, mas não ia ser sustentável de outro jeito.
Luciano E não dá para medir. Eu vim para cá de Uber, quando eu liguei para vocês eu estava vindo para cá, eu peguei o Uber e toda vez que eu entro no Uber aqui, há quanto tempo você está no Uber, um senhor, senhorzinho, estou aqui há dois meses. O que você está achando? Estou gostando muito, estou adorando. Porque normalmente eles dizem ah, está indo, estamos vendo. O senhor está gostando? Estou gostando. Está dando retorno? Está dando retorno sim, mas o mais importante é o seguinte, eu me divirto com isso aqui. Eu falei bom, matou. Então se o senhor arrumou um trabalho que o senhor se diverte, o senhor não está trabalhando mais. Ele falou é esse o segredo. E o cara no trânsito de São Paulo, imagina só. Eu sou motorista de Uber no trânsito de São Paulo, isso aí é mais ou menos como aquele barqueiro do inferno sabe, quando o pessoal morria, ia para o inferno e tinha um barqueiro que atravessava para o outro lado, é isso, e o cara falou eu transformei isso numa diversão.
Julia Mas isso é muito interessante porque eu falo do que eu não queria, mas tem pessoas que se divertem num ambiente assim, num ambiente que é mais desafiante, agressivo e lá o pessoal navega super bem e se diverte, aí cada um vai na sua, eu não, não era a minha.
Luciano A questão é você encontrar essa praia, qual é a tua praia, que também é um outro insight legal que o pessoal me pergunta, isso você não vai, dificilmente conscientemente você vai falar, quando eu tiver 40 anos eu serei gerente de branding numa empresa de origem norte americana, não vai, eu sei lá para onde vai. Vocês duas conhecem meu filho, o Daniel. Daniel se forma em artes plásticas na FAAP, eu já falei isso aqui uma vez, vou repetir, na minha cabeça ele pegou o diploma na mão e eu falei, dentro de quatro anos ele estará vendendo miçangas na Praça da Sé, de poncho e conga, falei é isso que vai dar a ele. Bom, o que que virou? Virou o diretor de criação de uma produtora de vídeo, agora está com esse treco que a gente não sabe direito o que é e jamais se pensou, nem ele e nem nós podíamos imaginar que ele viria a ser, então tem um negócio do sabor do vento aí que você tem mais é que falar o seguinte, vou me preparar e aquilo que eu estou vendo aqui é o seguinte, eu vou fazer uma provocação para vocês duas, dá para dizer que você é power point e ela é Excel? É assim que funciona? Vamos lá, a imagem visual a cor, o retinho, a ordem e etc e tal.
Julia Fui Excel, mas não, o que acontece? Acho que eu nunca fui Excel e tentei me encaixar um pouco no Excel, mas acho que não.
Karine Eu penso em dizer que hoje, antigamente era, quando a gente trabalhava juntas era muito isso, era o lado analítico e o lado mais criativo abstrato, mas acho que conforme a gente vai falar um pouquinho mais da Springpoint que é exatamente o que você está falando, que é criar novos valores e indo nesse sentido a Julia também começou a se interessar por outras coisas e eu digo que a Julia hoje é designer, ela é super designer de vez em quando até nas conversas ela é muito mais a criativa abstrata do que eu, então hoje acho que as duas estão muito parecidas assim, a gente consegue construir esse holograma aqui.
Luciano Você conduziu equipes em algum momento ou não?
Julia Equipes de projeto algumas, menores.
Luciano Mais como independente. Muito bem, aí vocês se encontraram, estão trocando aquelas ideias nos Skypes da vida e em um belo momento aparece algum lugar um treco assim, e se? E se o que?
Karine Você sabe que eu acho que “e se” apareceu porque a gente estava muito desacreditada com o mercado, eu acho que não o mercado que todo mundo conhece, mas o mercado criativo, o que a gente estava fazendo, como a gente estava fazendo, então o que a Julia falou, as coisas chegam num momento que param de fazer sentido e aí o mundo para e você fala, por que que eu continuo fazendo a mesma coisa se eu não acredito, se eu não acho que está fazendo sentido para o meu cliente, não está fazendo sentido para as equipes, estão todas aquelas pessoas juntas naquela mesma caixinha, dentro daquela mesma formatação produzindo as mesmas coisas e reclamando das mesmas coisas, então esse “e se”, ele veio muito nisso. O que fez a gente se linkar foi muito essa insatisfação, foi meio dessa descrença de tudo isso que a gente fez, então por exemplo, a Julia veio de um mercado financeiro, trabalhou um bom tempo, mesmo dentro da área criativa onde ela estava, o trabalho dela era absolutamente analítico, era justificar a criatividade processual, então acabava não fazendo sentido, o meu lado também, parece que é super legal, todo mundo fala nossa, você foi diretora, hoje eu falo, foi chegar lá para eu ver que realmente nada disso fazia sentido, meu trabalho era hackear processos e sistemas para criar um processo melhor e fazer coisas incríveis, quando eu comecei a analisar aquilo, eu comecei a ver que realmente não fazia mais sentido, então eu tinha que replicar ferramentas antigas para fazer uma coisa nova, como é que se uma ferramenta antiga para criar um futuro e na realidade eu estava criando mais sistemas, mais quipiais, mais competição, mais e mais e aí eu vi que realmente não fazia mais sentido, então o que linkou eu e a Julia e nessas conversas que a gente tinha de madrugada…
Luciano Foi essa angústia.
Karine … foi, foi a angústia, foi falar: não faz mais sentido nada disso. E aí Julia, o que a gente vai fazer?
Luciano Então, você, nós estamos conversando aqui, tem uma moçada ouvindo a gente e essa moçada que provavelmente não está dentro dessas empresas que vocês estiveram, mas está olhando de fora e tem um glamour fabuloso, puta cara, eu vou ser designer, eu vou trabalhar com branding, eu vou estar que nem aquela moça que eu vi a foto na São Paulo Fashion Week, com aquela roupa fantástica, aquele puta cabelo, todo mundo aquele negócio, que glamour maravilhoso e aí a pessoa entra e descobre que esse glamour, ou não existe, ou está numa esfera na qual ela não vai chegar jamais, ela vai ser o peão que vai sustentar os caras que vão poder ostentar aquele glamour lá na frente. É assim?
Julia Eu acho que eu não sei, a impressão que eu tenho, ela acabou de me complementar aqui, mesmo esse glamour, acho que a gente é muito acostumada a se projetar em imagens, então a gente se projeta em imagens de ideal, eu fiz isso quando eu fui do mercado financeiro, você entende o que é um ideal de carreira e aquilo é sua referência e você se coloca lá, então quando você começa a trilhar isso e talvez amadurecendo aos poucos, a gente viu que esses modelos não existem assim e para a gente, conforme a gente foi estudando o contexto colaborativo, o novo mercado criativo, a gente viu que cada um é cada um e que essas formas que eu vou ser aquele cara ideal e todo mundo está focando naquilo, isso não existe mais, cada um tem um caminho, eu acho um super exemplo, o que ele criou? Aquilo não existe, aquilo não existe uma forma para aquilo, então acho que a gente foi vendo que as caixinhas e as formas não faziam mais sentido para a gente e acho que, não sei, acho que… eu vejo muito que essa geração, pelo menos as pessoas que se conectam com a gente, com o nosso pensamento, compartilham um pouco disso, que as caixinhas tradicionais não satisfazem mais aquela ânsia assim de fazer alguma coisa, de se expressar.
Karine É que assim, a gente está indo devagar aqui na conversa, mas a gente é um pouco radical aos olhos do sistema tradicional, então assim, a gente fala bastante que essas caixinhas, elas foram construídas dentro de um sistema educacional, então a gente fala, a gente saiu da caixa porque a gente construiu essa caixa e essa caixa ela é imaginária e quanto mais você vai vivendo, que nem a Julia falou, é um processo de maturação e a gente que construía marcas, a gente que construía branding, a gente construía às vezes um storytelling por trás disso, a gente via que isso não fazia sentido, é literalmente uma buchitagem, às vezes, então é forte falar isso, mas é verdade, então a gente criava essa projeção para as pessoas e horas isso não é verdade, horas isso é uma promessa vazia.
