Cafezinho 183 – Ostracismo social
Luciano Pires -Em 2013, o senador paraguaio Victor Bogado foi acusado de contratar uma babá com salário mensal equivalente a R$ 8.200. Metade saía da folha de pagamentos do Legislativo e metade do caixa da Itaipu Binacional. Quando o Ministério Público paraguaio decidiu processar o Senador, 23 de seus 45 colegas votaram contra a retirada da imunidade parlamentar, o que causou indignação nacional. E a reação popular foi ótima: o ostracismo social. Diversas empresas publicaram anúncios pedindo a renúncia dos 23 que confundiam imunidade com impunidade, e cartazes com seus nomes foram afixados na entrada de postos de gasolina, shopping centers e cinemas, informando que não eram bem-vindos. Senadores foram impedidos de entrar ou expulsos de restaurantes. Até os táxis aderiram! A pressão foi tanta que os senadores voltaram atrás e autorizaram o processo contra o criador da “babá de ouro”.
Viu que genial? “Ostracismo social”, sem precisar de radicalismos…. apenas a reação legítima da sociedade contra quem não demonstra dignidade no exercício de seu mandato, chamando-os pelos nomes que eles têm.
Contei essa história numa de minhas palestras e a reação que ouvi de várias pessoas foi a esperada: “Ah, no Brasil isso não dá certo. Ninguém vai se importar.”
Pois bem, acabamos de ter uma demonstração: seis ex-ministros da educação se reuniram para gerar um documento com sugestões sobre o que fazer com a educação brasileira, pela qual foram responsáveis nos últimos 24 anos. Cara, eu teria vergonha no lugar deles, mas não, os seis foram paparicados, ganharam destaque na imprensa. Um deles, Cristóvão Buarque, disse “Estamos tentando dar nossa contribuição para que a marcha das últimas décadas não seja interrompida, mas, sim, acelerada.” Que marcha, cara pálida? Para o abismo, é? O projeto de vocês não deu certo, não funcionou, não pode ser acelerado, tem de ser mudado. Radicalmente.
Mas olhando os jornais e tevês, parece que estamos inertes, esquecemos tudo! Desconhecemos o ostracismo social e trazemos essas múmias de volta. Se queremos botar ordem na bagunça, temos que apontar os responsáveis, dizer seus nomes em voz alta, pregar um cartaz com suas fotos na porta de entrada, chamá-los pelo que são de verdade: no caso dos ex-ministros da educação, no mínimo de incompetentes.
Ostracismo social é o nome do jogo. Até para quem não tem vergonha.
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