Vandré & Le Bristol
Fernando Lopes - Iscas Politicrônicas -O Brasil, definitivamente, é um país que representa nada menos que um inferno pra quem vive dentro de um mínimo de raciocínio lógico; aqui, qualquer boato se espalha como fogo no mato seco, e é tratado como se fosse a verdade mais inabalável do sistema solar. Já uma verdade evidente, axiomática, acaciana, visível, é encarada com toda a desconfiança do mundo, e esclarecer um fato simples pode ser considerado o 13º trabalho de Hércules. País estranho este, onde tudo funciona ao contrário, como um carrossel enlouquecido.
Geraldo Vandré foi ícone da música engajada nos anos 70/80; em qualquer rodinha onde se fumasse algo ilegal ou rolasse um combo cerveja-violão, obrigatoriamente apareceria alguém tocando Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores (Caminhando e cantando…). A rodinha delirava de patriotismo infantil, contando e recontando lendas sobre Vandré: Que fora barbaramente torturado pela ditadura, que mal podia andar em razão das sequelas do pau-de-arara, que tocaram fogo em sua barba, e seu rosto estava desfigurado… que não podia aparecer em público pelas ameaças dos militares e pela vergonha de seu corpo massacrado. Uma espécie de Fantasma da Ópera tupinambá, que um dia reapareceria para liderar as massas, camarada. E dá-lhe cana, violão e marofa. Todo mundo caminhando e cantando aquela música meio pobre, composta com apenas dois acordes, como se fosse um hino redentor.
Bom, um belo dia, Vandré reapareceu. Disse que nunca fora torturado, jamais incendiaram sua barba (mesmo porque nem usava o adereço); que nunca fora pendurado nem ameaçado. Só não estava mais a fim de aparecer, e deu um tempo no ostracismo. Para provar, compôs uma obra insuspeita: Fabiana, o hino de nossa Força Aérea. Finalizou revelando que tem ótimo trânsito e amizade entre os militares. Mas para os oligofrênicos stalinistas, a verdade é apenas um conceito burguês, e o que vale é a versão, jamais o fato. E continuam a propagar essa fantasia, esses boatos desfeitos pela própria “vítima”.
De outro lado, Dilma, a nossa Maria Antonieta. Foi mais uma vez passear em Paris, sexta passada, sob o álibi da COP 21, que só começaria na segunda-feira. Fim de semana de folga, acompanhada de um enorme séquito, com tudo pago por nós, na cidade-luz. Todos hospedados no nababesco, estonteante, deslumbrante Hotel Le Bristol, um dos mais caros e luxuosos da França (mostrado no filme Meia-noite em Paris, de Woody Allen): https://marligo.wordpress.com/2015/11/30/le-bristol-nossa-presidente-esta-muito-bem-instalada-em-paris-veja-pagamos-para-que-ela-fique-bem/.
Madame escolheu para si uma suíte de 70 mil a diária. Atenção: O País descendo a ladeira, sem freios, quebrado e nadando no desemprego, e a Rainha da Mandioca gasta R$ 70.000,00 por dia, só em hotel, pra não fazer nada minimamente útil. Tudo bancado por nós, incluindo despesas extras como restaurantes caríssimos e as indefectíveis limusines blindadas. A autoproclamada “coração valente” (pobre, pobre William Wallace) podia fazer uma forcinha e ficar na embaixada brasileira… mas, ao que parece, seria muita humilhação para uma dama de sangue azul, mulher sapiens da alta nobreza. Entretanto, a lulada diz que isso é bobagem, economia porca, hipocrisia, que Dilma tem de ser bem tratada quando viaja, que é tudo pela segurança dela, mandatária suprema, e demais desculpas esfarrapadíssimas. E o povo cai nessa lorota, taspariu. Só ela, 70 paus de hotel por dia, meu Deus.
Já os argentinos não caem (mais) nessa. Depois de 16 anos de um populismo tão imundo quanto o nosso, eles acordaram. Elegeram Mauricio Macri para a presidência; ele chega amanhã em Brasília, em avião de carreira, com apenas três assessores; nada de hotéis, volta para seu país no mesmo dia. Americanos, idem. Obama fica sempre em bons hotéis, mas nunca em palácios opulentos como Dilma. Nem esbanja dinheiro público com frotas de limusines ou banquetes; é comum o presidente dos EUA dormir em embaixadas, economizando o dinheiro do povo. Parece que, ao norte do planeta, a razão se sobrepõe ao delírio. Aqui, continua a versão sobrepondo-se aos fatos – cada vez mais desmoralizada.