Luciano Até porque o objetivo disso no final é trocar algo por algo.
Karine Algo por algo.
Luciano Você está criando uma forma de trocar aquilo que você está me oferecendo que eu não sei se é um produto, se é um serviço, se é um político, o que que é pelo meu dinheiro, pelo meu voto, você quer obter poder e vai trocar comigo de alguma forma, então você está embalando para que isso aconteça e no fundo é assim, todos os processos que funcionam são assim e a hora que a gente repara que é isso que eu estou fazendo você fala: meu, vou passar o resto da minha vida vendendo autopeças? Bom, mas é muito legal, claro que é legal, é fantástico, o trabalho é maravilhoso, eu fiz coisas lá do arco da velha que eu guardo com um baita carinho, mas o resultado final era vender autopeças e um dia, vocês vão reparar que isso aqui não é entrevista, é bate papo, por isso que eu fico enfiando um monte de coisa aqui e um dia pinta essa consciência minha de que de repente eu podia ir começar a mudar a cabeça das pessoas, ou mudar o coração das pessoas, ou apontar um caminho que elas não tinham visto e aquilo não tinha nada a ver com vender autopeças, vendendo autopeças eu ganhava mais, eu tinha mais segurança, eu era o executivo da empresa, minha vida estava toda estabilizada, quando eu resolvi que eu ia entrar aqui eu só perdi, só dancei, só estou o fio da navalha, agora a sensação final, que é aquela coisa que você não mede e que a grande dificuldade, quando você não mede você não consegue botar valor nisso, ninguém paga por isso, eu consigo pagar o objeto que eu estou na minha mão, mas não consigo pagar a inteligência para chegar naquele objeto, mas no momento que isso apareceu, que você fala meu, esse trabalho que eu estou desenvolvendo tem o poder de mudar, acender uma luz para uma pessoa, isso é muito melhor do que vender autopeças, é muito mais que vender autopeças e traz aquela satisfação que transforma isso aqui numa baita diversão, então eu estou aqui me divertindo, não há dinheiro… eu trocaria isso aqui por mais dinheiro? Não. Voltaria para a empresa? Não.
Julia E que cresce e impacta naturalmente, por ser tão claro e impactar tanta gente, acho que tem uma coisa interessante que a gente observa lá, quando você parte do valor, então você já sabe o valor que você tem em informar, impactar e fazer as pessoas se questionarem, é muito diferente de quando você tem que inventar um valor depois, então quando você parte de um valor genuíno que você quer criar, naturalmente aquilo cresce e pessoas conhecem e se engajam assim.
Luciano É o golden circle, você já deve ter visto, é de dentro para fora ou de fora para dentro?
Karine É um pouco disso que a Spring ela surge também…
Luciano Volte ao “e se”, um belo dia no papo de vocês, pintou alguém e falou mas “e se” a gente montasse um o que?
Karine Então, aí o que aconteceu? Nesses tempos a gente estuda bastante, então entender a Julia já estava aqui no Brasil, já estava seguindo, já estava estudando vários movimentos, né Julia? E eu não sabia que no Brasil já estava tão avançado, porque fora do Brasil, em algumas organizações, isso já estava sendo meio que implementado, então processos colaborativos, já se falava bastante da economia criativa, já se falava de novos valores, valores de trocas, valores intangíveis que a gente está falando agora, então eu achava que no Brasil não estava e quando eu conectei com a Julia foi um pongo de felicidade, eu falei puxa, que legal, pessoas aqui no Brasil estão movimentando isso, vários movimentos que a Julia pode citar aqui que eu acho que faz todo o sentido que é uma super inspiração e aí a gente falou, vamos surfar nessa onda também.
Julia É, a gente acompanhou muito o processo colaborativo, os processos abertos, trabalhos em rede, organizações horizontais e daí a gente leu tudo quanto era coisa, a gente leu tudo era quanto startup, os modelos de gestão horizontal, modelos de remuneração, a gente leu de tudo e aí a gente começou a… chegou uma hora, na verdade, que a gente viu que não adianta você ler, ainda mais agora que a gente acredita que os métodos, as tecnologias, elas vão aparecer cada vez mais assim, acho que não é uma questão de seguir, é uma questão de você ver o que faz sentido para você, sempre dou exemplo do Daniel porque ele criou o que faz sentido naquele contexto, ele não seguiu nenhum modelo que existia, a gente também, a gente instrumentaliza conforme precisa, a gente cria ok, metodologias ocasionais conforme precisa, mas a gente quis criar um ambiente criativo aberto, uma rede de criativos que querem realizar projetos, com propósito.
Luciano Opa, então quase chegamos. Uma rede de pessoas criativas que querem realizar projetos e que são projetos próprios que tem por trás deles um propósito, não é uma empresa que me chamou para fazer o design de rótulo.
Karine Daí tem um parêntesis muito importante quando a gente fala de pessoas criativas, quando a gente fala de pessoas criativas e aí que começa a confusão, o que é a Springpoint? A gente não está falando só de designers, publicitários, comunicadores, a gente está falando de médicos, a gente está falando de professores, a gente está falando de educadores, a gente está falando de arquitetos, de qualquer pessoa e até essa gente critica bastante, as pessoas começam a colocar muito nas caixinhas, não porque eu sou finanças, não porque eu sou isso, a gente fala não, você é uma pessoa, você é uma pessoa com potencial, com uma motivação intrínseca para fazer alguma coisa interessante e aí é isso que a gente tenta puxar delas e todo mundo tem um sonho, que a gente fala, quem nunca teve uma ideia incrível só que nunca tirou isso do papel, nunca teve o apoio se a pessoa pensou isso diante de uma organização, talvez ela não teve o apoio necessário ou recurso necessário, se é uma startup, puxa, eu sou uma baratinha perto de canhões, então o que a gente, quando a Julia fala de rede, porque a gente entende que essa é a melhor forma de a gente viabilizar projetos que antes estavam ali nas boas intenções, então é dali que surge a Springpoint, então assim, legal, nós nos conectamos por propósitos, que é real, que são os valores, pessoas que querem gerar valores sociais e valores sociais nem sempre são monetários, essa moeda que a gente entende, porque aliás, é óbvio que tem que ter, que a gente vai falar um pouquinho de modelo, mas são esses valores que são altamente transformáveis e que eles impactam de uma maneira positiva a vida das pessoas, então assim, então são projetos de alto impacto para mudar modelos, mudar paradigmas, mudar formas de olhar as coisas, então a gente se conecta com pessoas dessa maneira e aí a gente viabiliza, então o que está havendo é que a Springpoint, ela não necessariamente é aquela casa maluca, a Springpoint ela não é uma empresa, ela é um movimento, ela é um pensamento em que pessoas se conectam e fazem coisas incríveis acontecerem.
Luciano Perfeito, conseguimos entender o que que é quando você fala que é um movimento eu consigo entender, então muito bem, eu já entendi, eu tenho um propósito, eu encontrando pessoas que tem um propósito parecido com o meu, mas o meu propósito está um pouquinho, não vou dizer além, é um pouquinho diferente das outras, porque eu além de ter o propósito de fazer acontecer, eu quero proporcionar para essas pessoas a oportunidade de poder fazer acontecer, então eu imagino que houve um momento em que vocês sentam a falam o seguinte: esse médico louco, esse dentista maluco, esse engenheiro doido que quer inventar um treco novo, o que ele precisa para fazer isso? Ele precisa de um lugar para ele sentar, uma tomada para ligar o computador, ou o telefone para ele falar, uma internet, um wi-fi, foi isso, para daí vocês concluírem que nós temos que ter um local onde vamos juntar essa turma? Foi assim?
