Trivium: Capítulo 4 – Termos e Seus Equivalentes (parte 1)
Alexandre Gomes - Iscas Conhecimento -Começo reforçando o que já comentei antes: PALAVRAS são símbolos criados para representar a realidade.
Um TERMO é um CONCEITO comunicado através de um SÍMBOLO.
No momento em que as PALAVRAS são usadas para comunicar um CONCEITO de realidade, tais PALAVRAS tornam-se TERMOS.
A COMUNICAÇÃO é dinâmica, e a TRANSMISSÃO de uma IDEIA de uma mente a outra, através de um meio material, PALAVRAS ou OUTROS SÍMBOLOS (desenhos, gestos…). Se o ouvinte ou o leitor recebe através da linguagem precisamente as IDEIAS que nela colocou o emissor ou o escritor, esses dois (emissor e receptor) chegaram a um acordo quanto ao SIGNIFICADO dos TERMOS.
Ou seja, a IDEIA foi TRANSMITIDA exitosa e claramente, do emissor para o receptor, sem ambiguidade.
Um TERMO difere de um CONCEITO apenas no seguinte:
TERMO é uma ideia em trânsito, por isso, é DIN MICO, um ens communicationis (ente de comunicação);
CONCEITO é uma ideia que representa a realidade de um ens mentis (ente da mente).
Percebe que o primeiro está em movimento e o segundo parado, fixado em um lugar (mente)?
Um CONCEITO é um termo potencial que se ATUALIZA quando é comunicado através de um SÍMBOLO.
Assim, um TERMO é o significado, a forma (alma) do CONTEÚDO LÓGICO DAS PALAVRAS (lembra?). As PALAVRAS são, portanto, símbolos são os MEIOS pelos quais os TERMOS são transmitidos de uma mente para outra.
Porém, nem toda PALAVRA pode simbolizar um termo lógico. Só as palavras CATEGOREMÁTICAS (substantivas e atributivas) podem fazê-lo.
Apesar de uma palavra SINCATEGOREMÁTICA não poder simbolizar um termo lógico, a situação muda quando se trata da GRAMÁTICA, as palavras SINCATECOREMÁTICAS (conjunções, preposições, determinativos) podem ser parte de um símbolo completo.
E pra não deixar você no vácuo…
Símbolo completo: deve ser um nome próprio, na descrição empírica, um nome comum ou uma descrição geral, é, portanto, o equivalente gramatical de um TERMO LÓGICO.
Um TERMO é sempre unívoco, porque é SEMPRE UM: é ele mesmo e não outro. Já o SÍMBOLO GRAMATICAL que expressa um TERMO pode ser ambíguo, pois o mesmo símbolo é capaz de expressar termos diferentes.
É daí que vêm as dificuldades das traduções de textos. Palavras em línguas diferentes normalmente são equivalentes na sua dimensão LÓGICA, mas frequentemente não o são na sua dimensão PSICOLÓGICA.
E a dificuldade de traduzir fica maior quando se trata de poesia, pois é RARO que sinônimos na mesma língua tenham EXATAMENTE o mesmo significado, quanto mais em línguas distintas. O que nos leva a buscar a ESSÊNCIA do indivíduo (seja ente ou coisa) que a palavra empregada tenta representar. Por exemplo, há várias maneiras de se descrever um quadrado; veja:
retângulo equilátero,
retângulo de lados iguais,
quadrado
A ESSÊNCIA está em cada um dos símbolos acima. E se você consegue ver a mesma imagem na sua mente quando lê os diferentes símbolos, significa que está realmente prestando atenção ao que lê.
Por exemplo… como traduzir esse trecho de Shakespeare sem perder a piada implícita
“By my life, this is my lady’s hand! These be her very C’s, her U’s, and her T’s, and thus she makes her great P’s. It is in contempt of question her hand.”
Numa tradução livre, ficaria mais ou menos assim:
“Por minha vida, essa é a letra da minha dama! Esses são exatamente os C’s dela, seus U’s e seus T’s, e isso que ela faz P’s ótimos. É desprezível contestar ser esta a mão dela.”
Porém tem um detalhezinho que nenhuma tradução será capaz de corrigir se o tradutor não entender a piada do que as letras C, U, n e T significam quando estão juntas na língua inglesa.