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Luiz Alberto Machado - Iscas Econômicas -

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 Cenários da economia brasileira

“A arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e depois explicar o porquê não aconteceu.”

Winston Churchill 

Considerações introdutórias

Convidado a ministrar palestra em comemoração ao Dia do Economista pelo Conselho Regional de Economia do Espírito Santo sobre “Cenários da economia brasileira”, minha primeira preocupação foi deixar bem claro que economia não é futurologia, como assinalado por John Kenneth Galbraith:

Todos haverão de concordar que a economia, da maneira como é praticada, preocupa-se obsessivamente com o futuro. A cada mês nos Estados Unidos, homens e mulheres reputadamente cultos e inteligentes espalham-se pela nação para apresentarem suas opiniões sobre as perspectivas econômicas, e também sobre o panorama político e social. Milhares lhes darão ouvidos. Os administradores e suas empresas pagarão caro pelo privilégio de conhecerem estas visões e, se forem sábios, tratarão os conhecimentos assim adquiridos com inteligente descrença. A qualificação mais comum dos prognosticadores econômicos não é o saber, mas sim o não saberem que nada sabem. Seu maior trunfo é que todas as previsões, certas ou erradas, são logo esquecidas. Há por demais delas e, se o lapso de tempo for suficiente, não só a memória do que foi dito terá desaparecido, como também um número apreciável daqueles que fizeram ou ouviram tais prognósticos. Como observou Keynes, “A longo prazo estaremos todos mortos”.

A não observância disso por muitos economistas, que, inadvertidamente, atiraram-se ao mercado prometendo o que não poderiam entregar foi seguramente um dos fatores que contribuíram para certa perda de prestígio da profissão.

Eduardo Giannetti referiu-se por muito tempo a esse aspecto afirmando que “a meteorologia é o consolo dos economistas”. O problema é que recentemente as previsões dos meteorologistas, graças à utilização de recursos cada vez mais sofisticados, passaram a ter um grau de acerto cada vez maior, o que não parece acontecer com as previsões dos economistas. Além disso, a mídia costuma dar muito mais destaque aos erros das previsões dos economistas do que aos erros cometidos pelos meteorologistas em suas previsões do tempo.

Embora não seja possível fazer previsões com precisão sobre o comportamento futuro das principais variáveis da economia como crescimento, inflação etc., é possível – e recomendável – a construção de cenários, o que é bem diferente.

Evolução recente da economia brasileira

Sem querer retroagir muito no tempo, vale a pena observar o desempenho recente da economia brasileira antes de partir para a construção de cenários.

Como se pode observar no gráfico 1, tanto o PIB como o PIB per capita oscilaram bastante nestes primeiros anos do século XXI, com taxas positivas na maior parte dos anos, exceção feita a 2009 (efeito da crise econômico-financeira mundial iniciada com o setor hipotecário norte-americano), 2015 e 2016 (efeito dos erros na condução da política econômica que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff).

 Gráfico 1

Evolução do PIB e do PIB per capita

Taxa (%) de crescimento anual

PIB-per-capita_graf

Fonte: IBGE

Se nos limitarmos à observação do desempenho da nossa economia em 2018, constataremos que o mercado iniciou o ano com uma expectativa de crescimento do PIB próximo de 3,0%. Porém, à medida que foi ficando claro que o governo não conseguiria aprovar as reformas que o mercado considera essenciais, em especial a da Previdência, as expectativas foram sendo reduzidas sistematicamente, como se vê no quadro 1.

Quadro 1

As expectativas do mercado 

MÊS Primeira semana Última semana
Janeiro 2,69 2,66
Fevereiro 2,70 2,89
Março 2,90 2,84
Abril 2,80 2,75
Maio 2,70 2,37
Junho 2,18 1,55
Julho 1,53 1,50
Agosto 1,50  

Fonte: Relatório Focus – Banco Central

O que ainda esperar de 2018?

Considerando (i) a influência da política sobre a economia; (ii) o quadro de acentuada incerteza eleitoral; e (iii) a certeza de que o presidente Temer não conseguiu passar ao mercado e à sociedade em geral a percepção de que foi no seu curto governo que se conseguiu reverter a profunda crise que conduziu a níveis recordes de desemprego,  parece não haver qualquer razão para a existência de expectativas favoráveis até o final do ano.

Ao contrário, minha percepção é de que não resta outra opção a não ser a de continuar empurrando com a barriga, para usar uma expressão popular. Colocando de outra forma, se não piorar já está muito bom.

E o que esperar a partir de 2019?

Vai depender, evidentemente, do resultado das eleições e da condução da política econômica por parte do novo governo. Uma coisa, porém, é certa: seja qual for o presidente eleito, terá que usar o capital político obtido com a vitória eleitoral e implementar, de imediato, ações destinadas a frear a grave ameaça fiscal, que tem caráter explosivo.