Julia Acho que é importante contextualizar a Sprinterpoint, é muito complicado falar do nosso modelo quando a gente tem um paradigma, eu fiz administração, a gente vem de um contexto de mercado que o paradigma ele é muito competitivo, ele é muito fechado e ele é muito escasso, então as pessoas estão sempre assumindo que isso são premissas do mercado e da vida, a competição, a escassez e a gente começou a ter contato com esses vários movimentos pelo mundo que não acreditam nessas premissas e a gente também está construindo nesse novo mercado, então a gente acredita que o mercado, ele não precisa ser competitivo, ele é colaborativo, ele é aberto e ele é abundante, então quando você fala isso, ah você está proporcionando um espaço para as pessoas criarem, as pessoas, elas estão muito acostumadas com ambientes fechados que alguém dá uma opção para elas executarem uma coisa e ninguém sabe muito o que fazer quando aparecem milhares de opções para você realizar projetos e coisas. Então acho que é muito importante falar dessas três premissas da Spring: aberto, colaborativo, abundante e não fechado. Então nesse contexto é meio natural, quando a gente conversa com outras organizações que também estão trabalhando nesse sistema, é meio natural que os recursos vão estar lá disponíveis, a gente vai receber projetos, as pessoas vão se conectar livremente, a competição, ela não vai acontecer porque a gente sempre se associa para criar coisas novas, então a gente fala muito da troca de paradigmas que fica um pouco mais claro para explicar.
Karine É, a gente tenta estimulá-los a pensar dessa maneira, porque assim, o que a Julia falou assim esse é o que a gente pensa e esse é o ideal que a gente acredita que esse é o futuro e de verdade porque a gente tem acompanhado bastante várias movimentações de tecnologia e futuro também, então assim, também tem esse meio de transição, que as pessoas, elas não sabem que isso existe…
Luciano Eu estou querendo chegar nesse ponto.
Karine … é porque elas se sentem prisioneiras daquela corporação, quando elas saem de lá, é engraçado, porque você sai da corporação, a corporação não sai de você, ou seja, isso é o mais que evidente que a corporação é essa caixinha abstrata, ela está na cabeça das pessoas, então essa cultura fechada, essa competição, ela vem muito desse sistema educacional, desde a escola mesmo que a gente teve, até quando você entrou ali, você tinha que fazer o processo seletivo, você tem que subir, você tem que ser melhor que o seu colega trainee, para você subir.
Luciano Vinte anos de condicionamento.
Karine Exatamente. Então assim, é complicado a gente chegar para a pessoa e falar olha, acredita que esse mundo existe, então por isso que várias pessoas falaram nossa, isso é uma utopia, a gente fala sim, nós somos edis mesmo, nós queremos ser edis, a gente está trazendo essa nova mensagem, mas justamente para provocar muito, muitas pessoas, então pessoas que conseguem entender e vão, porque é o momento da vida delas, a gente fala que não é certo, que não tem certo e errado, a gente está falando que são modelos novos e tem pessoas que não, que vão e… Essa nova geração, é engraçado que a gente tem muito uma distância entre gerações absurdas, essa nova geração ela entra falando não é isso mesmo, é isso que eu acredito, então a gente fala que é…
Luciano Ela já vem contestando tudo aquilo, ela já chega acontecendo.
Karine … eu falo que ela já vem desintoxicada sabe.
Luciano E não aceita, contestando e não aceita. Eu vou usar minha ignorância, posso? Me deixa usar minha ignorância, eu vou tentar, de novo, tangibilizar um pouco mais o que nós estamos falando aqui. Eu sou um professor e tive uma ideia de um aplicativo fabuloso que vai revolucionar o jeito que as crianças vão aprender matemática, preciso desenvolver esse aplicativo, não tenho a menor ideia de como é que eu vou fazer, não tenho dinheiro, não tenho nada, mas tenho uma ideia maravilhosa que eu quero fazer acontecer, por que que eu iria na Springpoint? Ou por que que a Springpoint seria o lugar onde eu deveria falar tenho um treco aqui, querem me ouvir? Eu vou chegar lá vai ter uma banca de examinadores para examinar minha ideia para ver se ela é aceita? O que acontece? Me conta. De novo, sou um ignorante estou de fora aqui.
Julia Isso que você está falando é o que acontece na Spring, as pessoas tem ideias e elas não sabem como fazer, a gente está num processo na Spring também, eu tenho que ser bem clara aqui, bem transparente, que a gente está aprendendo a lidar com essas entradas de projeto, mas por exemplo, a agente tem várias solicitações desse tipo, entrou uma ideia bacana, o que a gente faz, num primeiro momento? A gente conecta, que a gente está desenvolvendo nosso algoritmo de rede que vai buscar pessoas que se interessam por este assunto, óbvio que nesse primeiro crivo tem uma curadoria nossa e das pessoas que estão mais próximas da gente que falam, puxa esse projeto é realmente, ele tem um impacto bacana, ela ah…
Luciano Levantei o dedinho aqui para perguntar…
Julia … pode.
Luciano … vou interrompendo porque é a minha ignorância em ação: como é que essa ideia entra lá? Tem que ser um amigo meu que tem que me levar, eu acho um site? Eu telefono para algum lugar? Alguém me conta? Como é que essa ideia chega lá em vocês?
Julia Hoje a gente está muito entre pessoas, então tudo é… a gente fala assim, nossa como é o processo? Como seria o processo se você estivesse entre amigos? É meio igual assim, então basicamente é assim, as pessoas se conectam, elas entendem o propósito, elas querem levar um projeto e elas conversam com a gente e hoje a gente conecta as pessoas que a gente acha que faz sentido…
Luciano Alguém conduz até você essa pessoa, é isso?
Julia … é uma rede, alguém da rede.
Luciano Não tem o reclame numa revista dizendo Springpoint, aqui estão os anjos, que é o que a gente vê por aí, não é?
Julia Não, não tem.
Luciano Você tem uma startup vem até aqui que nós vamos encontrar o investidor.
Karine Eu acho que nem é a nossa pretensão fazer isso, porque a gente fala assim, a gente trabalha, de novo o que a Julia falou, é uma cultura um pouco diferente e a gente entende que ao invés de a gente sair correndo para essas pessoas, as pessoas vão se conectar pelo nosso propósito e automaticamente elas vão vir, parece até uma coisa meio mística, mas é verdade, as pessoas vão se conectando.
Luciano Eu acho que é absolutamente natural, é um processo de seleção natural. Deixa eu dar o meu pitaco, espera aí, essa semana, anteontem, ontem, ontem eu tive uma conversa com um pessoal porque eu estou tentando montar um sistema de assinatura. Cara assine o Café Brasil, pague dez reais por mês e você vai receber o que? Tudo aquilo que você recebe hoje. Como assim, vou pagar dez reais para ter o que eu já tenho de graça e se eu não pagar? Você vai receber igual. E se eu pagar e a Julia não pagar? Os dois vão receber igual. Mas por que eu vou pagar por um negócio que eu já tenho gratuito? Pela oportunidade que você tem de fazer parte deste projeto, você vai dividir comigo esse propósito e vai ter certeza de que o dinheiro que você vai dar aqui vai voltar para você porque esse dinheiro entrando, com muita gente, nós vamos poder ficar maiores, vai ampliar, vai ter mais serviço. Muito bem e aí o cara, estava conversando com o cara e o cara me contando, você devia fazer o seguinte, faça em vez de dez reais por mês, faça o negócio de seis meses, que o cara paga e você dá um desconto para ele de dois reais. Falei gente que quer o desconto de dois reais eu não quero nesse projeto, ele não é o que o povo quer aqui e eu não quero um cara que vai vir para discutir para mim, esse cara não entendeu nada, eu quero um cara que está absolutamente desprendido dessa questão porque eu sei que a hora que eu reunir gente desse jeito, esse público tem um conteúdo e uma capacidade de executar que não tem os caras que vieram buscar desconto, essa turma do Faustão, eu não quero vender shampoo aqui, quem é esse povo? Então eu já sei que nunca terei dez milhões, não vou ter nem um milhão, talvez eu tenha cem mil, trinta mil, mas são trinta mil que fazem a diferença porque estão juntos por causa de um propósito, me parece que é nessa linha.
Karine É bem por aí isso que você falou é legal que você já respondeu tudo, porque assim, a gente fala que a gente trabalha com processo de co criação e até é legal, por exemplo, até o professor José Pacheco ele fala assim que o ser humano não foi feito para trabalhar, ele foi feito para co criar, e co criar é o que? Fazer algo juntos de uma maneira natural que o ser humano nasceu, veio para o mundo para fazer, então isso é um processo natural só que ele só acontece quando você tem vínculos reais, esses vínculos reais, eles partem desse propósito, então assim, então é meio que natural, a gente falou vem quem tem que vim, fica quem tem que ficar e vai quem tem que ir, simplesmente assim.
Luciano E eu não tenho nenhuma preocupação com relação a isso.
Karine E é super tranquilo e assim, eu acho que ter esse pingo de sanidade, essa clareza, acho que para qualquer business isso é super importante, é um respeito…
Luciano É uma seleção natural, até vindo para ser um pouquinho mais… eu não quero usar pé no chão porque parece que é depreciativo, pé no chão quer dizer o seguinte, voa menos, é aquela história, você aprender que eu tenho que saber dizer não e dar o unfolow nas coisas, até para a minha carteira de clientes, eu tenho que dar uma olhada nela e falar bom, eu tenho uma padaria, eu tenho X clientes e tem alguns que não me servem, que eu não quero, não é porque ele vem aqui e compra o pão como todo mundo, esse cara não é bom para mim, eu não quero ele aqui, ele não me serve porque ele está me consumindo coisas que o dinheiro não paga, eu quero as pessoas que vem e que me fazem crescer e que vão ampliando, então eu falei isso porque você tocou num ponto para mim que é crucial, que é essa coisa da seleção natural, vamos se agregar e vai se formar um núcleo e como núcleo de vocês vai ter mais cinco, seis, sete, oito, um belo dia vai ter um macro, uma macro reunião de núcleos, esses núcleos vão se juntar todos, mas eles funcionam com pequenos núcleos de tribos que estão unidas em torno de um propósito comum.
Karine É, a ideia é que sejam pessoas que se conectem por propósito, por exemplo, o nosso grupo é muito claro, que são criativos e são muito makers, a gente gosta de fazer coisas virarem realidades, existem outros movimentos de redes em São Paulo, no Brasil inteiro, outros que são mais redes de pesquisa, outros que são redes mais de educadores. O que a gente está tentando criar aqui é um exemplo de um novo tipo de ecossistema tanto de trabalho como econômico mesmo e que esse modelo, ele seja replicado, ele seja testado, porque se não a gente acredita que ele não vai ser uma coisa estática e esse é o futuro que a gente entende, que a gente consegue ver para lá. Então a ideia muito da Spring, além de a gente fazer o que a gente está fazendo, fazer coisas incríveis acontecerem, é também começar a criar esse novo tipo de ecossistema, esse novo tipo de pensamento, trazer esse novo paradigma para outros tipos de indústrias e categorias de trabalho.
Julia Falando um pouco, as pessoas sempre perguntam na prática como que a casa se paga, na prática…
Luciano Essa era a pergunta agora, eu estava até preparando uma pergunta tão legal aqui…
Julia … desculpa, é que eu recebo tanto essa pergunta…
Luciano … eu ia falar para você o seguinte, vem cá, lindo maravilhoso, ainda precisa de água, precisa de esgoto, precisa de luz, precisa de gás, precisa de pagar o IPTU, como é que é essa coisa…
Karine As pessoas, elas perguntam assim com muita ansiedade, às vezes dá vontade de responder assim sabe, como é que paga a conta de água, como é que paga… dá vontade de responder ás vezes: mas quem disse que a gente paga? Quem disse que talvez esse recurso não seja compartilhado? Quem disse que talvez? Entendeu? Já para a pessoa começar a entender que os valores que giram ali são totalmente diferentes, há formas de entradas e saída de fluxos financeiros também são diferentes.
Luciano E quando você fala aqui no Brasil, quem sabe…. já estou vendo um gato na energia, no poste do vizinho.
Julia A gente é uma ponte, então a gente gostaria muita vezes de romper com certos sistemas, mas às vezes você precisa coexistir com algumas coisas, então na prática hoje tem muitos projetos que as pessoas, a gente faz muito projeto com empresa também e uma porcentagem desses projetos ficam para a Springpoint, então esse é um modelo, é uma taxa da Springpoint hoje é o que está um pouco sustentando o modelo. Isso como modelo de transição, mas é muito interessante assim a gente entender que quando você começa a trabalhar no paradigma aberto, os valores, esse começam a se mostrar de lugares que você não esperava, então hoje essa taxa da Springpoint são as pessoas que querem colocar lá, então as pessoas levam os projetos para fazer lá e elas falam que querem deixar uma taxa para a Springpoint, isso não é uma regra, a gente não impõe, as pessoas veem o valor, igual você falou, as pessoas veem o valor e falam eu estou aqui, eu vivo essa rede, eu vivo essa casa, eu quero deixar um valor aqui, então é assim que funciona e a gente acredita muito nisso e muitas vezes a gente teve a oportunidade talvez de impor coisas ou aceitar certos tipos de projeto, mas eu acho muito que o valor, ele sempre vai ficar evidente e se a gente, se você não foca no valor que você está gerando, você precisa depois investir em coisas para inventar um valor que não existe, entendeu? Então um projeto ele fica todo ao contrário e a gente passou por umas coisas muito interessantes assim, quando você pega um ambiente e abre, então ah, como assim eu posso vir trabalhar daqui? Como assim eu posso trazer um projeto sem você me cobrar? As coisas veem, os valores veem de outros lugares, então a casa começa a gerar um fluxo e as marcas começaram a prestar atenção na casa e elas estão querendo ir para lá e estar presentes de alguma forma, então isso é um valor que você só tem quando você se disponibiliza para abrir, gerar um valor. A gente começou a criar círculos de discussão em palestras e várias empresas estão se interessando em se juntar e gerar algum conteúdo com aquilo.
Luciano Vocês tem interlocutor nessas empresas?
Karine Super.
Luciano Tem? Conseguem ter interlocução? Ou vocês vão sofrer a síndrome da Kaiser, que você chega no carnaval, liga a televisão, está lá o desfile da escola de samba maravilhoso e você não sabe se o logotipo da Kaiser é um carro alegórico ou é a Kaiser fazendo propaganda porque é a única forma que ela vê de tirar proveito daquilo é a porra do logotipo na rede globo que é o que vai me dar retorno, por isso eu dou “dez milhão”. E você fala não é isso que eu quero, tira, eu não quero esse logotipo aqui e encontrar um interlocutor que compreenda isso dentro desse ambiente da corporativo normal é um negócio dificílimo, porque os caras não vão entender o que vocês estão falando.
Julia Mais ou menos, o que acontece? As pessoas entendem e as organizações elas estão muito carentes de relevância, valor e projetos verdadeiros, então elas tem contato com a gente que é um espaço em que as pessoas estão genuinamente se conectando para criar coisas novas, é muito forte assim, muitas vezes a gente não está falando o mesmo idioma, mas o valor gerado nesse espaço criativo é muito evidente para todo mundo, entendeu? Porque o formato tradicional, mais fechado, tem muita dificuldade de gerar insight, inovações e criar coisas novas, então quando eles entram em contato com um espaço que está vivendo isso, é quase que um oásis assim, tipo a sensação que eu tenho.