De forma bastante sucinta, creio ser possível desenhar os seguintes cenários:

Otimista

O novo presidente se elege com larga margem, utiliza o capital político para implementar as reformas mais urgentes, conquista a confiança dos agentes e o País retoma a trajetória de crescimento em níveis satisfatórios.

Pessimista

O novo presidente se elege com margem apertada, como ocorreu nas eleições passadas, não obtém capital político para adotar as reformas mais urgentes, os agentes se mantêm na defensiva e as taxas de crescimento permanecem pífias, sem oferecer possibilidades reais de recuperação da renda e do emprego.

Realista

O novo presidente se elege com uma margem razoável, obtém algum capital político, mas é forçado a difíceis negociações para implementar, no curto prazo, reformas que permitam a manutenção de taxas de crescimento inferiores ao potencial da nossa economia, mas que levem à redução gradual do desemprego.

Além disso, é preciso manter o radar ligado ao que ocorre no plano internacional, com destaque para:

  1. O avanço asiático com destaque para a China e a Índia: há algumas décadas o bom desempenho econômico da Ásia tem chamado a atenção do mundo.
  1. Os movimentos demográficos e a crescente islamização da agenda: no plano demográfico é preciso observar os fluxos migratórios decorrentes de conflitos (Síria, Iêmen) ou crises políticas (Venezuela); além disso, não se pode perder de vista a importância crescente das questões ligadas ao componente islâmico na agenda internacional, cuja importância cresceu com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 e o tipo de reação que despertou no governo de George W. Bush.
  1. As tendências da quarta revolução industrial: que tem como componentes principais:
  • Inteligência artificial (IA)
  • Robótica
  • Internet das coisas (IoT na sigla em inglês)
  • Big data
  • Veículos autônomos
  • Impressão em 3D
  • Nanotecnologia
  • Biotecnologia
  • Ciência dos materiais
  • Armazenamento de energia
  • Computação quântica

Entre as consequências dessa revolução tecnológica, chamo a atenção para as seguintes:

Na ótica da produção, como observa o economista Jorge Arbache, veremos: (i) a relevância dos efeitos rede e plataforma; (ii) a absurda consolidação no mercado digital; (iii) a comoditização digital; (iv) grande rapidez da mudança da lógica econômica; e (v) a desfragmentação da produção com aumento da desigualdade.

Na ótica da representação, segundo Octavio de Barros, que foi por muitos anos economista-chefe do Bradesco, ficará cada vez mais claro que a democracia se digitalizou, porém as instituições – sindicatos, partidos políticos etc. – permanecem analógicas; e, segundo o cientista politico Sergio Fausto, a revolução digital e toda a inovação tecnológica não apagam a necessidade de atores relevantes da democracia representativa.

Por fim, na ótica do trabalho e do emprego: (i) como ocorreu em outras revoluções tecnológicas, haverá, num primeiro momento, forte impacto no nível de emprego; (ii) diferentemente do que ocorreu na 2ª revolução tecnológica, a atual transição  digital e cognitiva favorece mais a população instruída; (iii) são tecnologias que aumentam a heterogeneidade no mercado de trabalho: e (iv) será imprescindível revolucionar a proteção social numa nova realidade em que as pessoas mudam de trabalho (não necessariamente de emprego) o tempo todo.

Concluo afirmando que mesmo não havendo razões para alimentarmos expectativas muito positivas, não há qualquer motivo para imaginar o retorno de situações caóticas semelhantes às que o Brasil viveu no final da década de 1980/início da década de 1990, quando tínhamos a perversa combinação de prolongada estagnação, inflação elevada e crise das dívidas. O gráfico 2 sintetiza cruelmente essa situação, revelando como o Brasil havia ficado para trás, em relação aos outros países da América Latina, na tentativa de debelar a inflação.

Gráfico 2

A inflação no Brasil e na América Latina em 1993

REAL-grafico

Em sua última edição de 1996, a revista Veja apresentou uma excelente matéria do saudoso jornalista Joelmir Betting, na qual ele mostrava que a inflação acumulada de 1965 a 1994, quando foi implementado o Plano Real, havia chegado à casa do quatrilhão, com variação de 1.142.332.741.811.850%.

Felizmente, se é que serve de consolo, não há qualquer indício de que estejamos na iminência de retornar a situações dessa natureza.

Iscas para ir mais fundo no assunto

Referências bibliográficas

GALBRAITH, John Kenneth. A era da incerteza. Tradução de F. R. Nickelsen Pellegrini. 6ª ed. São Paulo: Pioneira, 1984.

SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. Tradução de Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016.

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