Karine Eles sentem que é uma garagem, é a garagem deles que eles não podem criar dentro de uma corporação, às vezes fica até um espaço meio que o divã deles, o divã, a gente estava até brincando agora no carro, o que faz com que as empresas e startups cheguem até a gente e a gente fala que pelo primeiro step a gente chama de medo, então o que acontece? Que é o que a Julia falou um pouco do contexto, então a gente acredita muito nesse novo contexto de mercado, que vai ser o futuro, mas o que está acontecendo agora? Acontece uma movimentação muito rápida pela, enfim, pelo avanço tecnológico, por N coisas, evolução cognitiva, então o mercado, ele está mudando muito rápido e tem coisas que as pessoas não estão acompanhando e muito menos as empresas que a gente chama de transatlântico, então assim, não dá para dar cavalo de pau em transatlântico e isso gera muita curiosidade pelo medo, então por exemplo, uma cooperativa gigante de táxi que antes ela era… ela tinha uma super estrutura, ela precisava de zilhões de departamentos, aparentemente tudo ok e de repente me aparece um aplicativo onde eu não preciso nem de um atendente, eu não preciso nem de um RH, porque quem na realidade está avaliando meus taxistas são os consumidores, por exemplo, um Easy Táxi ou um Uber, não tem nenhum táxi, nenhum carro, ou seja, mudou totalmente o paradigma isso está acontecendo da noite para o dia, então as empresas e as pessoas, elas falam poxa, eu só soube que isso aconteceu quando eles lançaram, quando foi que eu não entendi a mensagem dessa mudança? Então as empresas e as pessoas elas veem muito carentes disso, então quando eu falo pessoas, são pessoas si dentro de corporações que se interessam pelos conteúdos que a gente tem discutido na casa, para eles entenderem um pouquinho, então quando eles chegam à gente e eles passam um desafio e é legal que eles vão sempre aos pouquinhos, vamos fazer uma palestra, vão fazer um toque, depois passam um projetinho lá, mas a ideia é muito isso, eles ficam se questionando, será que o meu modelo de negócio faz sentido? Será que minha comunicação faz sentido? Será que uma estrutura organizacional quer dizer que o meu método de pricing, será que o meu produto está fazendo sentido ao consumidor? Então está vendo que as perguntas dele estão bem categorizadas e a nossa retórica, a nossa pergunta de volta para eles é: por que que você precisa desse modelo? Por que que você precisa desse produto? Por que você precisa dessa estrutura? Porque talvez elas não existam mais no futuro, então esse tipo de provocação é que a Springpoint ela se propõe a dar para as pessoas, em cima disso a gente acaba gerando vários tipos de projeto. Por quê? Porque quem se junta à Springpoint, os autônomos, as agências, outras empresas também de tecnologia, são exatamente pessoas que estavam dentro de corporações, que estão acompanhando essa velocidade de pensamento de mercado e de tecnologia e que sabem sim que a gente pode criar alguma coisa nova, só que assim, para criar uma coisa nova não existe uma ferramenta, não existe um método, não existe um processo, não existe uma metodologia…
Luciano O que copiar, vamos fazer como fizeram os outros, só que melhor, não é assim, não é?
Karine … não existe mais isso, então é um pensamento muito antigo de você achar que tem uma receita de bolo para você construir uma coisa que não existe, imagina só que a gente fala bastante, a maior empresa que vai aparecer em 2020, ela nem nasceu ainda, ela provavelmente está encubada na cabeça de um menino de quinze anos, treze anos hoje, então como é que você… e pensar, está vendo que começa a mudar totalmente todos os conceitos, até de sucesso, porque as empresas, elas não vão fechar, elas vão se transformar, hoje a gente tem bastante exemplos de empresas que estão fazendo esse movimento, a própria Adidas, a gente sempre fala, a gente tenta trazer para as empresas um pouco dessa sanidade, um pouco disso, então a gente tem também acompanhado vários movimentos de fora, a própria Singularity universidade da Califórnia, que é do Google com a Nasa, eles também estão tentando descobrir isso, só que é aquela coisa, é muita pretensão você tentar mapear tudo, não dá, então o que a gente fala? A gente tem que deixar as coisas um pouco fluírem e essa velocidade que a gente chama de desenvolvimento exponencial, ela tem assustado todo mundo…
Luciano Vocês já pararam para pensar que provocação de novo, isso possa vir a ser uma bolha da internet 2, a missão? Vamos parar, de novo aqui, eu vou continuar tendo que comer pão feito pelo padeiro na padaria, eu tenho que continuar a comer arroz plantado na terra por um alguém plantando, não estou discutindo se esse alguém é um robô ou um ser humano, alguém tem que botar um grão na terra, tem que brotar e tem que colher aquilo para eu comer o meu arroz, eu preciso de um teto para me cobrir da chuva e preciso de um jeito de me locomover de algum lugar para o outro nem que seja para ir à missa domingo que eu não vou assistir a missa pelo Skype, não vejo muito sentido nisso e que no final das contas vai chegar uma hora que aquela coisa pô, está tudo lindo, maravilhoso, mas não tem sustentabilidade, por exemplo Uber 2, a missão, vamos lá, é maravilhoso, mas não vi ninguém ainda dizendo legal, deu certo, estou ganhando dinheiro, está se pagando, não está, só está botando dinheiro. É fabuloso, eu como consumidor eu estou no céu, mas me preocupo de imaginar que esse velhinho não está recebendo a grana que ele precisa para viver, enquanto está no embalo vamos lá, eu quero ser o primeiro a chegar, mas o dinheiro está indo e não está voltando; 99 Táxi, igual, o dinheiro vai e ainda não voltou e não se sabe se esse dinheiro vai voltar e pode ser que chegue um momento em que alguém vai falar bom, acabou, não tenho mais o que botar, preciso começar a ter de volta, porque se não eu não vou remunerar o dinheiro que eu botei aí e aí tem uma engrenagem gigantesca que é aquela que valoriza o dinheiro, porque a história, vocês comentaram mas não deram nome aí, qual é o payback? Entendeu? Vamos fazer? Vamos, payback, para eu botar meu dinheirinho aí eu preciso saber quando volta. Isso foi o que aconteceu com a bolha da internet, se criou aquilo, era genial, maravilhoso, um belo dia os caras falaram me dá o dinheiro, o dinheiro não existia, estourou a bolha, cai tudo e começa de novo, é legal, o que aconteceu de lá para cá? Vem muito mais elaborado, veio uma filtragem, acabou a baboseira, então o povo que estava lá fazendo loucuras não faz mais loucuras porque tem que respeitar um determinado modelo que é aquele modelo que eu tinha um texto até que eu escrevi há um tempo falando do Japão, falando que o Japão, que chegou uma época que o Japão era a segunda economia maior do mundo e eu nunca me conformei com aquilo porque não tinha terra para plantar, não cabe uma gente lá, é uma ilha, acabou, não tem recurso, não tem tijolo para botar em cima, vai chegar uma hora que não dá mais, de algum lugar tem que vir a terra e o cara que tem a terra, de repente vai ficar mais importante do que o que tem o dinheiro, porque eu tenho dinheiro mas não posso comer porque não tem terra e o dono da terra pode virar o jogo. Vocês não tem medo que isso…
Julia É que essa pergunta ela é muito profunda, porque o que acontece? A gente está estudando e com muita convicção, com muita… enfim, muita coisa por trás que a gente realmente entende que a gente está mudando de paradigma econômico e aí a gente pode falar de autores que estão explorando isso, o Dom Tepe está explorando isso, Jeremy Rifkin está explorando isso…
Karine Bruce Mau.
Julia … o Bruce Mau está explorando isso, o Douglas Rushkoff está explorando isso, o que esses autores exploram? Eles mostram que os movimentos tecnológicos, eles estão reinventando os ativos, então o conceito do que é um ativo vai mudar muito, as formas como a gente trabalha vão mudar muito, isso falando das tecnologias que já existem hoje, o Jeremy Rifkin ele fala muito da economia custo marginal 0, o que vai acontecer numa teoria econômica em que as produções, dá um exemplo muito de universidade, quando um curso não tem mais custo, hoje um curso não tem mais custo, porque você põe no Youtube qualquer pessoa pode assistir, então os conceitos de valores vão mudando, isso tudo vai mostrando que as bases do capitalismo que é uma base de premissa de escassez, elas vão mudar, então a gente estuda muito essa frente teórica que entende que o capitalismo, ele não vai ser mais o paradigma, provavelmente na nossa geração ele não vai ser mais um paradigma que vai estar imperando, então…
Luciano Só um detalhe, quando ela falou isso agora do capitalismo caiu o Iphone dela no chão, esse barulho foi o Iphone da Apple…
Julia É Samsung.
Luciano … aha não, é o Samsung maravilhoso, smartphone, caiu no chão e fez um barulho.
Julia Mas isso é muito interessante, que eu vi essa semana um coach no Facebook falando assim, capitalismo fez o seu Iphone, o cara falava assim, o capitalismo não fez meu Iphone, foi uma pessoa que fez o meu Iphone. As pessoas que fazem pão, não são as organizações que fazem pão, são pessoas, então hoje a gente fala que as pessoas vão se organizar de novas formas para provavelmente fazer as coisas que a gente precisa para viver, mas as formas como a gente vai se organizar vão ser diferentes pelas tecnologias que a gente está vendo, isso tudo é muito embasado por frentes tecnológicas, daqui a uns dois, três anos a gente vai ver as impressoras 3D fazendo casa, a gente vai ver a inteligência artificial vai ficar mainstream, a gente vai ver os trabalhos reinventando e vai ser um mundo de muita abundância de inteligência e informação e aí Douglas Rushkoff que a gente adora, ele fala uma coisa interessante assim, a gente vai criar modelos para essa nova economia só que é desafiante porque a gente cria esses modelos novos, só que a gente só leva eles a sério quando eles são validados pelo paradigma antigo, então será que uma startup revolucionária ela só vai ser validada quando uma grande empresa do modelo antigo comprar ela? Então assim, a gente sente já na nossa vida o impacto dessa nova economia e a gente… isso sim, o que motivou a gente foi porque a gente estava observando uma falência real dos modelos antigos, são modelos que as estruturas muito sólidas, elas não conseguem responder a essa tecnologia exponencial que a Karine falou, essa evolução exponencial, então se a gente vê estruturas muito sólidas que não conseguem responder, mas ao mesmo tempo elas precisam se adaptar mas não conseguem, então é uma questão de reorganização, provavelmente são trabalhos similares, obviamente a gente vai precisar comer, vai precisar plantar, vai precisar morar, mas a forma como a gente vai se organizar para fazer isso, talvez não precise ser a mesma da época industrial.
Karine Tem um coach que a gente gosta bastante do Buckster Miller… Fuller, que a gente falava… Eu vou confirmar com vocês. Que a gente fala assim, você não muda um sistema, uma organização, um pensamento assim batendo de frente, então como você muda? Você muda estruturas e sistemas quando você cria um outro modelo e torna o antigo obsoleto, então a gente acredita muito nisso…
Luciano Gutemberg fez isso com os monges, com os monges aí um cara inventou o linotipo e detonou e aí veio offset detonou e depois detonou e um detona o outro.
Karine … é e a gente acredita que a gente está exatamente nesse estágio, por quê? É o que a Julia falou, a gente está bem nessa curva exponencial, onde por exemplo, se a gente vê o que é essa curva exponencial? Explicando um pouquinho para todo mundo, então imagina quanto tempo durou da revolução industrial até o carro, até a televisão, até comunicação, o seu Iphone, você está vendo que o tempo, ele vai diminuindo, daqui para a frente isso aqui vai diminuir muito mais, então está tudo muito mais rápido e tudo vai ficar muito mais rápido, então a…
Luciano Só deixa um detalhe para ilustrar isso aqui que é uma delícia?
Karine “Tá” bom.
Luciano Você que está nos ouvindo ai dentro desse busão, com esse fone enfiado no ouvido, ou você que está dirigindo seu carro ou correndo ai, tente imaginar a sua vida sem Waze, Netflix, Whatsapp, Uber, se eu falasse esses quatro nomes três anos atrás, ninguém ia entender nada e você olha para isso hoje e fala como é que eu vivia sem isso? Então… e imaginar que será isso daqui a cinco anos. A minha filha, outro dia, trouxe para mim, pegou essa maldição, acho que é Snapchat, qual que tira foto das pessoas? Esse Snapchat e agora me trouxe o aplicativo que eles botaram lá dentro que troca a face da pessoa, pega você e põe o rosto dela em você e você olha assim, sou eu porém com o rosto da outra pessoa, num celular na minha mão, feito na hora, online, com a qualidade meia boca mas eu estava olhando para aquilo e falando, daqui a cinco anos os caras vão fazer um filme com o Humphrey Bogart que morreu há 60 anos e ele vai desempenhar o filme e vai ser o ator daquela época sem o cara estar vivo, sem existir, sem nada, quer dizer, cria-se uma… é impossível pensar o impacto disso… eu vou ter uma aula sobre teoria da relatividade dada por Albert Einstein e ele vai estar na minha frente na sala e eu vou falar posso pegar nele?
Karine É isso que a gente chama da singularidade, quem puder pesquisar um pouquinho mais sobre isso assim, você vai ter acesso a todas as informações, não vai existir mais essa relação de tempo que a gente tem como a gente está falando, que você está falando, a gente pode ter tudo ao mesmo tempo e é um pouco da provocação que a Springpoint ela se propõe, a gente fala bastante, agora que todo mundo pode, quem que fala isso mesmo? Acho que o Bruce Mau, ele fala, agora é a primeira vez no tempo da humanidade em que você tem acessos tecnológicos, você tem uma mente sã, você tem essa motivação muito clara, a gente pode fazer tudo na realidade, você pode se conectar com qualquer pessoa, com qualquer empresa e aí a gente pergunta: e agora o que você vai fazer se você pode fazer isso? Então a Spring ela surge para ter essa questão, ok, empresa, você tem essas informações, você tem esses recursos, o que a gente consegue fazer junto? Mas o que é legal também eu você puxou assim, falando um pouquinho, como é que as pessoas vão se organizar, como é que o padeiro vai se organizar, como é que as cidades, a população, vai ter também essas novas reestruturações, um dia a gente começa a estudar também, que são as novas narrativas, hoje a gente tem uma narrativa onde já está sendo descontruída, então, por exemplo, as nossas concepções de lideranças, de organizações, de política e etc, elas estão, eu não digo que elas estão se destruindo, elas estão se desenvolvendo, elas vão se transformar em outras coisas, as pessoas param de pensar em lideranças políticas dessa maneira porque elas passam a ser desacreditar nesse tipo de sistema e novos sistemas vão surgindo e é assim, eles vão se transformando, então essas novas narrativas naturalmente, uma seleção natural como a gente estava falando, elas vão desenhar esse futuro, então acho que até um pouco, puxando agora para essa preocupação mais social que a gente tem assim, não tem o que a gente ficar preocupado porque novos movimentos estão surgindo assim como a gente é um movimento que está dentro de corporações em outros tipos de ecossistemas, mas a gente também surge dentro desse medo, desse caos que a gente chama e que é super benéfico, então acho que a gente tem que ter um olho muito positivo em relação a isso.
Julia Lembro que ia falar, até a gente fala muito de evolução exponencial, a gente estava numa aula semana passada que teve um gráfico que me chama muito a atenção, porque eu acredito muito nessa evolução exponencial, a gente está passando por isso, as coisas cada vez mais rápido, enfim, as grandes previsões levam para isso, mas esse gráfico mostrava como a tecnologia exponencial, ela tende a estagnar por questões culturais, o que isso quer dizer? Todos os recursos para a gente continuar evoluindo estão disponíveis, mas as pessoas estão tão arraigadas a sistemas arcaicos que elas não se, enfim, isso é super difícil, claro, mas elas não conseguem se adaptar a toda a potencialidade desse novo assim.
Luciano Essa é a história da humanidade, a humanidade precisou de guerras para evoluir na velocidade que ela foi, porque a guerra exigiu uma postura de evolução tecnológica tão brutal que a cabeça não foi atrás, quando terminou a guerra o mundo, tecnologicamente tinha ido muito à frente, a cabeça ficou lá atrás e ela, até alcançar aquilo… agora, eu consigo imaginar o seguinte, quando eu era moleque lá e Bauru, que eu tinha doze anos, treze anos, uma vez eu estava passando na rua perto da minha casa e encontrei uma revista jogada no chão e era uma revista de sacanagem, sueca, que não tinha sexo explícito mas tinha mulheres nuas, homens nus em preto e branco, com uma letra que eu não conseguia entender, porque era sueco aquilo e aquilo era uma revolução, eu peguei aquela revista e escondi aquilo, mostrar para os meus amigos, olha isso, era uma foto, me lembro da foto, em preto e branco de uma mulher nua e aquilo era um absurdo e hoje o moleque de dez anos tem isso no smartphone no quarto dele, que isso, muito mais que isso, ele vai ver coisas do arco da velha ali, quer dizer, tem que ter o impacto cultural nessa história, ninguém sai, o ser humano não sai incólume disso, eu não sei o que vai custar isso, eu não sei e talvez o custo seja exatamente nessa revolução de costumes que nós estamos vivendo agora, quer dizer, eu fui criado numa época em que tinha coisas bastante rígidas ali e eu estou vivendo uma época agora em que de repente é normal, até ontem eu botei uma pesquisa nova, criei uma pesquisa nova no Café Brasil, vou botar no ar agora, quando foi a pergunta: sexo. Eu botem masculino, feminino e transexual, botei primeiro como piada, primeiro o botei piada, vou fazer uma piada, depois que eu pensei mesmo falei, mas não é piada, essa é a discussão está acontecendo neste momento na sociedade e está se colocando isso como uma coisa efetiva, então botei os três, falei não é piada não, botei de forma séria, aí parei e falei olha a minha cabeça onde é que está indo, o tipo de mudança que aconteceu e que não vai na velocidade exponencial da tecnologia, e aí você olha o que está acontecendo com o Brasil hoje, é exatamente isso, grupos defendendo um lado, defendendo outro e tem muita coisa ali que é absolutamente cultural.
Julia A gente se inspira muito com algumas pessoas, uma delas é o Peter Diamandis, que a Ka falou, que ele tem um livro que muda muito minha vida assim…
Luciano Como é o nome dele?
Julia Peter Diamandis, se escreve Diamandis, ele tem um livro que chama “Abundância”, “Abundance” em inglês, que mudou muito a minha vida, ele foi o idealizador da Singularity University e nesse livro ele mostra como… a gente fala muito de tecnologia, mas é porque é o framework da sociedade, mas ele mostra muito como a tecnologia está evoluindo num ponto em que todos os recursos tendem a ser acessíveis para qualquer pessoa, então ele mostra exemplos de salinização da água, para deixar a água abundante, exemplos de agricultura, exemplos também de impressora 3D que fazem casa em uma semana, isso tudo para falar que as necessidades básicas dos humanos tecnologicamente tendem a ser supridas rápido, qual que é o ponto? O ponto é que as pessoas não focam nisso, entendeu? Se a Ká fala muito de valores, mas é que realmente esse é o ponto, se o foco da sociedade fosse realmente focar em fazer as mudanças necessárias, os recursos estão aí, não tem limitação nenhuma, só que o condicionamento tradicional nosso, ele não permite que a gente veja o que está disponível para resolver os problemas de hoje.
Luciano E eu diria até mais que isso, eu diria que a gente tem um conformismo muito grande de ficar esperando que algum empresário faça e traga. Tem um documentário que está no ar, acho que na Discovery, se não me engano, que está mostrando o menino do tesla, o Tesla, é sobre energias alternativas, eles foram entrevistar vários caras e pegaram os caras da Tesla que desenvolveram agora uma bateria que você põe na tua casa e ela pega energia, ela estoca energia e o cara lá mostrando, falando o seguinte, o lance não é estocar energia, o lance é fazer uma rede de baterias tão grande que ela auto alimente a cidade, entendeu? Então a minha bateria não preciso de tudo aquilo, eu dou um pouco para você, você dá para ela, e aquilo se auto alimenta, mas foi necessário um empresário enxergar aquilo, fazer, fabricar para vir entregar e acho que a discussão é oposta, eu tive ontem essa discussão no grupo do Podcast Café Brasil que a gente criou no Telegram, aliás está uma festa aquilo lá, e a gente estava lançando exatamente essa questão toda da pirataria, de livro grátis, de conteúdo grátis, quem remunera o cara que faz o conteúdo, chegamos àquele lance de novo da assinatura que eu falei dos dez reais, eu estava tentando explicar para eles para falar o seguinte, vou parafrasear o Dani, o Daniel bota o seguinte: is not about the burger e eu estou botando o seguinte, is not about the money, não são os dez reais, não é dez reais, é o seguinte, é uma comunidade que junto, cada um botando dez reaizinhos faz um volume de coisa que mudam o jeito de comportar, então você não vais er obrigado a ir a uma livraria para pagar quarenta reais pelo livro do Luciano, sabe por quê? Porque você está dentro de um grupo de gente que produziu uma situação tal que esse livro vai vir para você gratuitamente, é aqueles dez, no final do ano você botou cento e vinte, mas você recebeu 300, 400, 500, 600, 1000 de conteúdo que você não tem como acessar hoje, porque para ter hoje você tem que ir comprar o ingresso para assistir a peça, comprar o ingresso para ver o filme, comprar o livro, vai gastar muito mais que isso, o que nós estamos propondo aqui é uma inversão de jogo, esse grupo, esse povo, esses caras que estão consumindo é que vão dar força para esse produtor.
Julia Eu já paguei muita plataforma aberta porque eu acredito muito nisso, acredito que no futuro as organizações que vão se manter, vão se manter pelo valor que elas geram e a gente, hoje a gente está muito acostumado a falar de preço e não de valor, tipo…
Karine É totalmente diferente.
Luciano E o lance que o pessoal não se tocou ainda é o seguinte, é que nós somos muita gente, eu não preciso mais do que… mil caras com dez reais são dez mil reais, entendeu? E a gente pô mas dez é nada, não, dez é nada mas vezes mil é um monte.
Karine Tem coisas muito legais assim, voltando um pouquinho da história da Spring, quando eu estava na Ásia, eu fiquei um tempo no Japão também para pesquisar um pouquinho novas culturas e por exemplo, eu fui olhar as contas, os impostos e ver, eu falei puxa, por que que essa escola ela consegue sustentar, ela não tem esse custo, quando eu fui ver, a escola onde os meus sobrinhos frequentam, não tem funcionário…
Luciano A própria garotada está envolvida.
Karine … a própria garotada, então está vendo que tem um aspecto cultural muito importante lá, então quem faz a limpeza, quem arruma as coisas, quem serve, quem coloca a comida na mesa, são as próprias crianças, eu estou falando crianças assim, de cinco anos até dezessete anos.
Luciano Eu vi o vídeo, aliás passou no Fantástico outro dia, foi um escândalo, a molecada, intervalo, vamos lá, toda a molecadinha passando pano no chão, curtindo, era uma curtição mesmo.
Karine E eles replicam isso em casa, ou por exemplo, eu fiquei na casa da minha irmã um tempo, eu falei cadê o lixeiro? Não precisa de lixeiro, a gente compra, eles pagam os saquinhos de lixo por reciclagem e por dia, diferentes dias, você leva o seu lixo onde deve estar o lixo, tudo isso, a manutenção, então eles são bem assim, uma organização mais distrital, eles conseguem se organizar de uma maneira em que não precisa e realmente se a gente pensar bem, não precisa e as pessoas aprendem a cuidar daquilo que é seu.
Luciano Sabe o que a cabeça tradicional vai dizer para você assim, que você acaba de liquidar com o emprego do lixeiro.
Karine Ah então, porque as pessoas, exatamente, esse é o pensamento que a Julia falou, o pensamento da perda, o pensamento da escassez, é o pensamento do perdi para alguém, quem disse? Você tem outras oportunidades que é um pouco dessa relação que a gente está tendo de várias discussões de novos modelos hoje, então é bem interessante a gente pensar como é que o ser humano, na realidade, por que o ser humano tem tanto medo? Porque ele não consegue acessar novas possibilidades, quem disse para ele que não existem outras formas? Quem disse para eles?
Luciano Foram os quarenta anos de condicionamento.
Karine Exatamente.
Julia Acho que esse ponto da escola, para mim é muito parecido com o ponto do empreendedorismo que você falou, que as grandes empresas vão criar soluções, acho que essa cultura da autonomia é muito importante, por isso que a Karine fala muito da cultura que a gente está criando, tudo é uma questão cultural, tudo são paradigmas culturais então se a gente tem uma cultura que um grande empresário vai me salvar, u que o lixeiro vai arrumar a minha casa, não sei, as coisas tendem a continuar como estão, agora se a gente começa a criar uma cultura de que as pessoas entendem que elas conseguem acessar os caminhos para desenvolver potencialidades, é outro paradigma.
Luciano Tem uma mudança cultural brutal e acho que essa é a missão que cabe, atenção quem está me ouvindo aí, vamos lá de novo moçada: nós que estamos aqui envolvidos nesse processo maravilhoso desse mundo podcastal, ou usando o podcast que é uma mídia fabulosa, quer dizer, você que está ouvindo aqui, você está ouvindo há uma hora e quinze uma conversa que está num nível de discussão que ganha de qualquer TV aberta, qualquer programa de rádio popular, você não vai ouvir isso aqui do jeito que nós estamos fazendo, vai ouvir ali talvez condensado em três minutos com muita pressa e com anúncio no meio, e nós estamos com uma proposta totalmente diferente que não dependeu de nenhuma grande empresa, que dependeu da iniciativa de pessoas que se conhecem, senta aqui, vamos conversar e a tecnologia faz o resto, então cabe a nós como os geradores de conteúdo falar muito disso, porque a mídia tradicional não fala disso, ela vai falar do modelo tradicional, aquele modelo que quer trocar…
Karine Da zona de conforto.
Luciano … quero te vender shampoo, quero te vender a Melissa, ok? Então tudo o que eu estou mostrando aqui é para tirar o teu dinheiro e trocar por um produto e em algum canal nós vamos ter que começar a ouvir essa outra proposta que fala não é bem assim, eu quero criar um valor que seja irresistível a você e você vai dar o que você puder porque aquilo te traz um prazer e você fala, merece, quem me deu esse prazer merece ter de volta isso aqui, é uma loucura isso, é uma mudança cultural.
Julia E isso é já acompanhei muitas organizações que estão indo por esse caminho e é por aí, acredito muito por aí, que é o valor o não o preço assim, você falou um negócio interessante, eu li uma frase que falava, nossa é muito isso, que as organizações vão criar os problemas para os quais elas são a solução, então assim, será que aquele problema é real? Olha o problema, será que ele é real ou será que existem outros caminhos, outras possibilidades, será que eu já não consigo acessar as soluções que eu preciso?
Karine Uma coisa que a gente sempre convida as pessoas lá, por isso que a gente está meio que… é engraçado, que não é a gente que cria, são as pessoas que estão criando esses cursos, é um convite à desconstrução cultural, tem programas agora que os meninos criaram, que é de desaprendizagem, é de vários tipos de coisas, porque essa gente vê que é o que você falou, as pessoas não conseguem pensar diferente, elas não conseguem entender esse valor, então até um convite para quem não está entendendo ainda o que é esse valor, a resposta está em você mesmo, desconstrói a sua concepção do que é sucesso, sucesso é grana? Sucesso é status? O que a gente tem visto é assim, o futuro não é assim, porque o mundo ele vai ser tão aberto, tão abundante que não vai existir muito, o dinheiro ele não vai ser o diferencial, então é muito para a gente pensar nisso, que significa isso? O que significa valor real das pessoas?
Luciano Você sabe que se você fuçar um pouquinho tem um grego falando isso aí há três mil anos, e os gregos falando exatamente isso e a gente se perdeu no meio do caminho aí. Meninas, que delícia de papo, já deu acho que o nosso time, então vamos lá, legal, vamos ali ao nosso… a parte prática aqui. Quem quiser conhecer vocês, ter contato, ir lá ver a Springpoint, tem uma dica interessante que é segunda feira a noite… ir no Monday night burger.
Karine Para ir segunda a noite lá, vocês tem que entrar no Facebook do Monday night Burger, ficar prestando atenção de quarta feira a tarde, que o Daniel lança o convite e só as… tem um número…
Luciano 13. 13 pessoas.
Karine … 13 pessoas que colocam lá.
Luciano Vão ter direito a ir com acompanhante e aí vão para lá, e participam do evento que is not about the Burger, mas é um grupo de pessoas que se conhecem e é muito legal, já saíram amizades fantásticas ali.
Karine Aliás acho que esse podcast a gente pode falar que é o fruto dessa conexão que a gente teve com o Dani, então ele é o maior exemplo que a gente tem, nos conectamos com valores, criamos esse vínculo e agora a gente está aqui.
Luciano Mas independente do Monday Night Burger então, quem quiser saber como é que faz?
Julia Acompanhar nas redes sociais nossa página no Facebook.
Luciano Então chama-se Spring…
Julia Springpoint.
Luciano Springpoint. Spring é mola em inglês, que é spring com S mudo, point, .com.br e o nosso Facebook também, onde a gente coloca tudo que a gente discute, todos os eventos, quase toda semana a gente tem eventos além do Monday também, palestras, discussões, a casa está lá aberta, nossa casa fica na Rua Bahia, 1096, lá no Pacaembu, para quem quiser visitar.
Karine Em breve a gente vai ter um site mais funcional, onde vai ter essa agenda da casa exposta, então todo mundo vai conseguir acompanhar mais e assim, o convite é realmente ele é aberto porque tudo o que a gente discute lá é nessa cultura open, vai lá, discute, traz as suas ideias, qualquer conteúdo que você pega lá dentro, você pode fazer o que você quiser.
Julia Também tem um e-mail hello@springpoint.com.br.
Luciano Maravilha, meninas, parabéns. Eu já entendi o que é, consegui. Acho que até consigo explicar para as pessoas o que é, mas olha, parabéns ao trabalho de vocês, a coragem de vocês duas, eu sei que esse rótulo dessas malucas que vocês devem ouvir em todo lugar, aliás ouvir não ouve que o pessoal é educado, mas você vê a cara da pessoa, aquela cara de “ué”, você está falando aquele “ué” estampado na cara, mas parabéns por esse projeto de vocês, isso tem uma missão que eu não sei se vocês, talvez acho que se deram conta sim, do impacto social desse trabalho que vocês estão fazendo, que é uma mudança cultural que muda o perfil da sociedade, não é só porque eu vou distribuir melhor riqueza, nada disso, nada a ver com esse papo, é uma questão comportamental quando as pessoas vão começar a olhar e enxergar valor naquilo que a gente não vê, a dica fica sendo Bastiá que escreveu um livro chamado “O que se vê e o que não se vê”, que eu já indiquei no Café Brasil e indico de novo aqui e é um economista que escreveu isso há séculos e você pega o livro e o cara vai contar exatamente isso, a consequências das decisões que eu tomo em cima daquilo que eu vejo e que é aquilo que não se vê e que os economistas não se preparam para olhar e aí talvez esteja o embasamento teórico para isso eu vocês estão propondo.
Karine Você sabe que a gente gosta bastante também de uma frase de Nietzsche que fala assim que “aqueles que foram vistos dançando, foram achados loucos por aqueles que não podiam ouvir a música”, então é muito o que resume essa percepção que as pessoas tem sobre a Springpoint.
Luciano Muito bom, obrigado a vocês.
Julia Obrigada pelo convite.
Karine Obrigada pelo convite, foi incrível.
Transcrição: Mari Camargo